São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Economia dos EUA encolhe 6,1% no 1º tri

Queda no PIB americano foi maior que a esperada, mas dado positivo sobre o consumo das famílias anima mercado

Recuo no preço da gasolina e promoções do varejo aquecem vendas, mas indústrias reduzem os estoques e a produção


FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

A economia americana teve nova contração significativa no primeiro trimestre do ano e encolheu 6,1% na taxa anualizada. Houve um colapso nos investimentos privados, que caíram à metade em relação a igual período em 2008, subtraindo 8,8 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto).
O recuo de 6,1% superou a média das expectativas, que apostavam em uma contração máxima de 4,7%, e veio na sequência da queda recorde de 6,3% registrada no último trimestre do ano passado.
Os EUA não atravessavam um período de contração tão longo quanto o atual (ele já dura nove meses) desde o primeiro trimestre de 1975. Já a intensidade da desaceleração nos últimos seis meses terminados em março é a maior em 51 anos.
Apesar do resultado negativo, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 2,1% (índice Dow Jones), apoiada principalmente no dado do PIB sobre o consumo das famílias: ele cresceu 2,2% no período, após ter despencado 4,3% no último trimestre de 2008. O setor de bens duráveis (eletrodomésticos, móveis e automóveis) puxou a alta. Contribuiu positivamente com 1,5 ponto percentual no cálculo do PIB.
Nos EUA, o consumo responde por 70% do crescimento do PIB, daí o relativo otimismo do mercado. A reação do consumo foi impulsionada, principalmente, pela queda nos preços da gasolina e pela promoções do comércio.
Os próximos meses serão cruciais para determinar se essa demanda dos consumidores vai se sustentar, já que o desemprego no país, atualmente em 8,5%, deve continuar crescendo até perto do final de 2010, segundo a maioria das previsões.
Além de cortar muito os investimentos, as indústrias americanas também reduziram de maneira abrupta a produção. O resultado foi uma redução no volume de estoques equivalente a US$ 103,7 bilhões (cerca da metade das reservas em dólares do Brasil).
Esse movimento contribuiu com um encolhimento de 2,8 pontos percentuais no PIB. Como comparação, no último trimestre de 2008 o corte nos estoques foi de cerca de US$ 25 bilhões.

Gastos estatais
Além da contribuição negativa da produção e dos investimentos privados, o PIB foi arrastado para baixo por uma queda, no trimestre, dos gastos estatais. Ao contrário do último trimestre de 2008, quando os gastos públicos haviam subido 7% e ajudado a conter uma queda ainda maior do PIB, desta vez essas despesas estatais caíram 4%.
Ou seja, embora o PIB no primeiro trimestre do ano tenha ficado negativo e em patamar praticamente igual ao do último trimestre de 2008, desta vez foi o consumo das famílias, e não o do governo, que não permitiu que a economia afundasse ainda mais.
Se mantida a tendência de alta do consumo, combinada à força do pacote de gastos públicos de US$ 787 bilhões que deve começar a influenciar a economia no segundo semestre, a expectativa é que a economia dos EUA comece a crescer a partir de 2010. Para o terceiro trimestre, já se espera uma contração bem menor, de cerca de 2%.
No primeiro trimestre, o comércio internacional dos EUA também teve forte queda, com as importações caindo 34%, e as exportações, 30%. Foi o maior recuo desde 1969.
Os resultados, divulgados pelo Departamento do Comércio, também mostraram que o risco de forte deflação (queda nos preços) nos EUA vai aos poucos ficando para trás.
Indicador de preços relacionado ao consumo recuou apenas 1% no trimestre, ante queda de 4,9% entre outubro e dezembro do ano passado.


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