São Paulo, sábado, 30 de maio de 2009

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"Gazeta" pode ir a leilão em até 30 dias

CBM, de Nelson Tanure, rescinde contrato de uso do título, e jornal deixa de circular

Funcionários do diário entram em férias coletivas, e empresa afirma que vai realocá-los em outras publicações


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa Problem Solver, fiel depositária da marca "Gazeta Mercantil", pedirá na próxima segunda que seja remarcado novo leilão da marca. Segundo o advogado Carlo Frederico Müller, que representa a empresa, a expectativa é que o leilão seja marcado em até 30 dias. Nesta semana, Müller diz ter sido procurado por três interessados no título.
"Como fiel depositária, a Problem Solver tem o dever legal de zelar pela marca e pretendemos pedir também sua propriedade", afirma Müller.
Hoje, a marca "Gazeta Mercantil" pertence à Gazeta Mercantil S.A., de Luiz Fernando Levy. Em 2003, foi licenciada à CBM (Companhia Brasileira de Multimídia), de Nelson Tanure, que anunciou nesta semana o rompimento do contrato de uso da marca. A última edição da "Gazeta" sob responsabilidade da CBM circulou ontem.
Os funcionários da Gazeta entraram ontem em férias coletivas. A CBM, que também é dona da editora JB e da Peixes, que edita revistas como "Gula" e "Viver Bem", disse que realocará os empregados em outras publicações. A empresa prometeu pagar mais um mês de salário, após as férias coletivas.
O clima entre os funcionários, com relação ao recebimento de verbas rescisórias, férias e mês extra, é de ceticismo. "O histórico de mau pagador da CBM tem sido constante nos últimos anos e acentuou-se nos meses recentes", diz Guto Camargo, presidente do sindicato dos jornalistas de São Paulo.
Na semana passada, o sindicato entrou com representação no Ministério Público por não recolhimento do FGTS, entre outras supostas irregularidades praticadas pela editora JB, que emprega os funcionários que produzem a "Gazeta".
Apesar de acreditarem ser difícil a volta da publicação, os funcionários tentaram evitar o clima pesado no último dia. Após o fechamento da última edição do jornal, na noite de quinta, houve cervejada na Redação. Segundo jornalistas, o clima era de "dever cumprido e cabeça erguida".
Em reportagem publicada na edição de ontem, a CBM informou que, por cinco anos, adiantou mais de R$ 100 milhões em pagamentos de royalties que seriam feitos à Gazeta Mercantil S.A.. Os recursos teriam sido usados para saldar obrigações de responsabilidade da Gazeta.
Durante a semana, Levy havia dito à Folha que, em caso de rompimento unilateral do contrato, processaria a CBM por perdas e danos. Procurados, nem ele nem a CBM responderam a pedidos de entrevista.


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