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Orçamento de Obama é aprovado
Proposta de US$ 3,5 tri, o equivalente a dois "Brasis", passa no Congresso
Plano muda prioridade dos gastos públicos, com mais dinheiro destinado à saúde e à educação pública e a planos de energia alternativa
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Cereja no bolo da celebração
dos cem dias de governo de Barack Obama, o Congresso dos
EUA aprovou na noite de ontem resolução sobre Orçamento proposto pelo presidente para o ano fiscal de 2010, que começa em outubro.
São US$ 3,5 trilhões de gastos, ou o equivalente a mais de 2
"Brasis". Agora, o presidente
deve apresentar um plano detalhado dos gastos, que voltará
a ser discutido pelo Legislativo,
mas a aprovação de ontem bate
recordes recentes de rapidez na
discussão da lei -o Orçamento
de 2009, por exemplo, o último
proposto por George W. Bush,
venceu o prazo legal de setembro passado sem ir a voto.
A velocidade foi elogiada por
Rahm Emanuel, chefe de gabinete (posto equivalente ao brasileiro ministro-chefe da Casa
Civil) de Obama. "Esse voto a
favor de nosso rascunho econômico é um ponto de exclamação no fim dos cem dias."
De fato, a proposta de Obama
lança a semente de mudança na
prioridade dos gastos públicos,
a mais profunda desde a gestão
de Ronald Reagan, nos anos 80.
Mais dinheiro será destinado à
saúde e à educação pública e a
planos de energia alternativa,
verba que será bancada em parte com aumento do Imposto de
Renda dos mais ricos, em parte
com um aumento no déficit.
Isso fez com que nenhum republicano votasse a favor da
medida em nenhuma das duas
Casas do Congresso. Nem mesmo um democrata recém-convertido, o senador Arlen Specter, que anunciou anteontem
que deixaria o partido de oposição, votou a favor da lei.
Os democratas se defenderam dizendo que o déficit será
de US$ 1,2 trilhão em 2010, ou o
equivalente ao PIB da Índia,
mas que esse valor cairá à metade nos cinco anos seguintes.
"Com esse Orçamento, o país
volta ao rumo da responsabilidade fiscal", disse Steny Hoyer,
líder da maioria na Câmara.
Se autoriza a mudança de
prioridades de Obama, a resolução aprovada ontem pelo
Congresso também limita o
raio de ação do presidente democrata. Faz isso ao deixar o
presidente aumentar as verbas
públicas das áreas que achar
mais importantes, mas o impede de aumentar o déficit além
do valor que consta da medida.
Ou seja, o dinheiro que ele
usar para aumentar os gastos
com saúde pública, por exemplo, terá necessariamente de
vir de outra área que perderá
dinheiro -e o democrata não
poderá contar na equação com
o maior ralo de gastos públicos:
a Defesa, com US$ 600 bilhões,
tem seu próprio Orçamento.
Por fim, a vitória de Obama
não vem sem percalços. Alguns
dos programas mais defendidos pelo democrata foram eliminados com a ajuda de seu
próprio partido. É o caso de
US$ 250 bilhões para possíveis
novas intervenções no sistema
financeiro e de US$ 600 bilhões
de impostos que seriam cobrados de empresas poluidoras
nos próximos dez anos.
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