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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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RECESSÃO

Recaída dos EUA ganha contornos de catástrofe

DE NOVA YORK

A bolsa de apostas sobre a recessão americana é especialmente mórbida porque uma recaída do país, neste momento, poderia ter consequências desastrosas.
Primeiro porque os EUA, produtores de um terço da riqueza do mundo, têm hoje o papel de locomotiva do planeta reforçado pelo fato de que Japão e Europa não têm conseguido engatar adequadamente suas economias.
Só que o país não está muito equipado para combatê-la, o que aumenta a sombra sobre o crescimento global neste ano.
O governo americano, que já deveria ter em 2003 déficit recorde (estimado inicialmente em mais de US$ 300 bilhões), ainda teve que pedir mais verba ao Congresso na semana passada para pagar sua nova dívida, a da guerra. E não deverá ter mais dinheiro dos contribuintes para tapar o rombo, até porque já anunciou um plano de cortes nos impostos.
O principal instrumento da política monetária, a taxa de juros, está gasto como havia tempos não se via -hoje é de 1,25% ao ano, a mais baixa desde 1961. Para o Fed, o banco central americano, sobrou o desafio de não cair na armadilha que engoliu o Japão: baixar os juros até deixá-los negativos sem ver a economia crescer.
Mas é no ponto que mais diretamente afeta a população que uma recessão neste momento poderia se transformar em catástrofe para economia americana.
O desemprego, em 5,8% da força de trabalho, é mais alto que o existente no início das recessões dos últimos 20 anos.
O índice, aliás, deve subir neste ano mesmo que o cenário melhore. "Não há muita dúvida de que é preciso crescer entre 3% e 3,5% para manter o nível de emprego", diz Victor Zarnowitz, professor e membro do Conference Board, um número que, ele ressalta, não deverá se concretizar.
Recair em recessão pouco tempo após sair de outra, mostra a história, pode significar uma crise maior que na primeira vez. Isso aconteceu na virada de 1981 para 1982, a última vez em que os EUA registraram o "double dip", como é chamado esse tipo de situação -pela análise tradicional, recessão é ter dois trimestres seguidos de queda no PIB, embora alguns economistas usem uma cesta de indicadores. (RD)

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