São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Forbes investe US$ 400 mi no álcool

Empresa americana erguerá usina na República Dominicana com tecnologia brasileira visando EUA

75% do total investido deve ficar na região de Ribeirão Preto; planta no Caribe se beneficiará de acordo de livre comércio com EUA


JORGE SOUFEN JR
DA FOLHA RIBEIRÃO

O grupo americano Forbes anunciou em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que investirá US$ 400 milhões, ou R$ 796 milhões, para montar uma usina de cana-de-açúcar na República Dominicana, país da América Central.
Do total dos investimentos, 75% (o equivalente a R$ 597 milhões) devem ficar no país, na região de Ribeirão Preto, principal pólo sucroalcooleiro do mundo. O restante será investido na construção da usina na ilha de Santo Antonio.
O CEO da Forbes, Lucien Edward Forbes, esteve em Ribeirão Preto para assinar o contrato com um consórcio formado por dez empresas da região para a construção da usina. Lideradas pela Proeng, de Jaboticabal, as empresas vão fornecer o projeto de construção, know-how e maquinário para o empreendimento internacional.
"É um momento histórico porque, com esse empreendimento, queremos modificar a política energética, primeiro, dos EUA e, depois, do mundo. A energia renovável é a forma de salvar o planeta", disse o executivo, em português fluente.
É o primeiro grande investimento americano a beneficiar o setor sucroalcooleiro do Brasil anunciado desde a visita do presidente do EUA, George W. Bush, ao país, em março.
A Forbes já revende álcool brasileiro nos EUA. A nova usina será a primeira do grupo e, além de produzir álcool com cana plantada na República Dominicana, vai transformar o álcool hidratado comprado do Brasil em anidro (que é misturado à gasolina).
Segundo Forbes, a República Dominicana foi escolhida porque faz parte do acordo de livre comércio entre EUA, América Central e o país (Cafta-DR), o que garante a exportação do álcool a preços bem mais baixos do que se a usina fosse construída no Brasil.
Forbes disse que o grupo não pretende produzir açúcar. Também afirmou que a plantação de cana será orgânica -sem uso de agrotóxicos ou fertilizantes sintéticos. A lavoura será totalmente mecanizada.
Ele prevê que a usina começará a produzir no primeiro semestre de 2008 cerca de 750 mil litros de álcool/dia. Em plena capacidade, deverá chegar a 3 milhões. Terá capacidade inicial de processar 4 milhões de toneladas de cana ao ano, chegando ao auge de 7 milhões.
A usina também vai produzir energia pelo bagaço da cana (a chamada co-geração) e subprodutos da cana, como fertilizantes. O empreendimento deverá criar 5.000 empregos diretos.
Segundo Forbes, a empresa poderá expandir os investimentos no Caribe e em Cuba e já tem outros dois projetos engatilhados, um na Nigéria, outro no Equador. "No Brasil, estamos estudando."
João Luiz Franca, diretor da Proeng, afirmou que o projeto da usina na República Dominicana prevê o mínimo de poluição. "É uma unidade que tem preocupação muito grande com o impacto ambiental, que será praticamente zero."
O grupo Forbes trabalha com sistemas globais de telecomunicação por tecnologia digital e também publica a revista de mesmo nome, de negócios.


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