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1º DE MAIO
14 ex-dirigentes que chegaram ao Executivo e ao Congresso citam o que consideram avanços na legislação trabalhista
Ex-sindicalistas defendem ação no governo
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Escutar o trabalhador no "chão
de fábrica", criar o Estatuto do
Idoso, antecipar o pagamento de
aposentadorias, lutar contra a flexibilização de leis trabalhistas,
fortalecer comissões sindicais de
fábricas, facilitar a execução de
políticas para a população de baixa renda e ajudar o trabalhador a
colocar mais dinheiro no bolso.
Essa é a lista de alguns dos benefícios que sindicalistas que chegaram ao poder afirmam já ter proporcionado ao trabalhador. A Folha procurou 18 ex-dirigentes sindicais que ocupam -ou ocuparam- cargos no governo Lula ou
estão no Congresso Nacional para
saber o que de fato fizeram.
Quatro deles -em algumas das
funções mais importantes do
país- não quiseram responder a
enquete feita pela Folha para detalhar o que já fizeram pelo trabalhador. O presidente Lula não tinha tempo em sua agenda, segundo informou sua assessoria.
O ministro do Trabalho, Luiz
Marinho, o seu chefe de gabinete,
Osvaldo Bargas, e o secretário de
Políticas Públicas de Emprego,
Remígio Todeschini, não participaram. Eles disseram que não deveriam ser o foco da reportagem,
mas sim as ações do governo.
Nove dos ex-dirigentes que participaram da enquete afirmaram
que atingiram seus objetivos no
Executivo ou no Legislativo desde
que saíram de seus sindicatos.
O ex-ministro Luiz Gushiken,
hoje chefe do Núcleo de Assuntos
Estratégicos da Presidência
-que figura na lista de 40 denunciados ao STF (Supremo Tribunal
Federal) pela Procuradoria Geral
da República nas investigações
sobre o mensalão- afirma que
conseguiu agir para favorecer os
trabalhadores.
Entre os principais projetos que
defendeu, destaca o que concedeu
aposentadoria proporcional às
mulheres após 25 anos de trabalho -mais tarde, derrubado com
a reforma da Previdência.
Ao ser questionado sobre se valeu a pena ter ido para o governo,
ele diz: "O clima de feroz guerra
política travada no atual momento limita as avaliações, mas tenho
a certeza de que as conquistas e os
avanços do governo Lula serão
amplamente reconhecidos".
Ex-presidente do Sindicato dos
Bancários de São Paulo (CUT),
Ricardo Berzoini, que hoje comanda o PT, diz que, entre as contribuições que deu aos trabalhadores estão a "luta contra a reforma trabalhista neoliberal do governo anterior" e a "atuação para
que o país tivesse uma legislação
de previdência complementar
mais moderna e democrática".
Quando ministro do Trabalho,
em 2004, diz que participou de
um governo que inverteu a "tendência nefasta do crescimento do
desemprego que o governo FHC
deixou". Depois de dois anos e
meio no governo, Berzoini deixou
a administração para reorganizar
o PT, partido abalado pelas denúncias de corrupção que culminaram na crise política.
Representantes no Congresso
Paulo Okamotto, amigo do presidente -que foi durante dez
anos diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e hoje é investigado por ter pago uma dívida de
Lula sem ter demonstrado de onde retirou o dinheiro e foi acusado
de fazer caixa dois para o PT
(quando era tesoureiro do partido)-, diz ter atingido "plenamente" seus objetivos. "No Sebrae [ele ocupa o cargo de presidente], tenho ajudado a fortalecer
o apoio aos pequenos negócios."
Ex-ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, que vai
disputar o governo da Bahia,
acredita que o desempenho dos
políticos tem de ser medido pelo
trabalho em equipe.
"Não acredito em brilhos individuais. Como equipe, conseguimos adequar a destinação do dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), alvo de várias
denúncias no passado, e organizar a qualificação profissional de
forma mais eficiente."
Pelo menos 44 ex-sindicalistas
passaram pelos vários escalões do
Executivo no governo Lula. A representação sindical dos trabalhadores no Congresso Nacional
passou de 44 para 60 parlamentares de 2002 a 2003.
"Como a entrada de sindicalistas foi maior [no governo e no
Congresso Nacional], os temas
trabalhistas entraram para a
agenda de discussões de forma
mais intensa. Agora, dizer se a
atuação do Executivo ou do Legislativo é mais eficiente, é outra discussão", afirma Cristiano Noronha, analista da consultoria política Arko Advice.
Para o deputado Luiz Antonio
de Medeiros (PL-SP), ex-presidente da Força Sindical, o sindicato foi uma "preparação" para o
parlamento. "Aqui, carro de som
não conta. O que vale é a diplomacia, o jogo político." Para o trabalhador, Medeiros diz que ajudou a
negociar as correções do FGTS.
Absolvido pela Câmara da acusação de envolvimento com o escândalo do mensalão, o deputado
Professor Luizinho (PT-SP), que
também integra a lista de denunciados da Procuradoria Geral da
República, afirma que "os menos
favorecidos estão recebendo uma
fatia maior do bolo".
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), afirma ter atingido
seus objetivos ao deixar a CUT
para se tornar deputado federal.
"Meu objetivo era ser um de nós
[trabalhadores] no meio deles
[patrões e empresários]." "Apresentei mais de 40 projetos de lei
[em benefício do trabalhador]."
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