São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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Agrofolha

Agronegócio exporta mais volume, mas fatura menos

Desempenho reflete crise global; relatório da USP diz que setor "anda para trás"

Só o setor de fumo obteve receita maior com menos mercadorias embarcadas, segundo mostraram dados do Ministério da Agricultura

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Cinco de 11 principais setores exportadores do agronegócio brasileiro venderam mais de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2008, mas mesmo assim enfrentam reduções de preços e faturamento menor em dólar. O agronegócio ainda sofre fortemente os efeitos da crise mundial.
O único setor que arrecadou mais com as vendas externas foi o do fumo. Apesar de ter vendido 14% a menos (33 mil toneladas) nos cinco primeiros meses do ano, faturou 17% a mais (US$ 922 milhões), conforme levantamento da Folha.
Apenas o complexo sucroalcooleiro conseguiu equilibrar aumento de vendas com faturamento. Ambos somaram 27% na comparação dos períodos. O setor vendeu 1,9 milhão de toneladas a mais neste ano.
Todos os outros setores exportadores analisados negociaram seus produtos por valores inferiores aos de 2008. O complexo soja, mesmo tendo vendido a mais 3,1 milhões de toneladas (19,8%), teve faturamento maior de apenas 0,9%.
O levantamento foi feito a partir de dados do Ministério da Agricultura.
A Folha calculou a variação do volume exportado de janeiro a maio e comparou com a variação do faturamento obtido com a venda externa apresentada no período.
O setor de cereais, farinhas e preparações exportou 11,7% a mais (409 mil toneladas), mas faturou 15% a menos. Com as exportações de fibras e produtos têxteis, as vendas cresceram 6,9% (18 mil toneladas), mas o faturamento caiu 12,4%.
O setor do café vendeu 13,7% a mais (83 mil toneladas), mas faturou 8,7% menos ante igual período de 2008.

Quedas maiores
Outros cinco setores, além de vender menos, tiveram as maiores quedas de faturamento na comparação entre todas as principais exportações.
A maior perda de faturamento foi a do couro, que vendeu 14,8% a menos (23 mil toneladas) e faturou 45,9% menos.
Com os produtos florestais, as vendas caíram 11,1% (691 mil toneladas) e o faturamento despencou 31,6%. O setor de "carnes" exportou 4,8% menos (120 mil toneladas), com retração de 21,8% na receita obtida.
As vendas de frutas foram 9,1% menores (33 mil toneladas) e o valor faturado caiu 20%. Por fim, as vendas de sucos caíram 0,7% (6.000 t) e a arrecadação foi 13,2% menor.
Relatório dos pesquisadores Geraldo Barros, Arlei Fachinel-lo e Adriana Silva, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP), apontou que esse setor econômico teve recuo de 0,53% nas suas atividades no primeiro trimestre do ano.
Para eles, a crise mundial pegou em cheio o Brasil. "Todos os elos da cadeia do agronegócio andam para trás", diz o relatório, que destaca poucos setores com mais "firmeza". No caso do couro, o relatório diz que a indústria de calçados marcha aceleradamente para trás.
Apesar de o mercado externo "parecer começar a destravar" e mesmo com a crise sendo amenizada, "o cenário do agronegócio poderá não mostrar grandes mudanças" em 2009.


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