São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Indústria teve no final de 2008 o pior trimestre em 10 anos, diz CNI

Previsões são ruins para o semestre, indica levantamento da confederação

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O período de outubro a dezembro passado foi o pior trimestre desde 1999, segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Há dez anos os indicadores que medem produção e emprego não ficavam tão baixos. As expectativas dos empresários para os próximos seis meses também são as piores na década. Foram pesquisadas 1.407 empresas, de 5 a 26 de janeiro.
Na avaliação da CNI, a crise teve impacto muito rápido no país, afetando primeiramente as grandes empresas. Agora, nos próximos meses, a crise deverá chegar às pequenas e às médias. "Como a crise veio de fora, entrou pelas grandes empresas, que são exportadoras. Agora, vai afetar as pequenas e as médias, fornecedoras das grandes", disse o economista Renato Fonseca, da CNI.
O indicador de produção da pesquisa realizada pela CNI ficou em 40,8 no quarto trimestre de 2008. Pelos critérios do levantamento, números inferiores a 50, nesse item, indicam que houve redução na produção. No último trimestre de 2007, o indicador estava em 59, apontando alta de produção. Para o item trabalho, ficou em 44 no último trimestre do ano passado (redução de emprego), ante 54,9 (aumento) no mesmo período de 2007.
As perspectivas para o primeiro semestre também são ruins. A maioria dos empresários ouvidos avalia que a demanda por seus produtos cairá nos próximos seis meses -o índice ficou em 39,7, ante 59,4 na pesquisa de janeiro de 2008. Índice inferior a 50 significa expectativa de queda de demanda, e superior, aumento.

Principais problemas
Entre os principais problemas apontados pelas grandes empresas, a falta de demanda apareceu em segundo lugar (abaixo da alta carga tributária, sempre em primeiro). Na pesquisa feita no terceiro trimestre do ano passado, essa preocupação aparecia apenas em sétimo lugar.
Com menos demanda, a perspectiva para os próximos seis meses continua sendo de redução nos postos de trabalho. O índice para número de empregados ficou em 40,5, ante 53 na pesquisa feita em janeiro do ano passado. Índice inferior a 50 indica redução de emprego e superior, aumento de vagas.
Em dezembro, o mercado formal de trabalho registrou seu pior desempenho nos últimos dez anos. Foram fechadas em todo o país 654.946 vagas com carteira assinada. As demissões foram mais fortes na indústria de transformação, que perdeu 273.240 vagas.
A pesquisa da CNI também detectou aumento na dificuldade de acesso ao crédito. O índice aferido ficou em 32,4, ante 47,6 no último trimestre de 2007. Nesse item, resultados superiores a 50 indicam facilidade de acesso ao crédito, enquanto que índices inferiores mostram dificuldade.


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