São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2000

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Presidente sabia da mudança do nome

KENNEDY ALENCAR
WILLIAM FRANÇA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso sabia que a direção da Petrobras planejava a mudança do nome da estatal para PetroBrax.
O presidente deu sinal verde à operação, mas foi surpreendido pelo anúncio oficial da troca e determinou ontem o cancelamento da alteração após a reação negativa da opinião pública e dos políticos.
Segundo a Folha apurou, o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, apresentou a Fernando Henrique Cardoso no último dia 18 um plano de mudança do nome da estatal e uma pesquisa de opinião pública aprovando a substituição. Reichstul teria recebido autorização verbal para realizar a troca.

Audiência
Em audiência no Palácio do Planalto com o presidente Fernando Henrique Cardoso, com o diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, e com os ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), Reichstul mostrou o plano de substituição do nome.
Nessa reunião, Parente foi o mais entusiasmado defensor da alteração. O presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou, mas pediu que fosse feita uma preparação política antes do anúncio oficial. Leia-se: falar com lideranças governistas no Congresso e explicar as razões empresariais que justificariam a mudança da logomarca da empresa.

Pressa demais
Mas o roteiro falhou e o anúncio foi feito sem aviso ao presidente. Como a repercussão foi negativa na opinião pública, na base de apoio parlamentar e na oposição, Fernando Henrique Cardoso optou ontem de manhã por voltar atrás e transmitiu a Reichstul a orientação para enterrar definitivamente a troca do nome da empresa.
A Folha apurou que Andrea Matarazzo (secretário de Comunicação e homem que cuida da publicidade do governo) também foi pego de surpresa e, ontem, apesar da boa relação pessoal que tem com Reichstul, foi um dos defensores do cancelamento da troca, apesar de, nos bastidores, considerar que havia sentido comercial na operação.

Demissão
No Planalto, avalia-se que Alexandre Machado, consultor de comunicação da presidência da Petrobras e pai da idéia de mudar o nome da empresa para Petrobrax, deveria ser demitido por ter anunciado a troca. Machado foi quem entrou em contato com a empresa que fez a proposta de troca do nome.
A operação ficou sob sua responsabilidade, e não contou com a participação das três agências de publicidade que servem a empresa. As agências Propeg, DPZ e Contemporânea também foram pegas de surpresa. Souberam da operação Petrobrax pela imprensa.


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