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FGV prevê mais pressão dos alimentos no próximo mês
Alta no preço do arroz no atacado, por exemplo, não se refletiu ainda no varejo
IGP-M se desacelera para 0,69% neste mês, contra 0,74% em março; porém, no acumulado dos últimos 12 meses, é o maior desde 2005
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Apesar da desaceleração neste mês, quando teve alta de
0,69%, contra 0,74% em março, o acumulado do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) nos últimos 12 meses (9,81%) é o mais alto registrado
pela FGV (Fundação Getulio
Vargas) desde abril de 2005.
Os produtos industriais, com
forte influência dos alimentos
processados, puxaram o IPA
(Índice de Preços por Atacado),
que tem o maior peso no índice
(60%) e apresentou alta de
0,65% neste mês. No IPC (Índice de Preços ao Consumidor),
que responde por 30% do
IGP-M, houve aumento de
0,76%, com destaque para o
item alimentação (1,76%).
Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, não é possível afirmar que o auge da inflação dos
alimentos foi em 2007, pois há
outros elementos de pressão
nos preços, como compras especulativas e o fechamento de
fronteiras. Neste mês, a Argentina voltou a suspender as exportações de trigo para o Brasil,
que, por sua vez, apesar de tentar derrubar a medida do vizinho, proibiu por tempo indeterminado a exportação de arroz dos estoques públicos.
Apesar da expansão de 1,76%
no item alimentação, há pressões que ainda não se refletiram na ponta, no bolso do consumidor. Um dos exemplos é o
arroz, que teve variação de
12,08% neste mês na indústria,
mas caiu 1,14% no varejo.
Demanda internacional
O produtor, no entanto, ainda não se beneficiou de toda a
subida de preço com a elevação
da demanda internacional. Em
plena safra, o arroz em casca,
que é vendido pelos agricultores à indústria, teve alta de
6,44% neste mês. Élcio Bento,
analista da consultoria Safras &
Mercado, considera que a tendência é a acomodação dos valores, não de grandes retrações.
A saca de 50 kg vendida no Rio
Grande do Sul, principal produtor de arroz do país, passou
de R$ 22 (março) para R$ 32.
Os derivados de trigo também devem pressionar ainda
mais a inflação nas próximas
semanas. A farinha de trigo teve alta de 4,07%, e o pão francês, de 7,03% no varejo, enquanto, no atacado, o trigo teve
aumento de 12,11% neste mês e
acumula alta de 58,69% nos últimos 12 meses. "Esse aumento
já considera a desvalorização
do dólar", ressalta Quadros,
acrescentando que, sem o efeito do câmbio, a expansão seria
ainda maior. No período de um
ano, a moeda teve depreciação
de 16% em relação ao real.
Indústria
Os alimentos processados tiveram alta de 1,10%, com influência, além do arroz, de carne bovina (1,66%), leite industrializado (2,09%) e massas alimentícias (5,16%). Na outra
ponta, puxando os preços no
atacado para baixo, estavam os
alimentos "in natura", que caíram 5,89% neste mês, com destaque para ovos (-16,43%) e feijão (-6,61%). Apesar da queda
de 19,43% no ano, o feijão ainda
acumula alta de 147,48% nos
últimos 12 meses.
Adubos e fertilizantes, que
também sentem os efeitos da
crise dos alimentos, registraram uma das maiores altas entre os itens pesquisados no atacado, com variação de 16,32%
neste mês, após aumento já elevado em março (9,28%).
Apesar de ter subido menos
do que no mês passado
(10,38%), o minério de ferro teve ainda forte expansão neste
mês (5,49%).
Os preços que compõem o
IGP-M foram coletados entre
21 de março e 20 de abril. Para o
economista da LCA Consultores Raphael Castro, o índice deve fechar o ano na casa dos 10%.
Ele ressalta ainda que, por causa da composição do
IGP-M, há efeitos que sofrem
dupla ou tripla contagem, como
o arroz, cuja variação é observada em três momentos.
O INCC (Índice Nacional de
Custo da Construção) completa os indicadores considerados
no IGP-M, com o menor peso
(10%). Em abril, teve variação
de 0,82%, com a alta no grupo
mão-de-obra. A aceleração foi
conseqüência dos reajustes salariais em Salvador e no Rio de
Janeiro. Em maio, o impacto
deverá ser ainda maior com o
reajuste em São Paulo.
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