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CRÉDITO CARO
BC mostra que a taxa do cheque especial chega a 177,9% ao ano; "cheque especial" de empresa cobra 79,9%
Juro da economia real é o maior em 3 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos concedidos a
pessoas físicas atingiram o nível
mais alto em mais de três anos, de
acordo com levantamento feito
pelo Banco Central. No mês passado, a taxa média chegou a
87,3% ao ano, a mais elevada desde dezembro de 1999.
No cheque especial, os juros
chegaram a 177,9% ao ano, os
mais altos desde abril de 1999. No
crédito pessoal, a taxa chegou a
100,6% ao ano.
A taxa cobrada das empresas
passou de 37,4% ao ano para
37,9% ao ano -a mais alta desde
que o BC passou a fazer essa pesquisa, em junho de 2000. No caso
da conta garantida -uma espécie
de cheque especial para empresas-, os juros passaram de
77,5% ao ano para 79,9% ao ano.
"Os bancos estão agindo de forma mais rigorosa na concessão do
crédito", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Foi o sexto mês seguido em que
os juros apresentaram alta. Segundo Lopes, a elevação é consequência de três fatores: alta da taxa Selic (taxa básica de juros), do
compulsório e da inadimplência.
A taxa Selic, que serve de referência nas operações que os bancos fazem entre si, está hoje em
26,5% ao ano. Em outubro passado, ela estava em 18% ao ano. Um
dos objetivos da alta promovida
pelo BC foi justamente encarecer
o crédito, para desestimular o
consumo e frear a alta da inflação.
A última alta da taxa Selic, de 0,5
ponto percentual, ocorreu em fevereiro. O BC havia indicado, porém, que poderia voltar a aumentar os juros no mês passado, o que
pode ter feito com que os bancos,
antecipadamente, aumentassem
a taxa cobrada de seus clientes.
Também em março, entrou efetivamente em vigor o aumento da
alíquota do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos
são obrigados a depositar no BC.
Esse aumento, decidido em fevereiro, também pretendia reduzir
o volume de recursos que os bancos disponibilizam para operações de crédito, o que provocou
uma alta dos juros.
Lopes apontou ainda o aumento da inadimplência para explicar
os juros altos. Em março, 8,7%
dos empréstimos concedidos pelos bancos tinham parcelas com
pagamentos atrasados em pelo
menos 15 dias. Em fevereiro, essa
proporção estava em 8,1%.
Entre as pessoas físicas, o crescimento da inadimplência foi
maior, passando de 14,9% para
15,7%. Entre as empresas, ela passou de 4,2% para 4,5%.
Quando a inadimplência aumenta, os bancos cobram juros
mais altos de quem paga em dia
para compensar a perda causada
pelos atrasos.
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