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Mudanças que beneficiam Brasil no FMI são aprovadas
Dos 185 sócios, 175 aceitam reforma no sistema de cotas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Em mais um passo adiante
no ritmo por vezes paquidérmico com que o FMI (Fundo
Monetário Internacional) conduz sua reforma para evitar a
irrelevância ou a extinção, o
novo sistema de cotas e votos
da instituição foi aprovado pela
maioria dos sócios.
Dos 185 países-membros, 175
aceitaram a mudança, incluído
o Brasil. O país é o quarto maior
beneficiado pela reforma.
A reestruturação é a maior do
tipo desde a criação do Fundo,
que surgiu em 1944.
Já havia sido aprovada pela
diretoria, há um mês, e anteontem foi aceita em uma segunda
instância, a Junta de Governadores, que é composta por ministros da área financeira e presidentes de bancos centrais do
mundo inteiro -Guido Mantega (Fazenda) representa o Brasil.
Entre uma votação e outra,
um mês se passou, e o apoio às
mudanças aumentou.
Dos 24 diretores da primeira
instância, 19 haviam votado a
favor, em cadeiras que representavam cerca de 86% dos países -Rússia, Arábia Saudita e
Irã foram contra, e Argentina e
Egito se abstiveram. Já os 175
países da votação de ontem respondem por 94,6% dos membros.
Agora, os Congressos e os
Parlamentos de pelo menos
85% dos países têm até o próximo mês de outubro para aprovar as mudanças a fim de que
sejam efetivadas.
"Eu vejo esses resultados como o começo de uma nova legitimidade do Fundo", afirmou o
diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn,
que se mostrou satisfeito com a
aprovação.
Em nota oficial, o Ministério
da Fazenda brasileiro também
comemorou o feito. "O sistema
de cotas tem o objetivo de dar
maior voz e representação aos
países em desenvolvimento",
disse o texto.
Interpretação similar tem
Paulo Nogueira Batista Jr., diretor-executivo que representa
um grupo de nove países e é um
dos defensores da nova ordem.
"Entre a votação da diretoria
e ontem [segunda-feira], houve
um esforço da administração
do FMI, do diretor-gerente e de
alguns países, entre eles o Brasil, de ampliar o apoio à reforma, estabelecendo um diálogo
com os países que eram reticentes ou contrários a ela", disse à Folha o economista e colunista do jornal.
Segundo a imprensa norte-americana, entre os votos contrários anteontem estariam Argentina, Angola e a Ilha de Palau e, entre os que se abstiveram, Rússia, Arábia Saudita, Irã
e Egito.
Para os críticos da reforma,
as mudanças não são amplas o
suficiente e não tiram o poder
de decisão dos Estados Unidos
e da Europa.
Aposentadorias a mais
Ontem, ainda, o Fundo anunciou que mais funcionários do
que o desejado pediram para
fazer parte do programa de
aposentadorias voluntárias
oferecido pela direção.
Strauss-Kahn esperava que
380 postos de 2.900 possíveis
fossem fechados pela iniciativa.
A ação serve para reduzir em
13,5% os gastos de funcionamento do FMI nos próximos
três anos e evidencia outro aspecto da crise por que passa o
Fundo: o financeiro.
Um grupo de 591 empregados se ofereceu para se beneficiar do plano. Com isso, o Fundo pedirá que mais de uma centena deles continue a trabalhar
na instituição. "A boa notícia é
que poderemos concluir essa
fase sem aposentadorias compulsórias", afirmou o diretor-gerente do FMI.
Entre os que devem sair, estão seis chefes de departamento.
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