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SUPERMERCADOS
Banco quer pelo Bompreço US$ 680 milhões, cinco vezes o montante pago na última negociação do setor
Começa a disputa no maior negócio do varejo no país
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A venda da rede nordestina
Bompreço será o maior negócio
da história do varejo brasileiro. O
volume da transação deve bater
recorde e a operação pode ser feita em etapas.
O ABN Amro Bank, que conversa com os interessados, pensa
em vender os negócios que envolvem os 116 supermercados da rede de forma separada. Um grupo
fica com as lojas e outro com o
cartão da empresa, o Hipercard, o
maior da região.
Entre as empresas de olho na
carteira de clientes do Hipercard
está a MasterCard, administradora de cartões de crédito, segundo
a Folha apurou.
A negociação envolve números
altos: pelo Bompreço o banco já
chegou a acenar para o mercado
que quer R$ 2 bilhões -US$ 680
milhões-, cinco vezes o montante pago na última venda ocorrida
no setor, a da rede Sé, em 2002.
Analistas acreditam, porém,
que o preço final de venda da
companhia deverá ficar entre US$
300 milhões e US$ 400 milhões.
Outra nova informação rebate
rumores falsos. Nada será vendido de forma conjunta. Explicando: a Royal Ahold -controladora
do Bompreço- ainda tem lojas
em outros países da América do
Sul à venda. Quem comprar os
pontos na Argentina, no entanto,
não será obrigado a ficar com a
operação no Brasil também.
No páreo estão o grupo Pão de
Açúcar -hoje o mais cotado-, o
Carrefour e o Wal-Mart, a maior
cadeia varejista do mundo.
Como o ABN Amro Bank só
passou a comandar a venda do
Bompreço na semana passada, os
valores não foram discutidos a
fundo pelos interessados. A instituição está à frente do processo
porque a Royal Ahold tem débitos
com o banco. Ao vender o Bompreço, essa dívida, que soma US$
13 bilhões no mundo, será abatida
do valor da venda.
"Nós estamos no jogo", disse
ontem Abílio Diniz, presidente do
Conselho de Administração do
Pão de Açúcar. O diretor executivo do Wal-Mart, Aprígio Rello Júnior, mandou o recado também:
"Estamos abertos a novas aquisições", disse recentemente.
Num primeiro momento, o volume parece alto, avaliam analistas de mercado. No entanto, pelo
Bompreço as redes pagarão pelo
valor estratégico da compra.
Quem ficar com a cadeia será líder absoluto no Nordeste, irá disparar no ranking do setor e pode
até desbancar o Pão de Açúcar,
hoje na primeira colocação.
Para comparar: em 2002 o Pão
de Açúcar pagou R$ 360 milhões
pela rede Sé -em parte com a
compra da dívida e, em parte, em
dinheiro. Mas, ao final das negociações, descobriu-se que não havia nenhum interessado. Apenas
o Pão de Açúcar. Agora, são três,
no mínimo, na disputa.
Ainda há outra questão a respeito do montante negociado. O volume sugerido pelos bancos sempre é alto. Faz parte da estratégia
de quem vende. Em cima disso
são feitos abatimentos. As redes
até ameaçam desistir do negócio e
deixam as conversas em compasso de espera. Tudo para aumentar
a pressão e obter preço melhor.
A Folha entrou em contato com
as redes varejistas citadas, assim
como com a Mastercard. Essa última não se manifestou. As redes
não comentam valores.
Na lista de apostas dos analistas
segue à frente a empresa de Abílio
Diniz. O interesse pela rede é antigo. Ana Maria Diniz, filha de Abílio, chegou a dizer em 1997 que
entre o Sonae, rede gaúcha, e o
Bompreço, preferiria o Bompreço
-"com tecnologia de ponta".
Se comprar a cadeia do Nordeste, a empresa passará a ter uma receita superior a R$ 15 bilhões (se
incluir o Eletro). Encurtará o seu
caminho em um ano e meio, o
tempo que levou para obter o total de lojas que o Bompreço tem.
Se o Carrefour ou o Wal-Mart
baterem o martelo, o ranking do
setor muda totalmente. A rede
francesa, com só duas lojas no
Nordeste, atropelará a cadeia brasileira -com 46 lojas na região-
e voltará à liderança. Já o Wal-Mart se tornará a terceira maior
cadeia e sairá da sexta posição.
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