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REAJUSTE
Luiz Marinho critica novo valor do mínimo; para Paulinho (Força), "dinheiro é de pinga", e aposentados apontam "traição"
Equipe econômica venceu de novo, diz CUT
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As duas principais centrais sindicais do país, a CUT e a Força
Sindical, criticaram o valor fixado
para o mínimo. Aposentados das
principais entidades informaram
que se sentiram "traídos" pelo governo com o aumento anunciado
para o salário -que passa a valer
R$ 260- e ameaçam uma onda
de protestos a partir de amanhã.
O presidente da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), Luiz
Marinho, disse que "a equipe econômica venceu mais uma vez".
Marinho, que comentou o reajuste antes de entrar para uma reunião com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), disse que o
governo deveria pelo menos ter
elevado o valor para R$ 270.
"Se cabiam R$ 270 no Orçamento, eu acho que o presidente
Lula perdeu a oportunidade de fazer um reajuste no valor máximo
e distribuir renda", disse.
O presidente da CUT lembrou
que a central reivindicava um mínimo de R$ 300. Segundo o sindicalista, o mínimo não pode ser
complementado pelo salário-família . "Tem que ser um indicativo de distribuição de renda."
O presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, José Lopez
Feijóo, disse estar mais frustrado
que no governo anterior. "De Fernando Henrique Cardoso eu não
esperava outra coisa. De Lula, eu
esperava", afirmou.
Feijóo disse que a promessa do
candidato Lula era dobrar o valor
real do mínimo. "O Orçamento
do ano passado havia sido feito
pelo FHC. Mas o deste ano, não
foi. Então ele [Lula] errou, não
cumpriu sua promessa", afirmou.
Para dobrar o valor real do mínimo, o governo teria que fazer reajustes de 25% anuais além da inflação.
Marinho disse que os trabalhadores vão fazer protestos sobre o
valor do mínimo amanhã, Dia do
Trabalho. Segundo ele, os sindicalistas vão continuar lutando por
uma política permanente de recuperação do salário mínimo. "Para
que não se repita a novela "me engana que eu gosto.'"
Esmola
Sobre o reajuste, o presidente da
Força Sindical, Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho, disse: "Isso é dinheiro de pinga. É uma esmola".
A Força Sindical disse "exigir"
salário mínimo de R$ 320 e "respeito" do governo com os trabalhadores. "Nossa expectativa era
que o governo cumprisse sua promessa da campanha eleitoral e
iniciasse um processo de recuperação do poder de compra do salário mínimo", disse João Batista
Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e
Pensionistas da Força Sindical.
O sindicato, que representa 296
mil aposentados no país, informa
que vai levar a "indignação" com
o aumento do mínimo à manifestação do 1º de Maio.
"Em 2003, o governo já havia
concedido reajuste menor que a
inflação acumulada. O reajuste foi
de 19,71%, e a inflação pelo INPC,
de 20,44%. Esperávamos que neste ano houvesse compensação.
Estamos indignados. Levaremos
os aposentados à rua em protesto
contra a falta de respeito."
Traição
A Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), que reúne cerca de 100 mil
aposentados no país, classificou o
aumento de R$ 20 ao salário mínimo como uma "traição".
"Fomos traídos. O governo não
teve responsabilidade nem ética
com os aposentados", diz Manoel
José da Silva, presidente do Conselho fiscal da Cobap.
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