São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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BC dos EUA vê ritmo menor de contração da economia

Mas, para Fed, economia deve "continuar em ritmo fraco por algum tempo"

Autoridade monetária descarta por enquanto nova injeção de liquidez; analista vê evidências de que "fundo do poço" está mais próximo


DE NOVA YORK

O Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA) já vê sinais de "diminuição no ritmo" de contração da economia americana e, por isso, decidiu interromper sua política agressiva de injetar dinheiro na economia por meio da compra de títulos do Tesouro e de papéis relacionados ao mercado imobiliário.
O Fed também anunciou que manterá inalterada no patamar atual a taxa de juro dos EUA, entre zero e 0,25%.
A partir de janeiro, após ser conhecida a contração de 6,3% no PIB dos EUA no último trimestre de 2008, o Fed anunciou compras que somaram cerca de US$ 1,25 trilhão desses papéis, o que injetou dinheiro na economia. Desta vez, mesmo com nova contração de 6,1% no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, o remédio foi descartado.
"A economia continua a se contrair, mas o ritmo dessa contração aparentemente está diminuindo", disse o Fed em comunicado após dois dias de reunião do seu Comitê de Mercado Aberto, conhecido como Fomc. "Os gastos das famílias mostram sinais de estabilidade, mas continuam deprimidos diante da perda de empregos, do valor dos imóveis e do aperto no crédito."
A expectativa do Fed é que as intervenções no sentido de injetar liquidez (dinheiro) no mercado já tenham sido suficientes para manter os juros baixos e estimular novos empréstimos para empresas e consumidores. Mas novas ações do tipo não foram descartadas.
"O Fomc vai continuar avaliando a evolução de suas compras de títulos à luz das condições da economia e do mercado financeiro", disse o Fed em documento divulgado ontem. Para a instituição, a economia dos EUA "deve continuar em ritmo fraco por algum tempo", mas é esperada uma "gradual volta do crescimento sustentado dentro de um quadro de estabilidade de preços".
Reconhecendo a recente alta nos mercados acionários, o Fomc removeu de seu comunicado a referência ao efeito negativo do baixo preço das ações no consumo, mas acrescentou que as empresas seguem cortando o número de empregados, elevando sua preocupação com o rápido crescimento do desemprego na maior economia do planeta.

Fundo do poço
Para William Poole, analista do Cato Institute em Washington, "há um acúmulo de evidências de que talvez não estejamos tão distantes do fundo do poço, pois o Fed adotou políticas fortemente expansionistas no sentido de uma recuperação".
Já Robert Eisenbeis, economista da Cumberland Advisors, de Nova Jersey, disse que "muito tem se falado sobre "sinais verdes" [na economia], mas há também um monte de folhas mortas pelo chão".
Para a maioria dos analistas, mesmo que comece a ocorrer até o final de 2009, a recuperação nesta recessão deverá ser particularmente lenta. (FERNANDO CANZIAN)


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