São Paulo, sábado, 30 de abril de 2005

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"DOUTOR NO"

Pedidos de verba negados por ele provocaram ameaças de demissão

Estilo sovina marca "era Portugal"

Lula Marques - 28.abr.05/Folha Imagem
Murilo Portugal no anúncio de sua ida ao governo, anteontem


DA REDAÇÃO

Os problemas em administrar as diversas dívidas da União e o estilo sovina ao negar recursos dentro e fora do governo marcaram a "era Murilo Portugal", como ficou conhecida a gestão do novo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, que cuidou do caixa do governo durante quatro anos e participou dos governos Collor, Itamar e Fernando Henrique Cardoso.
Portugal, 56, se viu obrigado a depor em 1995 na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. O motivo: a dívida de R$ 3,75 bilhões do Tesouro com o Banco do Brasil.
No depoimento, o secretário admitiu débito de R$ 2,2 bilhões. Segundo ele, a maior parte da dívida tinha sido originada num período de "promiscuidade" entre o banco e o Tesouro, referentes a empréstimos de alto risco feitos pelo BB com garantia da secretaria, a mando do governo federal.
Braço direito de Pedro Malan, ministro da Fazenda durante todo o governo FHC, o economista também ficou conhecido pelas sucessivas negativas a pedidos de ministros por mais verbas. Antes de deixar o governo para assumir a diretoria executiva do Banco Mundial, em 1996, contou em entrevista à Folha que ministros ameaçaram pedir demissão, e um empresário, suicídio, caso o governo não lhe pagasse uma dívida.
Mais tarde, como representante do governo brasileiro no FMI, cargo para o qual foi indicado em 1998, Portugal foi um dos principais auxiliares do ex-ministro Pedro Malan nas negociações dos acordos entre o Brasil e a instituição.


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