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Agrofolha
Agronegócio exporta mais volume, mas fatura menos
Desempenho reflete crise global; relatório da USP diz que setor "anda para trás"
Só o setor de fumo obteve receita maior com menos mercadorias embarcadas, segundo mostraram dados do Ministério da Agricultura
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Cinco de 11 principais setores
exportadores do agronegócio
brasileiro venderam mais de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2008,
mas mesmo assim enfrentam
reduções de preços e faturamento menor em dólar. O agronegócio ainda sofre fortemente
os efeitos da crise mundial.
O único setor que arrecadou
mais com as vendas externas
foi o do fumo. Apesar de ter
vendido 14% a menos (33 mil
toneladas) nos cinco primeiros
meses do ano, faturou 17% a
mais (US$ 922 milhões), conforme levantamento da Folha.
Apenas o complexo sucroalcooleiro conseguiu equilibrar
aumento de vendas com faturamento. Ambos somaram
27% na comparação dos períodos. O setor vendeu 1,9 milhão
de toneladas a mais neste ano.
Todos os outros setores exportadores analisados negociaram seus produtos por valores
inferiores aos de 2008. O complexo soja, mesmo tendo vendido a mais 3,1 milhões de toneladas (19,8%), teve faturamento maior de apenas 0,9%.
O levantamento foi feito a
partir de dados do Ministério
da Agricultura.
A Folha calculou a variação
do volume exportado de janeiro a maio e comparou com a variação do faturamento obtido
com a venda externa apresentada no período.
O setor de cereais, farinhas e
preparações exportou 11,7% a
mais (409 mil toneladas), mas
faturou 15% a menos. Com as
exportações de fibras e produtos têxteis, as vendas cresceram 6,9% (18 mil toneladas),
mas o faturamento caiu 12,4%.
O setor do café vendeu 13,7%
a mais (83 mil toneladas), mas
faturou 8,7% menos ante igual
período de 2008.
Quedas maiores
Outros cinco setores, além de
vender menos, tiveram as
maiores quedas de faturamento na comparação entre todas
as principais exportações.
A maior perda de faturamento foi a do couro, que vendeu
14,8% a menos (23 mil toneladas) e faturou 45,9% menos.
Com os produtos florestais,
as vendas caíram 11,1% (691 mil
toneladas) e o faturamento
despencou 31,6%. O setor de
"carnes" exportou 4,8% menos
(120 mil toneladas), com retração de 21,8% na receita obtida.
As vendas de frutas foram
9,1% menores (33 mil toneladas) e o valor faturado caiu
20%. Por fim, as vendas de sucos caíram 0,7% (6.000 t) e a arrecadação foi 13,2% menor.
Relatório dos pesquisadores
Geraldo Barros, Arlei Fachinel-lo e Adriana Silva, do Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada da
USP), apontou que esse setor
econômico teve recuo de 0,53%
nas suas atividades no primeiro
trimestre do ano.
Para eles, a crise mundial pegou em cheio o Brasil. "Todos
os elos da cadeia do agronegócio andam para trás", diz o relatório, que destaca poucos setores com mais "firmeza". No caso do couro, o relatório diz que
a indústria de calçados marcha
aceleradamente para trás.
Apesar de o mercado externo
"parecer começar a destravar"
e mesmo com a crise sendo
amenizada, "o cenário do agronegócio poderá não mostrar
grandes mudanças" em 2009.
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