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Planalto prepara incentivos à exportação
Após recuar de bloqueio a importações, governo planeja elevar vendas externas para conter déficit na balança comercial
Primeira medida é ampliar prazo de pagamento de empréstimos lastreados nos dólares que exportadores receberiam após vendas
LEANDRA PERES
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de recuar na decisão
de impor limites às importações, o governo trabalha agora
para conter o déficit na balança
comercial por meio de incentivos às exportações. As medidas
deverão incluir melhoras nas
condições de financiamento
para ampliar a competitividade
das empresas brasileiras no exterior e benefícios fiscais que já
foram pedidos pelo Ministério
do Desenvolvimento.
Ontem, o CMN (Conselho
Monetário Nacional) tomou a
primeira decisão nesse sentido.
Os exportadores que pegaram
empréstimos baseados nos dólares que receberiam em suas
vendas externas, os chamados
ACCs, e tiveram encomendas
canceladas terão pelo menos
mais um ano para quitar o financiamento. O governo espera que, com o novo prazo até janeiro de 2010, o exportador
consiga achar outro comprador, faça o embarque e receba
os dólares para pagar ao banco.
"Dados a crise mundial e o
problema com países importadores, as empresas brasileiras
estão enfrentando problemas.
Isso vai dar mais fôlego para os
exportadores continuarem
com crédito e conseguirem fechar seus negócios", disse José
Maria Carvalho, consultor da
gerência de Normatização de
Câmbio e Capital Estrangeiro
do Banco Central.
Pelas regras atuais, se o exportador que assina um contrato de câmbio com um banco
não embarca a mercadoria em
360 dias, a operação financeira
é cancelada e a empresa tem de
arcar com os custos da transação. Com a mudança aprovada
ontem, quem já tem contrato
assinado terá até 31 de janeiro
do ano que vem para embarcar
seus produtos.
Com a medida, o exportador
ganhou automaticamente mais
tempo para liquidar seu contrato com a instituição financeira, que era de até 750 dias (já
inclusos os 360 dias para embarque). O contrato agora pode
ser encerrado até fevereiro de
2011. Como o exportador ficará
mais tempo com o crédito disponível, também pagará mais
aos bancos.
Segundo Carvalho, o governo
não tem notícia de nenhum
contrato de câmbio que tenha
sido cancelado por conta do
término dos prazos legais. Ele
afirmou, no entanto, que o setor exportador está preocupado e apresentou a demanda ao
governo.
Balança
O incentivo às exportações já
vinha sendo tratado nas reuniões no Palácio do Planalto na
semana passada, que discutiram a piora no resultado da balança comercial, mas acabou
atropelado pela decisão de restringir as importações por meio
da licença prévia.
A Folha apurou que a definição de outros incentivos e desonerações deverá ser feita
quando o governo tiver projeções mais confiáveis sobre a
queda da arrecadação em
2009. A avaliação é que isso
não deve prejudicar as vendas
externas brasileiras porque o
pico nas exportações começa
no segundo trimestre, com a
safra agrícola.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, já apresentou à Fazenda pelo menos
duas medidas de desoneração
que ainda não foram analisadas. Uma delas é a inclusão do
agronegócio entre os setores
que podem comprar insumos
no mercado interno sem a cobrança de impostos.
A outra é a ampliação da desoneração tributária nas ações
de promoção comercial, como
feiras no exterior.
Nas conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o ministro Guido Mantega (Fazenda) já previu uma piora significativa no resultado da balança comercial não só em janeiro mas também em fevereiro. Até o dia 23, as exportações
somavam US$ 7,547 bilhões, e
as importações, US$ 8,192 bilhões, com saldo negativo de
US$ 645 milhões.
Os primeiros meses do ano
geralmente registram saldos
comerciais baixos, mas em
2009 esse efeito deverá ser ainda maior devido à crise financeira mundial.
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