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CURTO-CIRCUITO
Queda é atribuída a valor considerado baixo pago pelo consórcio Rio Minas Energia pelo controle da empresa
Ações da Light caem 19,6% após venda
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As ações ON da Light caíram
19,58% ontem após a venda de
79,57% do capital da empresa para o consórcio Rio Minas Energia
Participações, formado por Cemig, Andrade Gutierrez, Pactual
Energia Participações e fundo de
investimento JLA Participações.
Segundo analistas, a queda foi
motivada pelo valor da venda, de
US$ 319,81 milhões, abaixo do esperado pelo mercado.
O futuro presidente da Light, José Luiz Alquéres, afirmou que a
proposta do consórcio levou em
conta a situação da companhia,
incluindo dívidas e contingenciamentos. A dívida líquida soma
R$ 3,5 bilhões.
O contingenciamento incluía
desde ações de consumidores até
dívidas trabalhistas. As ações da
empresa haviam subido fortemente antes da venda em razão da
especulação sobre a oferta aos
acionistas minoritários.
O consórcio vai realizar oferta
pública de aquisição das ações
que pulverizadas no mercado. Há
uma cláusula contratual que estende os ganhos dos controladores aos demais acionistas ("tag
along"), mas o preço é pouco
atraente e a expectativa é de que
não haja adesão.
Segundo o analista de energia
do Banif Investment Banking André Segadilha, o preço de venda
representa R$ 6,75 por lote de mil
ações. Mesmo após a queda de
quase 20% ontem, as ações da
Light fecharam cotadas a R$ 14,86
por lote de mil. Na véspera, elas já
haviam caído mais de 9% com especulações sobre o preço.
Investimentos
O futuro presidente da Light,
que deve assumir dentro de 60
dias, anunciou ontem que pretende aumentar os investimentos da
companhia de 20% a 30%. A previsão anterior da distribuidora
era de investimentos da ordem de
R$ 300 milhões para este ano.
Segundo Alquéres, Light e Cemig vão atuar separadamente. "A
Light vai ser totalmente independente. Nossa preocupação é torná-la o mais eficiente possível."
A companhia terá um Conselho
de Acompanhamento, compromisso que fez parte da proposta
de aquisição, do qual farão parte
um representante do governo do
Estado do Rio de Janeiro e representantes da sociedade, como o
presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Olavo
Monteiro de Carvalho.
Segundo Alquéres, a companhia pretende convidar o presidente da Firjan (Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugenio Gouvêa
Vieira, um dos concorrentes na
disputa pelo controle da companhia por meio do grupo Energia
do Rio, para participar. O conselho não terá poder de decisão.
Segundo Alquéres, a fórmula
para combater as perdas da companhia será focada em aperfeiçoamento tecnológico, conscientização do mercado consumidor e articulação institucional com outras
concessionárias. "Não há razão
para o Rio ter 24% de perdas e São
Paulo, 10%. O carioca é tão honesto quanto o paulista", disse.
Os novos donos da Light não
pretendem cortar funcionários.
Segundo Alquéres, que já foi diretor da distribuidora, a melhor
qualidade da Light é contar com
quadro de funcionários experiente. Cerca de 70% dos funcionários
têm mais de 40 anos.
Erros de gestão no passado levaram a Light a reagir de maneira
lenta às mudanças do setor. O racionamento de energia contribuiu para aprofundar a crise.
A venda da companhia precisa
ser aprovada pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) e
pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Fontes do setor afirmam
que os franceses já contam com a
percepção favorável de ambos.
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