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BC dos EUA vê ritmo menor de contração da economia
Mas, para Fed, economia deve "continuar em ritmo fraco por algum tempo"
Autoridade monetária descarta por enquanto nova injeção de liquidez; analista vê evidências de que "fundo do poço" está mais próximo
DE NOVA YORK
O Federal Reserve (o Fed,
banco central dos EUA) já vê sinais de "diminuição no ritmo"
de contração da economia
americana e, por isso, decidiu
interromper sua política agressiva de injetar dinheiro na economia por meio da compra de
títulos do Tesouro e de papéis
relacionados ao mercado imobiliário.
O Fed também anunciou que
manterá inalterada no patamar
atual a taxa de juro dos EUA,
entre zero e 0,25%.
A partir de janeiro, após ser
conhecida a contração de 6,3%
no PIB dos EUA no último trimestre de 2008, o Fed anunciou compras que somaram
cerca de US$ 1,25 trilhão desses
papéis, o que injetou dinheiro
na economia. Desta vez, mesmo com nova contração de
6,1% no PIB (Produto Interno
Bruto) no primeiro trimestre, o
remédio foi descartado.
"A economia continua a se
contrair, mas o ritmo dessa
contração aparentemente está
diminuindo", disse o Fed em
comunicado após dois dias de
reunião do seu Comitê de Mercado Aberto, conhecido como
Fomc. "Os gastos das famílias
mostram sinais de estabilidade,
mas continuam deprimidos
diante da perda de empregos,
do valor dos imóveis e do aperto no crédito."
A expectativa do Fed é que as
intervenções no sentido de injetar liquidez (dinheiro) no
mercado já tenham sido suficientes para manter os juros
baixos e estimular novos empréstimos para empresas e
consumidores. Mas novas
ações do tipo não foram descartadas.
"O Fomc vai continuar avaliando a evolução de suas compras de títulos à luz das condições da economia e do mercado
financeiro", disse o Fed em documento divulgado ontem. Para a instituição, a economia dos
EUA "deve continuar em ritmo
fraco por algum tempo", mas é
esperada uma "gradual volta do
crescimento sustentado dentro
de um quadro de estabilidade
de preços".
Reconhecendo a recente alta
nos mercados acionários, o
Fomc removeu de seu comunicado a referência ao efeito negativo do baixo preço das ações
no consumo, mas acrescentou
que as empresas seguem cortando o número de empregados, elevando sua preocupação
com o rápido crescimento do
desemprego na maior economia do planeta.
Fundo do poço
Para William Poole, analista
do Cato Institute em Washington, "há um acúmulo de evidências de que talvez não estejamos tão distantes do fundo do
poço, pois o Fed adotou políticas fortemente expansionistas
no sentido de uma recuperação".
Já Robert Eisenbeis, economista da Cumberland Advisors,
de Nova Jersey, disse que "muito tem se falado sobre "sinais
verdes" [na economia], mas há
também um monte de folhas
mortas pelo chão".
Para a maioria dos analistas,
mesmo que comece a ocorrer
até o final de 2009, a recuperação nesta recessão deverá ser
particularmente lenta.
(FERNANDO CANZIAN)
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