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CMN facilita envio de dólares ao exterior
Abertura do mercado de câmbio permitirá que estabelecimentos como padarias e mercados possam fazer e receber remessas
Limite será de US$ 3.000; hotéis e agências de turismo poderão atuar como casas de câmbio e real poderá ser vendido fora do país
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou, ontem,
novas medidas que promoverão uma abertura maior do
mercado de câmbio brasileiro.
São ações para facilitar a compra e a venda de moeda estrangeira por turistas e pequenos
importadores e exportadores,
além das transferências unilaterais -envio de dinheiro para
o exterior ou remessas feitas
por brasileiros do exterior.
As medidas foram aprovadas
pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelos
ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do
Banco Central). A partir de agora qualquer empresa não-financeira poderá se credenciar
junto a um banco autorizado a
operar com câmbio para enviar
dinheiro ao exterior, no limite
de US$ 3.000 por operação.
Hoje, só os bancos autorizados a operar com câmbio podem fazer essas operações.
Com a mudança, até supermercados e padarias poderão realizar essas transações. Esses estabelecimentos, que funcionarão como correspondentes
bancários, receberão o dinheiro e o encaminharão ao banco,
que fará a remessa ao exterior.
Um brasileiro que trabalha
nos EUA, por exemplo, poderá
mandar dinheiro à família no
Brasil e essa família poderá sacá-lo no estabelecimento mais
próximo de casa que tenha se
cadastrado num banco. Esse
mecanismo é o mesmo que
existe hoje nos correspondentes bancários em agências do
Correios, casas lotéricas e farmácias, entre outros.
No ano passado, o saldo das
chamadas transferências unilaterais foi de US$ 4 bilhões. A expectativa do BC é que some
US$ 3,8 bilhões neste ano.
A segunda medida aprovada
pelo CMN ontem foi a autorização para que agências de turismo, pousadas, hotéis e outras
empresas do ramo possam vender e comprar moeda estrangeira e cheques de viagens de
turistas sem precisar se credenciar no BC. Basta ser listado
no Ministério do Turismo.
Também estarão limitadas a
US$ 3.000 por operação, e o
comprador poderá apresentar
apenas um documento de identidade para fazer a compra. Não
será exigido o passaporte e a
passagem aérea que comprove
uma viagem ao exterior.
Com essa mudança, as 26 mil
empresas já listadas hoje no
Ministério do Turismo poderão funcionar também como
casas de câmbio, obedecendo
aos limites das operações. Até
hoje, agências de viagens e hotéis só podiam vender moeda
estrangeira se credenciadas pelo BC: são hoje 240 agências e
sete hotéis.
A diretora de Assuntos Internacionais do BC, Maria Celina
Arraes, disse que o objetivo do
governo ao promover essas
mudanças é aumentar a concorrência e reduzir o preço dessas operações de pequeno porte com moeda estrangeira. "É,
sim, uma abertura de mercado.
Essas medidas vão aumentar a
concorrência e reduzir o preço", disse Arraes.
Outra mudança para os turistas foi a autorização dada aos
bancos no exterior para vender
reais. Com isso, os estrangeiros
que vierem ao Brasil poderão
comprar reais nos bancos em
seus países. Hoje, a venda de
reais no exterior é proibida.
O presidente da Abav (Associação Brasileira de Agentes de
Viagens), Carlos Alberto Amorim Ferreira, elogiou as mudanças que permitirão as agências e hotéis a venderem dólares sem autorização do BC. "Esse era um pleito antigo da Abav.
Com a medida, os turistas poderão fazer reservas, comprar
passagens e dólares nas agências, tudo de uma vez", disse.
Além das mudanças para turistas, o CMN autorizou o aumento de limite para corretoras, cooperativas de crédito e outras instituições financeiras
não-bancárias para comprar e
vender moeda, de US$ 10 mil
para US$ 50 mil. O novo limite
vai tornar a movimentação
mais barata para pequenos investidores. O limite para as
operações simplificadas de
câmbio para exportações e importações também subiu, de
US$ 20 mil para US$ 50 mil.
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