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Economia dos EUA encolhe 6,1% no 1º tri
Queda no PIB americano foi maior que a esperada, mas dado positivo sobre o consumo das famílias anima mercado
Recuo no preço da gasolina e promoções do varejo aquecem vendas, mas indústrias reduzem os estoques e a produção
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
A economia americana teve
nova contração significativa no
primeiro trimestre do ano e encolheu 6,1% na taxa anualizada.
Houve um colapso nos investimentos privados, que caíram à
metade em relação a igual período em 2008, subtraindo 8,8
pontos percentuais do PIB
(Produto Interno Bruto).
O recuo de 6,1% superou a
média das expectativas, que
apostavam em uma contração
máxima de 4,7%, e veio na sequência da queda recorde de
6,3% registrada no último trimestre do ano passado.
Os EUA não atravessavam
um período de contração tão
longo quanto o atual (ele já dura nove meses) desde o primeiro trimestre de 1975. Já a intensidade da desaceleração nos últimos seis meses terminados
em março é a maior em 51 anos.
Apesar do resultado negativo, a Bolsa de Nova York fechou
em alta de 2,1% (índice Dow Jones), apoiada principalmente
no dado do PIB sobre o consumo das famílias: ele cresceu
2,2% no período, após ter despencado 4,3% no último trimestre de 2008. O setor de
bens duráveis (eletrodomésticos, móveis e automóveis) puxou a alta. Contribuiu positivamente com 1,5 ponto percentual no cálculo do PIB.
Nos EUA, o consumo responde por 70% do crescimento do
PIB, daí o relativo otimismo do
mercado. A reação do consumo
foi impulsionada, principalmente, pela queda nos preços
da gasolina e pela promoções
do comércio.
Os próximos meses serão
cruciais para determinar se essa demanda dos consumidores
vai se sustentar, já que o desemprego no país, atualmente
em 8,5%, deve continuar crescendo até perto do final de
2010, segundo a maioria das
previsões.
Além de cortar muito os investimentos, as indústrias
americanas também reduziram de maneira abrupta a produção. O resultado foi uma redução no volume de estoques
equivalente a US$ 103,7 bilhões
(cerca da metade das reservas
em dólares do Brasil).
Esse movimento contribuiu
com um encolhimento de 2,8
pontos percentuais no PIB. Como comparação, no último trimestre de 2008 o corte nos estoques foi de cerca de US$ 25
bilhões.
Gastos estatais
Além da contribuição negativa da produção e dos investimentos privados, o PIB foi arrastado para baixo por uma
queda, no trimestre, dos gastos
estatais. Ao contrário do último
trimestre de 2008, quando os
gastos públicos haviam subido
7% e ajudado a conter uma queda ainda maior do PIB, desta
vez essas despesas estatais caíram 4%.
Ou seja, embora o PIB no primeiro trimestre do ano tenha
ficado negativo e em patamar
praticamente igual ao do último trimestre de 2008, desta
vez foi o consumo das famílias,
e não o do governo, que não
permitiu que a economia afundasse ainda mais.
Se mantida a tendência de alta do consumo, combinada à
força do pacote de gastos públicos de US$ 787 bilhões que deve começar a influenciar a economia no segundo semestre, a
expectativa é que a economia
dos EUA comece a crescer a
partir de 2010. Para o terceiro
trimestre, já se espera uma
contração bem menor, de cerca
de 2%.
No primeiro trimestre, o comércio internacional dos EUA
também teve forte queda, com
as importações caindo 34%, e
as exportações, 30%. Foi o
maior recuo desde 1969.
Os resultados, divulgados pelo Departamento do Comércio,
também mostraram que o risco
de forte deflação (queda nos
preços) nos EUA vai aos poucos
ficando para trás.
Indicador de preços relacionado ao consumo recuou apenas 1% no trimestre, ante queda de 4,9% entre outubro e dezembro do ano passado.
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