São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

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Reservas internacionais chegam a US$ 60 bi, maior nível desde 1998

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A atuação do Banco Central comprando dólares nos últimos meses não só evitou uma queda mais brusca da moeda como elevou a US$ 60 bilhões o total das reservas internacionais do país, uma espécie de poupança para honrar compromissos externos.
É o nível mais alto desde 1998, quando o Brasil tinha um regime de câmbio fixo e era obrigado a manter um volume de reservas alto para garantir que a cotação do real em relação ao dólar ficaria dentro do intervalo fixado.
Desde janeiro de 1999, quando o BC adotou o regime de câmbio flutuante, as reservas foram reduzidas sob o argumento de que, sem a necessidade de sustentar a cotação do dólar, era muito caro manter poupança tão elevada.
A partir daí, o valor da moeda americana passou a ser definido de acordo com o total de dólares que entra e sai do país. Em abril de 2000, o saldo das reservas chegou a um dos níveis mais baixos dos últimos anos: US$ 28 bilhões.
Agora, o governo volta a acumular reservas. O fluxo de ingresso de dólares na economia por conta do aumento das exportações tem obrigado o BC a intervir no câmbio para evitar que a cotação caia muito. O atual nível, em torno de R$ 2,3, tem sido alvo de críticas do setor produtivo e do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Eles alegam que esse patamar reduz a competitividade das exportações.
Além do BC, o Tesouro Nacional também tem comprado volume expressivo de dólares para quitar diretamente suas dívidas, sem retirar dinheiro das reservas. Em 2006, o Tesouro irá pagar dívida externa de US$ 11,5 bilhões com dólares adquiridos integralmente no mercado. Com isso, apesar de o BC negar, o governo tenta segurar a cotação da moeda.
Até ontem, o Tesouro já havia adquirido US$ 5,646 bilhões desse total. Isso corresponde a 75% dos vencimentos previstos para o primeiro semestre de 2006. Foi por conta desse excesso de dólares na economia e do volume elevado de reservas que o governo decidiu quitar antecipadamente sua dívida com o FMI e o Clube de Paris.
Além das exportações, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos no país também elevam o total de dólares na economia. Em 2006, o BC estima que esses investimentos somarão US$ 15 bilhões, valor inferior aos US$ 16 bilhões previstos anteriormente.
Segundo o diretor de Política Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, a entrada de investimentos estrangeiros diretos em 2005 somavam US$ 14,98 bilhões até a última terça-feira. Esses recursos são necessários para suprir a falta de poupança interna que deveria ser destinada à realização dos investimentos que permitirão o Brasil aumentar seu potencial de crescimento. A crise política e o fraco desempenho da economia tem afetado as decisões de investimento dos empresários, mas ainda assim, o diretor acredita que será possível reverter essa situação em 2006. (SDA)


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