São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CURTO-CIRCUITO

Queda é atribuída a valor considerado baixo pago pelo consórcio Rio Minas Energia pelo controle da empresa

Ações da Light caem 19,6% após venda

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As ações ON da Light caíram 19,58% ontem após a venda de 79,57% do capital da empresa para o consórcio Rio Minas Energia Participações, formado por Cemig, Andrade Gutierrez, Pactual Energia Participações e fundo de investimento JLA Participações.
Segundo analistas, a queda foi motivada pelo valor da venda, de US$ 319,81 milhões, abaixo do esperado pelo mercado.
O futuro presidente da Light, José Luiz Alquéres, afirmou que a proposta do consórcio levou em conta a situação da companhia, incluindo dívidas e contingenciamentos. A dívida líquida soma R$ 3,5 bilhões.
O contingenciamento incluía desde ações de consumidores até dívidas trabalhistas. As ações da empresa haviam subido fortemente antes da venda em razão da especulação sobre a oferta aos acionistas minoritários.
O consórcio vai realizar oferta pública de aquisição das ações que pulverizadas no mercado. Há uma cláusula contratual que estende os ganhos dos controladores aos demais acionistas ("tag along"), mas o preço é pouco atraente e a expectativa é de que não haja adesão.
Segundo o analista de energia do Banif Investment Banking André Segadilha, o preço de venda representa R$ 6,75 por lote de mil ações. Mesmo após a queda de quase 20% ontem, as ações da Light fecharam cotadas a R$ 14,86 por lote de mil. Na véspera, elas já haviam caído mais de 9% com especulações sobre o preço.

Investimentos
O futuro presidente da Light, que deve assumir dentro de 60 dias, anunciou ontem que pretende aumentar os investimentos da companhia de 20% a 30%. A previsão anterior da distribuidora era de investimentos da ordem de R$ 300 milhões para este ano.
Segundo Alquéres, Light e Cemig vão atuar separadamente. "A Light vai ser totalmente independente. Nossa preocupação é torná-la o mais eficiente possível."
A companhia terá um Conselho de Acompanhamento, compromisso que fez parte da proposta de aquisição, do qual farão parte um representante do governo do Estado do Rio de Janeiro e representantes da sociedade, como o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Olavo Monteiro de Carvalho.
Segundo Alquéres, a companhia pretende convidar o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, um dos concorrentes na disputa pelo controle da companhia por meio do grupo Energia do Rio, para participar. O conselho não terá poder de decisão.
Segundo Alquéres, a fórmula para combater as perdas da companhia será focada em aperfeiçoamento tecnológico, conscientização do mercado consumidor e articulação institucional com outras concessionárias. "Não há razão para o Rio ter 24% de perdas e São Paulo, 10%. O carioca é tão honesto quanto o paulista", disse.
Os novos donos da Light não pretendem cortar funcionários. Segundo Alquéres, que já foi diretor da distribuidora, a melhor qualidade da Light é contar com quadro de funcionários experiente. Cerca de 70% dos funcionários têm mais de 40 anos.
Erros de gestão no passado levaram a Light a reagir de maneira lenta às mudanças do setor. O racionamento de energia contribuiu para aprofundar a crise.
A venda da companhia precisa ser aprovada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Fontes do setor afirmam que os franceses já contam com a percepção favorável de ambos.


Texto Anterior: Disputa: Ex-dono da Bombril ganha direito a voto
Próximo Texto: Energia: Relações com a Bolívia preocupam Petrobras
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.