|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ponto Frio anuncia que procura comprador
Rede varejista contrata banco Goldman Sachs para buscar interessados; decisão da venda já ocorrera em outras ocasiões
Decisão da controladora, Lily Safra, foi tomada devido à dificuldade de sucessão; analistas consideram que o momento é ruim para venda
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de tentativas frustradas de venda do controle da
Ponto Frio, segunda maior rede
em faturamento do país no segmento de eletrodomésticos,
eletroeletrônicos e móveis, Lily
Safra, viúva do bilionário banqueiro Edmond Safra e acionista majoritária da rede, anunciou no último sábado nova iniciativa de venda.
Em comunicado enviado à
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), a Globex Utilidades S.A., responsável pela operação da rede, informou ter
contratado o banco Goldman
Sachs para assessorar negociações com potenciais interessados. A empresa divulga hoje o
balanço de 2008.
A Folha apurou que a iniciativa foi retomada devido às dificuldades de sucessão. A Globex
Utilidades informou que, de
acordo com informações dos
controladores, "até a presente
data não foi recebida qualquer
proposta firme e vinculante para a aquisição do controle".
O objetivo, conforme orientação do Goldman Sachs, é fazer a venda do controle da empresa, e não uma OPA (oferta
pública de ações). É a mesma
recomendação feita pela instituição na tentativa anterior.
Na ocasião, o dólar era cotado a R$ 1,80 e a ação da empresa era avaliada em R$ 20. Agora, a divisa norte-americana está cotada em torno de R$ 2,30,
e a ação do Ponto Frio, em R$ 5.
Para analistas de mercado,
surpreende o momento escolhido para a venda. Ao contrário de períodos em que crédito
e demanda impulsionavam o
mercado brasileiro, a situação
atual é de retração e de encolhimento de vendas.
"Quem comprar a operação
Ponto Frio, se houver algum
interessado, não irá adquirir a
rede pelo que ela fatura, mas
pela carteira de clientes ou pelos pontos-de-venda. A Ponto
Frio nunca foi uma rede com
grande performance em vendas", disse Claudio Felisoni de
Angelo, do Provar (Programa
de Administração de Varejo).
Criada em 1946, a rede opera
atualmente em dez Estados
brasileiros e possui 445 lojas,
397 estabelecimentos de rua e
outras 48 lojas chamadas de
"Ponto Frio Digital".
Eugênio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, consultoria especializada em bens de consumo e varejo, também considera o momento inadequado para negócios dessa dimensão.
"Chama a atenção o plano
para a venda neste momento.
As ações da empresa caíram
fortemente, o mercado está
mais complexo, não cresce."
Mexicanos
Foganholo avalia que o número de interessados é hoje
bem menor do que foi há três
anos. Na ocasião, varejistas
brasileiros e fundos de investimento eram bons compradores. A avaliação é a de que esses
potenciais interessados, agora,
estão longe. Algo, aliás, que pode abrir espaço para estrangeiros, como os mexicanos.
"O modelo de operação para
venda de eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis só existe no Brasil e no México. Por isso, acho que os mexicanos são,
entre estrangeiros, aqueles que
podem ter interesse pelo Ponto
Frio", diz Foganholo.
O Ponto Frio pode ser uma
opção para o ingresso da Elektra, do mexicano Ricardo Salinas, nas regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul. A Elektra está no
Nordeste, onde o Ponto Frio só
tem posições na Bahia.
Texto Anterior: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Tempo e paciência Próximo Texto: Trabalho: Centrais sindicais fazem hoje passeatas contra demissões
Índice
|