São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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Ponto Frio anuncia que procura comprador

Rede varejista contrata banco Goldman Sachs para buscar interessados; decisão da venda já ocorrera em outras ocasiões

Decisão da controladora, Lily Safra, foi tomada devido à dificuldade de sucessão; analistas consideram que o momento é ruim para venda


GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de tentativas frustradas de venda do controle da Ponto Frio, segunda maior rede em faturamento do país no segmento de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis, Lily Safra, viúva do bilionário banqueiro Edmond Safra e acionista majoritária da rede, anunciou no último sábado nova iniciativa de venda.
Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Globex Utilidades S.A., responsável pela operação da rede, informou ter contratado o banco Goldman Sachs para assessorar negociações com potenciais interessados. A empresa divulga hoje o balanço de 2008.
A Folha apurou que a iniciativa foi retomada devido às dificuldades de sucessão. A Globex Utilidades informou que, de acordo com informações dos controladores, "até a presente data não foi recebida qualquer proposta firme e vinculante para a aquisição do controle".
O objetivo, conforme orientação do Goldman Sachs, é fazer a venda do controle da empresa, e não uma OPA (oferta pública de ações). É a mesma recomendação feita pela instituição na tentativa anterior.
Na ocasião, o dólar era cotado a R$ 1,80 e a ação da empresa era avaliada em R$ 20. Agora, a divisa norte-americana está cotada em torno de R$ 2,30, e a ação do Ponto Frio, em R$ 5.
Para analistas de mercado, surpreende o momento escolhido para a venda. Ao contrário de períodos em que crédito e demanda impulsionavam o mercado brasileiro, a situação atual é de retração e de encolhimento de vendas.
"Quem comprar a operação Ponto Frio, se houver algum interessado, não irá adquirir a rede pelo que ela fatura, mas pela carteira de clientes ou pelos pontos-de-venda. A Ponto Frio nunca foi uma rede com grande performance em vendas", disse Claudio Felisoni de Angelo, do Provar (Programa de Administração de Varejo).
Criada em 1946, a rede opera atualmente em dez Estados brasileiros e possui 445 lojas, 397 estabelecimentos de rua e outras 48 lojas chamadas de "Ponto Frio Digital".
Eugênio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, consultoria especializada em bens de consumo e varejo, também considera o momento inadequado para negócios dessa dimensão.
"Chama a atenção o plano para a venda neste momento. As ações da empresa caíram fortemente, o mercado está mais complexo, não cresce."

Mexicanos
Foganholo avalia que o número de interessados é hoje bem menor do que foi há três anos. Na ocasião, varejistas brasileiros e fundos de investimento eram bons compradores. A avaliação é a de que esses potenciais interessados, agora, estão longe. Algo, aliás, que pode abrir espaço para estrangeiros, como os mexicanos.
"O modelo de operação para venda de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis só existe no Brasil e no México. Por isso, acho que os mexicanos são, entre estrangeiros, aqueles que podem ter interesse pelo Ponto Frio", diz Foganholo.
O Ponto Frio pode ser uma opção para o ingresso da Elektra, do mexicano Ricardo Salinas, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A Elektra está no Nordeste, onde o Ponto Frio só tem posições na Bahia.


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