São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

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Mudanças que beneficiam Brasil no FMI são aprovadas

Dos 185 sócios, 175 aceitam reforma no sistema de cotas

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Em mais um passo adiante no ritmo por vezes paquidérmico com que o FMI (Fundo Monetário Internacional) conduz sua reforma para evitar a irrelevância ou a extinção, o novo sistema de cotas e votos da instituição foi aprovado pela maioria dos sócios.
Dos 185 países-membros, 175 aceitaram a mudança, incluído o Brasil. O país é o quarto maior beneficiado pela reforma.
A reestruturação é a maior do tipo desde a criação do Fundo, que surgiu em 1944.
Já havia sido aprovada pela diretoria, há um mês, e anteontem foi aceita em uma segunda instância, a Junta de Governadores, que é composta por ministros da área financeira e presidentes de bancos centrais do mundo inteiro -Guido Mantega (Fazenda) representa o Brasil.
Entre uma votação e outra, um mês se passou, e o apoio às mudanças aumentou.
Dos 24 diretores da primeira instância, 19 haviam votado a favor, em cadeiras que representavam cerca de 86% dos países -Rússia, Arábia Saudita e Irã foram contra, e Argentina e Egito se abstiveram. Já os 175 países da votação de ontem respondem por 94,6% dos membros.
Agora, os Congressos e os Parlamentos de pelo menos 85% dos países têm até o próximo mês de outubro para aprovar as mudanças a fim de que sejam efetivadas.
"Eu vejo esses resultados como o começo de uma nova legitimidade do Fundo", afirmou o diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, que se mostrou satisfeito com a aprovação.
Em nota oficial, o Ministério da Fazenda brasileiro também comemorou o feito. "O sistema de cotas tem o objetivo de dar maior voz e representação aos países em desenvolvimento", disse o texto.
Interpretação similar tem Paulo Nogueira Batista Jr., diretor-executivo que representa um grupo de nove países e é um dos defensores da nova ordem.
"Entre a votação da diretoria e ontem [segunda-feira], houve um esforço da administração do FMI, do diretor-gerente e de alguns países, entre eles o Brasil, de ampliar o apoio à reforma, estabelecendo um diálogo com os países que eram reticentes ou contrários a ela", disse à Folha o economista e colunista do jornal.
Segundo a imprensa norte-americana, entre os votos contrários anteontem estariam Argentina, Angola e a Ilha de Palau e, entre os que se abstiveram, Rússia, Arábia Saudita, Irã e Egito.
Para os críticos da reforma, as mudanças não são amplas o suficiente e não tiram o poder de decisão dos Estados Unidos e da Europa.

Aposentadorias a mais
Ontem, ainda, o Fundo anunciou que mais funcionários do que o desejado pediram para fazer parte do programa de aposentadorias voluntárias oferecido pela direção.
Strauss-Kahn esperava que 380 postos de 2.900 possíveis fossem fechados pela iniciativa. A ação serve para reduzir em 13,5% os gastos de funcionamento do FMI nos próximos três anos e evidencia outro aspecto da crise por que passa o Fundo: o financeiro.
Um grupo de 591 empregados se ofereceu para se beneficiar do plano. Com isso, o Fundo pedirá que mais de uma centena deles continue a trabalhar na instituição. "A boa notícia é que poderemos concluir essa fase sem aposentadorias compulsórias", afirmou o diretor-gerente do FMI.
Entre os que devem sair, estão seis chefes de departamento.


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