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Setor financeiro é o mais autuado pelo fisco
Bancos, seguradoras e cooperativas de crédito são autuados em R$ 25,3 bi em 2007, o que inclui impostos devidos, multa e juros
Receita evita falar em sonegação e cita "potencial
evasão fiscal'; Febraban diz que setor cumpre as
obrigações tributárias
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal multou, no
ano passado, 522 mil pessoas físicas e jurídicas por evasão fiscal, como sonegação de impostos, erros e omissões nas declarações de Imposto de Renda.
Alvo do aumento de tributos
anunciado no início do ano pelo
governo, as instituições financeiras foram apontadas como
as que mais praticaram evasão
fiscal em 2007. Bancos, seguradoras, cooperativas de crédito e
outras empresas do ramo foram autuadas em R$ 25,3 bilhões, o que inclui os impostos
devidos, multa e juros.
O total de autuações da Receita, incluindo empresas e
pessoas físicas, gerou crédito
tributário para o governo de R$
108 bilhões, um aumento de
42% ante o apurado em 2006.
O secretário da Receita, Jorge Rachid, ressaltou o papel fiscalizador da CPMF -que deixou de ser cobrada neste mês.
Mas o resultado da fiscalização
no ano mostrou que, sem o tributo, o governo teria conseguido 80% do crédito tributário
obtido em 2007. A fiscalização
da CPMF permitiu que 2.000
pessoas físicas e jurídicas fossem multadas, gerando crédito
tributário de R$ 21 bilhões.
O crédito tributário ainda
não representa aumento de arrecadação do governo. Os autuados podem recorrer na Justiça e no âmbito administrativo
da Receita. Rachid admitiu que,
historicamente, só 30% pagam
o débito sem recorrer. Ele citou
que, nos últimos anos, 10% dos
que foram multados conseguiram provar que a autuação da
Receita era improcedente.
Rachid evitou falar em sonegação fiscal, principalmente
quando questionado sobre os
impostos que os bancos deixaram de pagar. Cauteloso, chegou a citar diversas vezes que os
dados apresentados eram de
"potencial evasão fiscal". Isso
porque os processos ainda não
foram julgados na Justiça e,
portanto, não podem ser considerados como concluídos.
"Não houve comprovação de
fraude em boa parte das irregularidades. A maioria eu não diria que foi sonegação porque isso é crime e a Receita tem que
provar a má-fé. Por isso, chamamos de evasão tributária."
Os principais tributos que
deixaram de ser pagos e provocaram as autuações da Receita
foram o IR e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota subiu de
9% para 15% somente para o
setor financeiro neste ano.
Questionada via assessoria, a
Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) diz, em nota,
que evasão fiscal é um conceito
"genérico", que "induz a erros
na avaliação da conduta do setor financeiro, que se pauta pelo estrito cumprimento de suas
obrigações tributárias".
Na nota, a entidade admite
que desconhece os dados de fiscalização, mas informou que "o
valor divulgado como referente
ao exercício de 2007, de R$ 25,3
bilhões, é incompatível com os
valores discutidos atualmente
pelo setor financeiro".
De todas as autuações realizadas, a evasão de contribuições previdenciárias provocou
o maior número de empresas e
pessoas físicas multadas no ano
passado, o que gerou um crédito de R$ 19,4 bilhões.
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