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BC prevê dívida pública em 44% do PIB no fim do ano
Queda pode ocorrer mesmo com a redução da meta para o aperto fiscal em 2007
Conta preliminar indica que índice será alcançado se o setor público destinar
R$ 95,9 bi para pagamento de juros durante este ano
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo com a redução da
meta para o aperto fiscal a ser
perseguido pelo governo neste
ano, a expectativa é que a relação entre a dívida pública e o
PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro continue em queda.
Em fevereiro, a proporção estava em 44,7%.
Nas contas preliminares do
chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, essa relação cairia
para algo próximo de 44% até o
final do ano caso o setor público (União, Estados, municípios
e estatais) destine R$ 95,9 bilhões para o pagamento de juros ao longo de 2007.
As dúvidas quanto à condução da política fiscal cresceram
depois que o IBGE mudou o
método usado no cálculo do
PIB, o que levou a uma revisão
para cima das estatísticas apuradas desde 1995.
Com as novas contas, concluiu-se que o PIB era maior do
que se imaginava. Logo, a relação entre dívida e PIB caiu: o
resultado de dezembro último,
por exemplo, passou de 50%
para 44,9%. Com uma dívida
menor, surgiu um debate sobre
a possibilidade de se reduzir
também a intensidade do aperto fiscal. No mês passado, o setor público registrou superávit
primário de R$ 6,679 bilhões.
Nos últimos 12 meses, o resultado acumulado já chega a
R$ 102,485 bilhões, ou 4,36%
do PIB, já de acordo com a nova
metodologia do IBGE. Os números indicam que, em tese,
bastaria que fossem mantidos
os níveis de gastos deste começo de ano para que a meta fiscal
de 4,25% pudesse ser atingida
mesmo com um PIB maior.
Lopes diz que dificilmente isso aconteceria porque os resultados do começo de ano foram
atípicos, devido a fatores como
o início de mandato de vários
governadores recém-eleitos.
"A arrecadação [dos Estados]
continua bastante positiva,
mas leva tempo para que os novos governos comecem a colocar seus planos em prática."
Mantida a meta de 4,25% do
PIB, o superávit primário teria
de ser de cerca de R$ 105 bilhões -ou seja, seria necessário
um esforço adicional de quase
R$ 10 bilhões para que esse objetivo fosse atingido.
Gastos com juros
No ano passado, os gastos do
governo com juros somaram
R$ 160 bilhões, ou 6,89% do
PIB. Com a recente queda da
taxa Selic, que corrige quase
metade da dívida pública, Lopes afirma que a proporção entre gastos com juros e PIB deve
cair para algo em torno de 6%.
Graças às menores despesas
com juros, o chamado déficit
nominal do setor público -que
inclui todas as receitas e gastos
do governo, incluindo os pagamentos de juros- caiu para o
menor nível desde 1991, quando teve início a série estatística
do BC. Nos últimos 12 meses,
esse déficit ficou em R$ 51,201
bilhões, ou 2,18% do PIB.
A melhora nos indicadores
fiscais faz com que o governo já
aposte numa melhora bastante
rápida nas notas atribuídas ao
Brasil por agências de classificação de risco, chegando, em
breve, ao que se chama no mercado de "investment grade"
-nota dada a países com baixa
probabilidade de calote.
Ontem, ao comentar o resultado das contas do governo em
fevereiro, o secretário do Tesouro, Tarcisio Godoy, disse
que a melhora na nota "pode
chegar em 2007". Para ele, a
queda do risco-país é um sinal
de maior confiança dos mercados na economia brasileira.
Segundo dados do Tesouro, o
chamado governo central (que
inclui, além do Tesouro, a Previdência e o BC) teve superávit
primário de R$ 3,312 bilhões no
mês passado. O número difere
daquele apresentado pelo BC
devido a diferenças nas metodologias adotadas.
Colaborou a Folha Online
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