São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2004

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CNI e bancos elogiam postura do governo

DA REDAÇÃO

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, classificou de "uma decisão responsável do governo" o aumento do salário mínimo de R$ 240 para R$ 260.
Por meio de nota, ele disse que "a fixação do salário mínimo traduz mais uma vez a responsabilidade do governo no trato de questões muito sensíveis do setor público, como as contas da Previdência".
O presidente da CNI disse ainda que o presidente Lula definiu o reajuste do mínimo de acordo com "a realidade fiscal do país".
A CNI avalia que o reajuste terá pouco impacto para as indústrias, porque, segundo a entidade, a maioria das empresas já paga valores superiores a R$ 260 para seus empregados.
Cláudio Vaz, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também afirma que os impactos no setor serão pequenos. Um pequena parte de trabalhadores da iniciativa privada recebe o mínimo. "A questão aí é o peso que isso deve ter nas contas públicas. E se um possível déficit vai travar as contas do governo", afirmou.
Ele disse que o aumento em R$ 20 anunciado deve ter um reflexo tímido no consumo. "Não é isso que gera crescimento, expansão na demanda. Não adianta ser agradável com uma mão e carrasco com a outra", afirmou, referindo-se a possibilidade de ter de reduzir despesas para compensar o aumento no salário mínimo.
A Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) estima que o reajuste do mínimo irá injetar cerca de R$ 600 milhões na economia e que isso pode significar uma elevação do consumo de produtos de primeira necessidade, como alimentos.
Para o presidente da federação, Abram Szajman, o impacto no setor varejista deve ser pequeno, uma vez que a renda da população acumula quedas consecutivas e diante do alto grau de endividamento dos consumidores.
Segundo a Fecomercio SP, aumentar o valor do mínimo sem colocar em risco o equilíbrio orçamentário é "um grande desafio para o governo". A entidade propõe a regionalização do mínimo.
Para os analistas da Merrill Lynch Felipe Illanes e David Beker, mesmo com a estratégia de privilegiar o beneficio familiar (reajustado de R$ 13,48 para R$ 20,00), a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser afetada. "Nos últimos anos, sempre que o reajuste do mínimo ficou abaixo das expectativas, houve queda da popularidade do governo", apontam.
Também para os estrategistas do JP Morgan, é "uma boa notícia" para as contas públicas do Brasil um mínimo de R$ 260, juntamente com medidas compensatórias para a população de baixa renda.


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