São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Fusões recuam um terço com fim de boom

Aperto no crédito internacional limitou o financiamento para grandes aquisições no setor corporativo no início do ano

Bancos de investimento têm queda de 27% nas receitas com operações de fusões e aquisições, mas já vêem possível reversão do quadro

JULIE MACINTOSH
DO "FINANCIAL TIMES", EM LONDRES

Os valores movimentados por fusões e aquisições recuaram em quase um terço no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007, descendo a US$ 1,86 trilhão, com o colapso do que era visto como um boom de operações de tomada de controle acionário e que levou a uma queda particularmente acentuada nas grandes transações.
Apesar do recuo no volume financeiro movimentado, o número bruto de transações anunciadas no primeiro semestre deste ano superou o total do primeiro semestre de 2007, de acordo com números preliminares da consultoria Dealogic.
Apenas as cinco maiores transações anunciadas nos seis meses iniciais do ano responderam por 15% do valor total de operações. Por outro lado, o total de negócios com valores superiores a US$ 1 bilhão teve uma forte queda no período.
O volume de transações envolvendo empresas ou fundos de private equity (participações em empresas) caiu 78% e respondeu por apenas 6% do movimento mundial de fusões e aquisições, a participação mais baixa para esse segmento desde 2001.
A retração do crédito continua impossibilitando os financiamentos de altos valores para a compra de grandes empresas. Por outro lado, as aquisições feitas diretamente pelo caixa do setor corporativo não conseguiram compensar essa lacuna, apesar de terem ganhado alguma agressividade no segundo trimestre deste ano.
Seis grandes fusões com valores superiores a US$ 20 bilhões, a maioria no setor de telecomunicações, duplicaram o volume do segmento de megatransações no primeiro trimestre. Os bancos atribuem a alta a uma demanda reprimida de parte de empresas que cobiçavam determinados ativos havia anos, mas vinham enfrentando competição excessiva de parte do setor de capital privado.

Surpresa
"Estamos muito, muito solicitados no momento. Há sinais de uma reversão", disse Jimmy Elliott, comandante das operações mundiais de fusões e aquisições do JPMorgan, que se surpreendeu por não ter visto esse movimento mais cedo.
Duas grandes cisões -a Philip Morris e a Time Warner optaram por estabelecer subsidiárias como empresas independentes, em lugar de ampliar suas dimensões por meio de aquisições- elevaram a US$ 157,9 bilhões o volume de capital envolvido em cisões no primeiro semestre, um recorde.
O valor de transações envolvendo empresas européias como alvo caiu 40% no primeiro semestre, para US$ 640 bilhões, o mais significativo declínio regional. O volume de transações nos Estados Unidos recuou 30%, para US$ 694,4 bilhões. Já as atividades envolvendo empresas na região Ásia/Pacífico, excetuado o Japão, contrariaram a tendência e chegaram ao recorde de US$ 311,1 bilhões. Na região, o destaque ficou para a oferta de US$ 32 bilhões da China Unicom pela China Netcom, que elevou o movimento na China a um recorde de US$ 114,8 bilhões.
O banco de investimentos Goldman Sachs liderou o ranking das instituições assessoras no mercado de fusões e aquisições, seguido por JPMorgan, Citigroup e Deutsche Bank.
O volume de receita gerada por fusões e aquisições para os bancos de investimento caiu 27% no primeiro semestre, o que coloca em destaque a extensão da crise que vem prejudicando os negócios no setor.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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