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Economia para pagar juro da dívida atinge 50% da meta
No primeiro trimestre, governo federal economizou R$ 31,3 bi dos R$ 62,4 bi previstos para o ano; aumento da arrecadação ajuda
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O atraso na votação do Orçamento da União e o aumento de
arrecadação federal ajudaram o
governo a fazer um superávit
primário de 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre. Em apenas três
meses, a economia para pagar
os juros da dívida já alcançou a
metade da meta prevista para o
ano.
O superávit primário do primeiro trimestre somou R$ 31,3
bilhões. A meta é de R$ 62,4 bilhões para o governo central,
que inclui o Tesouro Nacional,
o Banco Central e a Previdência
Social. Em março, a economia
para o pagamento de juros foi
de R$ 10,8 bilhões, o dobro do
apurado no mês anterior.
Ainda sem o Orçamento, que
foi votado em março pelo Congresso Nacional, o gasto não
podia ultrapassar 1/12 avos da
receita do ano anterior, além
dos "restos a pagar", dinheiro
que foi empenhado em 2007
mas não chegou a ser gasto.
O governo federal usou o valor disponível como "restos a
pagar" para realizar R$ 3,9 bilhões em investimentos. Desse
total, R$ 3,7 bilhões foram projetos cuja previsão de gasto foi
acertada no ano passado. Ou
seja, o Executivo ainda não começou a gastar os R$ 42,2 bilhões previstos no Orçamento
deste ano para investimentos.
Ainda assim, o secretário do
Tesouro Nacional, Arno Augustin, comemora o aumento dos
investimentos, de 21%. Para
ele, houve uma melhora na
qualidade do gasto público. Ele
disse, porém, que o ajuste fiscal
não deve se manter tão apertado até o fim do ano. "Todo início de ano o superávit primário
é maior, mas vai diminuir nos
próximos meses", afirmou.
Os gastos em obras prioritárias de infra-estrutura, conhecidos como PPI (Projeto Piloto
de Investimento), também estão aquém do disponível. Para
este ano, a meta é usar R$ 13,8
bilhões em projetos que poderão ser abatidos na conta do superávit primário. De janeiro a
março, o gasto com PPI foi de
R$ 1,2 bilhão. Os gastos do PPI
não são contabilizados para
cálculo do superávit primário.
Nos três primeiros meses de
2008, a receita líquida (descontadas as restituições de Imposto de Renda e incentivos fiscais) cresceu 17,39%. No mesmo período, as despesas subiram 8,2%. As despesas com os
pagamentos da Previdência Social somaram R$ 45 bilhões
-déficit de 1,45% do PIB no período, ante 1,87% do PIB no primeiro trimestre de 2007.
Gilberto Braga, professor de
finanças do Ibmec, concorda
que o superávit primário não
deve se manter tão elevado até
o fim do ano. "Aumentar as despesas públicas é um erro. Mas o
governo continua gastando acima da média dos anos anteriores, principalmente por causa
dessa arrecadação farta. Não
acredito em superávit primário
muito elevado. Acho que o governo vai pisar ainda mais no
acelerador dos gastos."
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