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LUÍS NASSIF
A nova política industrial
Com o lançamento oficial da
nova política industrial, é
importante conhecer os conceitos
por trás das propostas. Sempre
lembrando que, do conceito à
ação, pode ir o trabalho de uma
geração.
Uma das grandes dificuldades
de definir a política foi a ausência
de trabalhos significativos sobre o
tema na área acadêmica. A Câmara de Política Econômica
criou um grupo para pensar o
longo prazo, enquanto os ministérios desenvolveram seus próprios estudos, com uma visão
mais imediata.
Isso levou a diferentes enfoques,
embora às vezes conduzindo a
conclusões semelhantes. Foi o caso dos semicondutores, setor incluído como prioritário, que muitos especialistas consideram um
barco que o país já perdeu, pois a
produção mundial se concentrou
em poucos fabricantes trabalhando com escalas gigantescas.
No MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) o enfoque era
mais para a substituição de importações e/ou aumento de exportações. Na comissão propriamente dita, o argumento era preparar o país para entrar nas novas ondas tecnológicas que estarão em voga em dez anos. Para
tanto, seria importante o domínio sobre a fabricação de semicondutores. Segundo os formuladores do programa, todos os países avançados do mundo têm sua
Comissão Especial de Semicondutores, para trabalhar áreas de
ponta, não os semicondutores em
si, hoje commodities, mas os semidedicados, com funções especialistas.
A parte mais relevante do trabalho, até agora, foi ter constatado que o Brasil é o único país
emergente com padrão científico
similar ao das grandes potências
-guardadas as devidas proporções. Por exemplo, a China tem
picos avançados, como estação
orbital, bomba atômica. Mas não
tem um espectro de pesquisa básica tão amplo como o país.
O grande desafio é como transformar a pesquisa básica em aplicada. Antes do Projeto Genoma,
se dizia que investir em biotecnologia era atraso. A Fapesp bancou, uma tropa de biogeneticistas
saiu a campo, e o país passou a
dominar a área. O desafio da política industrial será transformar
a capacidade dispersa em tecnologia, propriedade intelectual e
propriedade industrial.
É nesse contexto que surgiu a
idéia da criação do grande instituto -apelidado de Embrapa
Industrial-, com a missão de articular as pesquisas dos institutos
existentes. A idéia é uma empresa enxuta, mas com bala na agulha (verbas), para estimular vigorosamente o processo de inovação e garantir a gestão de processos relevantes, em parceria com
iniciativa privada e instituições
públicas.
Um dos exemplos é o Inmetro
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial). Ele foi criado na época do Acordo Nuclear exclusivamente para trabalhar com metrologia. Anos atrás, por meio do
Projeto Jornada, o Inmetro logrou fazer aferição do metro (medida) com 12 dígitos de precisão.
Se se der a ele a missão de pesquisa, também, poderá dar um salto.
A idéia é que esse instituto quebre a fragmentação atual da pesquisa, podendo manipular instrumentos de política industrial.
Hoje em dia, qualquer decisão de
política industrial precisa passar
por cinco ministérios.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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