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São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2003

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FRAUDES DO CAPITAL

Advogado de Calisto Tanzi, preso no sábado, admite que houve contabilização de ativos inexistentes

Dono da Parmalat depõe e nega desfalque

27.dez.03/Associated Press
Calisto Tanzi é levado, no sábado, para presídio em Milão


DA REDAÇÃO

Depois de ter sido preso no último sábado, Calisto Tanzi, 65, fundador da Parmalat, depôs ontem por seis horas e meia em um presídio de Milão, no inquérito no qual é acusado de fraude e apropriação indevida de centenas de milhões de euros.
Tanzi negou que tenha desviado recursos da empresa. Segundo o jornal "Corriere della Sera", o de maior circulação na Itália, o empresário disse que retirou no máximo "1 milhão de liras" da Parmalat para despesas pessoais, valor equivalente a 520.
Ao deixar o presídio, Michele Ributti, um dos advogados de Tanzi, repetiu que não houve desfalque. Mas admitiu a ocorrência de irregularidades contábeis. "Nenhum dinheiro desapareceu. Havia apenas ativos não-existentes [no balanço da empresa]."
Ontem, no entanto, o "Corriere della Sera" afirmou que existe a suspeita de que Tanzi tenha desviado 500 milhões da Parmalat. Outro periódico italiano, o "La Repubblica", disse que o desfalque feito pela família Tanzi pode superar 1,7 bilhão.
Tanzi foi preso pela polícia italiana no sábado para ser interrogado. Ele revelou que antes da detenção esteve em Portugal e em um país da América Latina.
Inicialmente, a prisão seria por 48 horas, mas o prazo foi estendido ontem por um juiz de Milão, a pedido dos promotores que investigam o caso.
Mas o prazo de 48 horas continua valendo para que os investigadores confirmem a prisão, concedam a possibilidade de Tanzi ser libertado sob fiança ou peçam a sua prisão domiciliar.
O interrogatório de Tanzi deverá continuar hoje. Até agora, o fundador da Parmalat não recebeu nenhuma acusação formal. Fabio Belloni, outro de seus advogados, disse que seu cliente vive "um momento muito difícil.
Segundo os jornais italianos, Tanzi afirmou no interrogatório que foi procurado antes do escândalo por um investidor disposto a colocar 3,7 bilhões na Parmalat, o que salvaria a empresa. O nome do investidor não foi revelado.

Insolvência
Tanzi fundou a Parmalat em 1961 e era considerado um dos empresários mais bem sucedidos da Itália. Ele transformou uma pequena empresa familiar em uma multinacional que emprega cerca de 35 mil pessoas.
No último sábado, um tribunal de Parma decretou a insolvência da Parmalat. Com essa decisão, a empresa poderá continuar pagando seus empregados e os produtores de leite e, com isso, seguir funcionando, enquanto é resolvida a questão de suas dívidas.
O escândalo da Parmalat estourou no último dia 19 quando, depois de já ter tido problemas para cumprir com obrigações financeiras ao longo do mês, a empresa soltou uma bomba no mercado ao revelar um rombo de 3,95 bilhões em suas contas.
Os investigadores do caso afirmaram, posteriormente, que o buraco no balanço da empresa pode ultrapassar 10 bilhões.
Além de Tanzi, outras 19 pessoas estão sendo investigadas pelas autoridades italianas. Entre elas, estão antigos e atuais funcionários e auditores externos.



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