São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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Queda da Selic evidencia diferenças entre fundos

Aplicador deve checar variáveis como taxa de administração e composição da carteira


Rentabilidade nos fundos DI oscilou entre 1,41% e 2,19% no 1º bimestre; na renda fixa, variação foi de -1,02% a 7,40%, segundo a Anbid

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em tempos de juros em queda e Bolsa sem rumo definido, como agora, a atenção do investidor às particularidades da aplicação que escolheu ganha ainda mais relevância. Mesmo em aplicações conservadoras e consideradas de baixo risco, como os fundos DI e de renda fixa, as rentabilidades variam -e podem ser bem expressivas.
Levantamento da Anbid (associação dos bancos de investimento) mostra que o retorno dos fundos DI acumulado no primeiro bimestre do ano oscilou entre uma taxa mínima de 1,41% e uma máxima de 2,19%. No caso da renda fixa, a diferença é ainda maior, indo de um retorno negativo de 1,02% a ganhos de 7,40%. Ambas as aplicações têm como referencial a oscilação dos juros.
Os fundos de investimento não são como a poupança, que tem sua rentabilidade fixada pelo governo, sendo a mesma independentemente do banco onde a aplicação for realizada. O retorno dos fundos pode variar consideravelmente, dependendo de como o gestor monta a carteira.
"Os fundos têm duas variáveis importantes que devem ser entendidas e acompanhadas pelos aplicadores, que são a taxa de administração e a composição da carteira. Mesmo nos casos dos fundos DI e de renda fixa essas variáveis devem ser consideradas", afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Os fundos são uma comunhão de recursos de diversos investidores. O gestor -profissional que cuida da aplicação- reúne as economias de diversos clientes e forma o patrimônio do fundo. Com esse dinheiro, adquire ativos, como títulos públicos e privados que pagam juros e ações. E é a partir desse "mix" de ativos que a rentabilidade é compensada. Dessa forma, nunca uma carteira é exatamente igual à outra.
William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, avalia que o brasileiro não é muito ativo na hora de investir. "E o importante é ter uma atuação mais ativa, mesmo quando se buscam aplicações de renda fixa. Tem de estar atento às oportunidades que surgem no mercado", diz.

Custos e diferenças
Nos fundos de ações, as diferenças de uma aplicação a outra podem ser ainda mais elevadas. Em especial nas categorias como a de "ações livres", nas quais são catalogados os fundos em que os gestores têm liberdade de adquirir as ações que achar melhor, as diferenças de retorno são mais gritantes.
No primeiro bimestre, os fundos de ações livres deram rentabilidades que foram de um retorno negativo de 7,49% a um ganho de 8,93%. Ou seja, houve fundos dessa categoria que se destacaram dentre os mais rentáveis do mercado, enquanto outros apareceram na lanterna dos investimentos.
No caso da taxa de administração, há também grandes diferenças no percentual cobrado de um fundo a outro.
Essa taxa está presente em todos os fundos e normalmente tem um custo que vai de 1% a 4% ao ano -mas há aplicações que cobram fora dessa faixa. A função da taxa de administração é a de remunerar os gestores por sua atividade.
Especialmente no atual momento de juros em queda, observar o custo da taxa de administração se torna mais relevante. Para um fundo que oferecesse rendimento de 20% ao ano, como ocorria havia não muito tempo, uma taxa de 4% tinha certo peso. Já para uma aplicação com rentabilidade de 10% -nível para o qual se espera que a taxa básica Selic recue no segundo semestre-, esse custo é, proporcionalmente, muito mais elevado e punitivo.


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