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Cresce endividamento do consumidor em SP
Aumenta número de clientes com dívidas em mais de uma loja ou banco, diz associação comercial; prazo de financiamento também é maior
Entidade vê crescimento dos débitos nas classes de menor renda; inadimplência segue controlada, mas deverá avançar, diz economista
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Cresceu o número de consumidores com dívidas com mais
de uma loja ou instituição financeira e aumentaram os prazos para quitar as prestações.
Pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo
com consumidores que procuraram o balcão do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) mostra que, em março, de
cada 100 pessoas com dívidas,
61 tinham débitos com mais de
uma empresa. Em setembro do
ano passado, eram 53 pessoas.
E os prazos de financiamento
para pessoas físicas, que eram
de 488 dias, em média, em março de 2009, subiram para 526
dias no mês passado, segundo
dados do Banco Central.
O crescimento da renda, a facilidade para a obtenção de crédito e a expansão dos prazos de
financiamento estimularam o
aumento do endividamento.
Para a Associação Comercial,
apesar de a inadimplência geral
estar hoje em queda, a pesquisa
revela que é hora de o lojista e o
consumidor terem mais cautela, principalmente agora com o
ciclo de alta de juros. Quanto
maiores as taxas, maior a dificuldade de quitar os débitos.
"Esse dado é um sinal de alerta, já que o endividamento excessivo, com tendência de alta
de juros, pode resultar no aumento da inadimplência daqui
para a frente", diz Marcel Solimeo, economista da entidade.
Há indícios, segundo a associação, de que o aumento de
consumidores com dívidas com
mais de uma empresa esteja
mais concentrado nas classes
de menor renda. A estimativa é
que nos últimos três anos 30
milhões de consumidores passaram a comprar a prazo.
Com base no banco de dados
do SCPC, de cada 100 novos
consumidores que compraram
a prazo em agosto do ano passado, 8,4 ficaram inadimplentes
em São Paulo. No caso dos que
já compravam a prestações, 6,7
caíram em inadimplência.
"O que está ocorrendo é que
um público que não tinha o costume de comprar a crédito passou a se endividar acima de sua
capacidade financeira. Esse
grupo ainda é pequeno, mas pode ter impacto na inadimplência total daqui para a frente",
afirma Solimeo.
Alertas
Luiz Rabi, gerente de Indicadores de Mercado da Serasa
Experian, prevê que a inadimplência deva voltar a subir já a
partir do segundo semestre
deste ano porque a renda mais
comprometida e os juros mais
altos podem resultar num desequilíbrio no orçamento dos
novos consumidores.
O número de pessoas que
procuraram crédito no mês
passado, segundo a Serasa Experian, cresceu 18,3% em relação a fevereiro. Esse resultado
fez o indicador de demanda do
consumidor por crédito atingir
recorde desde janeiro de 2007.
Sinal de que a inadimplência
do consumidor pode voltar a
subir, segundo ele, é o dado do
BC que mostra a relação entre
as dívidas de pessoas físicas
vencidas entre 15 e 90 dias após
a compra financiada -antes de
ser considerada inadimplência- e o valor do crédito concedido para a aquisição de bens.
As dívidas vencidas representavam 6,6% em janeiro, 7,2% em
fevereiro e 7,7% em março.
"Esse é um sinal que precede a
inadimplência", afirma Rabi.
Rodrigo Del Claro, diretor da
Crivo, empresa de software e
serviços para decisão de crédito
e análise de risco, afirma que os
principais clientes, como instituições financeiras e redes de
varejo, não registram alta da
inadimplência, mas estão preocupados com o elevado endividamento da população e a tendência de alta dos juros nos
próximos meses.
"É inegável que houve aumento do endividamento dos
consumidores, mas é discutível
se isso provocará alta da inadimplência. O endividamento
das famílias não é problema se
o horizonte é de expansão da
renda", diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
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