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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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CRÉDITO CARO

BC mostra que a taxa do cheque especial chega a 177,9% ao ano; "cheque especial" de empresa cobra 79,9%

Juro da economia real é o maior em 3 anos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos concedidos a pessoas físicas atingiram o nível mais alto em mais de três anos, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central. No mês passado, a taxa média chegou a 87,3% ao ano, a mais elevada desde dezembro de 1999.
No cheque especial, os juros chegaram a 177,9% ao ano, os mais altos desde abril de 1999. No crédito pessoal, a taxa chegou a 100,6% ao ano.
A taxa cobrada das empresas passou de 37,4% ao ano para 37,9% ao ano -a mais alta desde que o BC passou a fazer essa pesquisa, em junho de 2000. No caso da conta garantida -uma espécie de cheque especial para empresas-, os juros passaram de 77,5% ao ano para 79,9% ao ano.
"Os bancos estão agindo de forma mais rigorosa na concessão do crédito", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Foi o sexto mês seguido em que os juros apresentaram alta. Segundo Lopes, a elevação é consequência de três fatores: alta da taxa Selic (taxa básica de juros), do compulsório e da inadimplência.
A taxa Selic, que serve de referência nas operações que os bancos fazem entre si, está hoje em 26,5% ao ano. Em outubro passado, ela estava em 18% ao ano. Um dos objetivos da alta promovida pelo BC foi justamente encarecer o crédito, para desestimular o consumo e frear a alta da inflação.
A última alta da taxa Selic, de 0,5 ponto percentual, ocorreu em fevereiro. O BC havia indicado, porém, que poderia voltar a aumentar os juros no mês passado, o que pode ter feito com que os bancos, antecipadamente, aumentassem a taxa cobrada de seus clientes.
Também em março, entrou efetivamente em vigor o aumento da alíquota do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos são obrigados a depositar no BC. Esse aumento, decidido em fevereiro, também pretendia reduzir o volume de recursos que os bancos disponibilizam para operações de crédito, o que provocou uma alta dos juros.
Lopes apontou ainda o aumento da inadimplência para explicar os juros altos. Em março, 8,7% dos empréstimos concedidos pelos bancos tinham parcelas com pagamentos atrasados em pelo menos 15 dias. Em fevereiro, essa proporção estava em 8,1%.
Entre as pessoas físicas, o crescimento da inadimplência foi maior, passando de 14,9% para 15,7%. Entre as empresas, ela passou de 4,2% para 4,5%.
Quando a inadimplência aumenta, os bancos cobram juros mais altos de quem paga em dia para compensar a perda causada pelos atrasos.


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