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ENERGIA
Professor que acusa governo de gastar demais no plano de energia emergencial pode ser processado pelo "ministro do apagão"
Parente quer processar crítico do apagão
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro Pedro Parente e o
presidente da CBEE (Comercializadora Brasileira de Energia
Emergencial), Mário Miranda,
ameaçam levar o professor Ildo
Sauer, da USP, à Justiça.
O professor é um dos principais
opositores da política de energia
do governo. Parente também chefia o "ministério do apagão" (no
nome oficial, Câmara de Gestão
da Crise de Energia Elétrica).
Recentemente, Sauer criticou o
aumento das tarifas de energia
para repor as perdas das distribuidoras e o seguro antiapagão.
Sauer e mais três especialistas
em energia acusaram o governo
de improbidade em estudo divulgado no mês passado. No texto,
afirmam que o aluguel, por três
anos e meio, de 58 usinas termelétricas para garantir o abastecimento em caso de racionamento custarão R$ 16 bilhões, recursos
que virão do seguro antiapagão.
Essa será a quantia desembolsada
caso todas entrem em operação.
Segundo os autores do trabalho,
se essas usinas fossem construídas pelo governo custariam apenas R$ 2,5 bilhões, fora o combustível e custos de manutenção.
Em ofícios enviados à reitoria
da USP, nos dias 17 e 18 de abril,
Parente e Miranda solicitaram
que a reitoria esclarecesse se
Sauer "expressa entendimento do
colegiado da Escola Politécnica da
USP e se os juízos e as alegações
por ele levados a público podem
vir a ser legitimamente atribuídos
a essa mesma instituição". A solicitação, afirmam, visa "resguardar direitos e prevenir responsabilidades, inclusive no que toca à
eventual propositura de ação judicial de reparação de danos".
Ontem, a CBEE recebeu a resposta da Universidade desautorizando Sauer a falar em nome do
Instituto de Eletrotécnica e Energia, onde trabalha. "As eventuais
declarações do Instituto de Eletrotécnica e Energia serão sempre
tornadas públicas por meio de seu
diretor", diz a nota assinada por
Orlando Lobosco, diretor do IEE.
Segundo o comunicado, "embora o senhor Ildo Sauer não sofra restrições por parte da Universidade às suas declarações políticas, econômicas ou partidárias,
ele o faz assumindo inteira responsabilidade pelo teor dessas
declarações, sem o aval da instituição a que serve".
Parente informou, por meio de
sua assessoria de imprensa, que
está aguardando resposta da USP
para decidir o que fazer. A CBEE,
também por meio de sua assessoria, informou que está analisando
a resposta da universidade.
O professor Sauer afirma que "a
consulta à USP é descabida, pois o
relatório e as manifestações levadas à imprensa e ao Ministério
das Minas e Energia foram subscritas pessoalmente e jamais apresentadas em nome da USP".
Segundo Sauer, a consulta de
Parente e Miranda à reitoria da
universidade constitui "uma tentativa de intimidação e constrangimento, trata-se de atitude típica
de um governo obscurantista."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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