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Taxa de juros pode voltar a subir em 2010
Com expectativa de reaquecimento da economia e alta de preços das commodities, mercado projeta retomada na alta da Selic
Dúvida é se BC fará agora um corte maior do juro e depois subirá o que for necessário ou se vai reduzir menos a taxa para evitar alta forte em 2010
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se o Banco Central confirmar as expectativas do mercado financeiro nas reuniões do
Copom (Comitê de Política
Monetária) de junho e julho, o
Brasil terá, pela primeira vez
desde a estabilização econômica, em 1994, taxas de juros de
um dígito, algo próximo a
9,25% ao ano. Mas o piso histórico não deverá durar muito.
Provavelmente, não mais que
um ano.
De acordo com as expectativas do mercado financeiro, a
Selic -taxa de referência da
economia- voltará a subir em
2010, ano eleitoral. As projeções até agora incorporam a
elevação de um ponto percentual, o que colocaria a taxa próxima a 10,25% ao ano.
O Banco Central, que no último relatório fez questão de enfatizar o baixo risco de pressões
inflacionárias em 2009, considera haver uma chance de 30%
de a inflação chegar ao final do
primeiro trimestre de 2011 em
um patamar maior que 4,6%,
acima do centro da meta fixada
pelo governo.
A premissa que sustenta a
provável elevação da Selic no
ano que vem é a de que a economia brasileira estará se recuperando em 2011 amparada pela
melhora no resto do mundo e
pelo aumento nos preços das
commodities. Como há uma
defasagem de quase um ano entre o aumento de juros pelo BC
e o impacto na economia, a elevação na taxa de juros teria que
ser feita em 2010.
Preocupação
"No segundo trimestre do
ano que vem, deve haver uma
revisão da política monetária.
Em 2011, inflação e crescimento podem voltar a preocupar",
diz o economista Roberto Padovani, estrategista para América Latina do Banco WestLB.
Por trás dessa discussão está
o que os economistas chamam
de "juros de equilíbrio", um número que ninguém sabe precisar, mas que é considerado como uma taxa neutra, que não
deprime o consumo e, ao mesmo tempo, é capaz de evitar que
ocorra um superaquecimento
da economia.
"Para tirar a economia do
atoleiro, os juros têm que operar abaixo do equilíbrio. Mas na
frente será necessário um ajuste fino", diz o economista Caio
Megale, da Mauá Invest.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, em entrevista
recente à Folha, disse que é
"prematuro" afirmar que o país
tem condições de manter a taxa de juros em um dígito.
O debate que toma conta dos
economistas que acompanham
o BC é como será feita a elevação. A principal incerteza é a
duração da crise econômica.
Mas fatores internos também
vão pesar. Entre eles, a resistência do governo, por exemplo, a um ajuste nos juros em
ano eleitoral e até mesmo a saída de Meirelles para se candidatar ao governo de Goiás.
A dúvida é se o BC fará uma
queda mais ousada agora e depois subirá o que for necessário
ou se preferirá reduzir a Selic
menos agora para não precisar
fazer um ajuste maior no ano
que vem.
"Tem muita incerteza até o
momento. A única coisa que se
pode dizer é que, se a atual condução da política monetária
continuar, em algum momento
até 2010, pode ser que a Selic
tenha que subir. Quanto e
quando é impossível saber neste momento", afirma o economista-chefe da MB Associados,
Sérgio Vale.
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