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FMI reduz previsão de crescimento global
Mas Fundo mantém expectativa anterior à crise para América Latina, principalmente por causa das commodities, e China
Ele volta a descartar recessão nos EUA e projeta expansão mundial de 4,1% em 2008, com emergentes atenuando a desaceleração global
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) revisou para
baixo a expectativa de crescimento mundial em 2008 e espera agora uma desaceleração
em quase todas as regiões do
globo. Mas o Fundo voltou a
descartar ontem uma recessão
nos Estados Unidos.
As principais exceções a um
desaquecimento global mais
forte, segundo o FMI, serão a
América Latina, que concentra
vários países produtores de
commodities minerais e agrícolas, e a China.
Para a América Latina, as
previsões feitas em outubro,
antes do início da atual crise financeira, foram mantidas.
Além disso, o Fundo aumentou
em 0,5 ponto percentual, para
5,4%, o crescimento projetado
entre os latino-americanos ao
longo de 2007.
Em divulgação extraordinária diante da recente crise nos
mercados, o Fundo apresentou
ontem em conferência pela internet revisões de dois de seus
principais relatórios globais.
No "Panorama Econômico
Mundial" previu um crescimento global de 4,1% neste ano,
0,3 ponto percentual menor do
que projeção feita em outubro e
abaixo dos 4,9% estimados para 2007. Se o FMI acertar, será
a primeira vez em cinco anos
que o crescimento da economia
global cairá da casa dos 5%.
Os EUA puxarão a desaceleração. Segundo o FMI, a maior
economia do mundo está "girando" neste momento em um
ritmo de 0,8% apenas. Há um
ano, os EUA "rodavam" em um
ritmo anualizado de 2,6%.
Mesmo assim, a estimativa é
que o país cresça 1,5% em 2008,
graças principalmente ao "rescaldo" do crescimento de 2007,
estimado em 2,2%.
No relatório de ontem, o
Fundo reduziu em 0,4 ponto
percentual a expectativa de
crescimento norte-americano.
Para a zona do euro, o corte foi
maior, de 0,5 ponto, encolhendo a projeção de crescimento
na região para 1,6% em 2008.
Apenas a América Latina e a
China tiveram mantidas as expectativas de crescimento realizadas em outubro, antes da
crise nos mercados. Para os
países latino-americanos, permanece a projeção de 4,3% em
2008, e, para a China, de 10%.
Sem descolamento
Sem citar especificamente
nenhum país latino-americanos, Simon Johnson, economista-chefe do FMI, disse que
economias produtoras de commodities tendem a ir melhor na
atual crise. Ele elogiou também
a melhora nos " fundamentos
econômicos" de vários países
da região. Mas frisou que ninguém está imune a uma piora
do cenário nos EUA.
"Notícias e comentários a
respeito de um descolamento
[de alguns países em relação
aos EUA] têm sido extremamente exagerados. Ninguém
está imune a um desaquecimento global", disse.
Durante a atualização de outro documento, o "Relatório sobre a Estabilidade Financeira
Global", o economista do FMI
Jaime Caruana afirmou que os
países latino-americanos correm menos riscos de serem
contaminados pela atual crise
de crédito nos EUA.
Segundo ele, o sistema financeiro na região hoje é sólido e
não estaria exposto a um eventual contágio a partir dos bancos americanos.
Para Caruana, o maior risco
no horizonte latino-americano
seria que um desaquecimento
mais forte derrubasse as exportações da região para os EUA. O
FMI, porém, descartou a ocorrência de uma recessão na
maior economia do mundo.
Caruana afirmou ainda que,
do ponto de vista dos mercados
financeiros (que vivem dias de
forte volatilidade), "boa parte
do ajuste já ocorreu".
Emergentes à frente
Embora tenham individualmente peso relativo menor do
que o das economias avançadas, os emergentes, segundo o
FMI, devem compensar parte
do desaquecimento nos EUA,
na zona do euro e no Japão.
"A despeito de alguma desaceleração no ritmo das exportações, os mercados emergentes e economias em desenvolvimento continuam a se expandir fortemente, liderados por
China e Índia", diz o FMI.
Mesmo para a África, que
vem se consolidando como importante produtor de commodities destinadas à China, as
previsões realizadas em outubro foram mantidas. Para a região, o FMI projeta um crescimento de 7% em 2008, acima
dos 6% de 2007.
O FMI ressalta que muitos
emergentes também crescem
hoje mais apoiados na demanda doméstica (caso do Brasil) e
que isso tende a atenuar os efeitos do desaquecimento nas
economias mais avançadas.
Para o Fundo, a desaceleração entre as maiores economias do mundo tende a reduzir
o risco de inflação. Para os
emergentes, porém, o FMI diz
que o controle dos preços permanece "um grande desafio".
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