São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2001

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Globo levará apagão para trama de novela

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

A data do temido apagão já está marcada. Ele ocorrerá na primeira semana do mês de julho. Pelo menos na novela das oito, "Porto dos Milagres", da TV Globo. A fictícia cidade baiana, que dá título à trama, ficará às escuras por 30 minutos, causando caos na vida de seus moradores.
O prefeito Félix Guerreiro, interpretado pelo ator Antônio Fagundes, é quem decretará as medidas de racionamento de energia elétrica na cidade. As cenas, que estão sendo escritas pelo autor Ricardo Linhares, vão ao ar a partir do dia 2 de julho e devem durar seis capítulos.
"É uma crítica bem-humorada ao que estamos vivendo hoje. Mas não terá um tom dramático. O clima é de paródia", afirma Ricardo Linhares.
As primeiras cenas apresentarão as regras do racionamento na cidade fictícia. Em seguida, porém, o prefeito Guerreiro decide assustar a população, ordenando ao seu capanga Eriberto (José de Abreu) que realize um apagão repentino.

Caótica
A cidade de Porto dos Milagres fica caótica. As pessoas se perdem uma das outras, e o prefeito aproveita a confusão para desaparecer. Como na vida real, a culpa da crise energética da cidade de Porto dos Milagres é creditada à falta de chuva.
A oposição, representada pelo pescador Guma (Marcos Palmeira) e pelo comerciante Babau (Cláudio Correa e Castro), lidera as críticas, protestando contra a falta de investimentos em energia elétrica em Porto dos Milagres.
Linhares avisa que a trama não será um passo a passo dos acontecimentos da crise de energia elétrica que assola o Brasil na vida real.
"Não queremos aumentar muito essas cenas para não atrapalhar a trama da novela", afirma o autor da novela.

ACM
"Porto dos Milagres", também assinada pelo dramaturgo Agnaldo Silva, vem se tornando um painel dos fatos políticos e do cotidiano do país. Recentemente, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) inspirou a introdução de um personagem na história -o senador baiano Victorio Viana, interpretado pelo ator Lima Duarte.
Se, na vida real, Antonio Carlos Magalhães teve sua conversa gravada pelo procurador Luiz Francisco Souza, na novela, Victorio Viana teve conversas gravadas pelo prefeito Guerreiro.
O prefeito utiliza a fita, na qual o senador faz acusações de corrupção contra políticos aliados, para chantagear Viana, pedindo seu apoio para a eleição ao governo da Bahia.
Ricardo Linhares e Aguinaldo Silva também já incluíram na novela a discussão em torno de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Corrupção.


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