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Reservas internacionais chegam a US$ 60 bi, maior nível desde 1998
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atuação do Banco Central
comprando dólares nos últimos
meses não só evitou uma queda
mais brusca da moeda como elevou a US$ 60 bilhões o total das
reservas internacionais do país,
uma espécie de poupança para
honrar compromissos externos.
É o nível mais alto desde 1998,
quando o Brasil tinha um regime
de câmbio fixo e era obrigado a
manter um volume de reservas alto para garantir que a cotação do
real em relação ao dólar ficaria
dentro do intervalo fixado.
Desde janeiro de 1999, quando o
BC adotou o regime de câmbio
flutuante, as reservas foram reduzidas sob o argumento de que,
sem a necessidade de sustentar a
cotação do dólar, era muito caro
manter poupança tão elevada.
A partir daí, o valor da moeda
americana passou a ser definido
de acordo com o total de dólares
que entra e sai do país. Em abril de
2000, o saldo das reservas chegou
a um dos níveis mais baixos dos
últimos anos: US$ 28 bilhões.
Agora, o governo volta a acumular reservas. O fluxo de ingresso de dólares na economia por
conta do aumento das exportações tem obrigado o BC a intervir
no câmbio para evitar que a cotação caia muito. O atual nível, em
torno de R$ 2,3, tem sido alvo de
críticas do setor produtivo e do
ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan. Eles alegam que esse patamar reduz a
competitividade das exportações.
Além do BC, o Tesouro Nacional também tem comprado volume expressivo de dólares para
quitar diretamente suas dívidas,
sem retirar dinheiro das reservas.
Em 2006, o Tesouro irá pagar dívida externa de US$ 11,5 bilhões
com dólares adquiridos integralmente no mercado. Com isso,
apesar de o BC negar, o governo
tenta segurar a cotação da moeda.
Até ontem, o Tesouro já havia
adquirido US$ 5,646 bilhões desse
total. Isso corresponde a 75% dos
vencimentos previstos para o primeiro semestre de 2006. Foi por
conta desse excesso de dólares na
economia e do volume elevado de
reservas que o governo decidiu
quitar antecipadamente sua dívida com o FMI e o Clube de Paris.
Além das exportações, o ingresso de investimentos estrangeiros
diretos no país também elevam o
total de dólares na economia. Em
2006, o BC estima que esses investimentos somarão US$ 15 bilhões,
valor inferior aos US$ 16 bilhões
previstos anteriormente.
Segundo o diretor de Política
Econômica do BC, Afonso Bevilaqua, a entrada de investimentos
estrangeiros diretos em 2005 somavam US$ 14,98 bilhões até a última terça-feira. Esses recursos
são necessários para suprir a falta
de poupança interna que deveria
ser destinada à realização dos investimentos que permitirão o
Brasil aumentar seu potencial de
crescimento. A crise política e o
fraco desempenho da economia
tem afetado as decisões de investimento dos empresários, mas ainda assim, o diretor acredita que
será possível reverter essa situação em 2006.
(SDA)
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