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INCENTIVO
Empresa terá direito ao regime automotivo, cujo prazo de inscrição foi esticado devido à pressão do PFL baiano
Governo muda lei para beneficiar Ford
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O governo, pressionado pelos
aliados do PFL da Bahia, decidiu
beneficiar a instalação da montadora Ford no Estado alterando a lei
que estabeleceu o regime automotivo para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A Ford poderá obter os incentivos federais com a reabertura do
prazo de inscrição no regime até 31
de dezembro deste ano.
A saída legal foi incluir um artigo
na medida provisória que trata de
incentivos fiscais regionais. O
Congresso estava reunido ontem à
noite para votar a MP.
"A alteração abre uma janela para que as empresas possam se inscrever no regime automotivo do
Nordeste", afirmou o relator da
MP, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
"O prazo pode ser até outubro,
até agosto. O importante é abrir o
prazo para habilitação (ao regime
de benefícios). A União não vai renunciar a nada, porque, se a Ford
não for para o Nordeste, ela vai para outro país, e o Brasil não vai ganhar nada", argumentou o secretário da Indústria e Comércio da
Bahia, Benito Gama (PFL), que
acompanhou a elaboração do texto da proposta.
Para permitir a votação da proposta rapidamente, antes do recesso parlamentar, o relator inicialmente designado para dar o parecer à MP, senador Edison Lobão
(PFL-MA), foi substituído ontem
por Aleluia, ligado ao presidente
do Congresso, senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA).
A inclusão da Ford no regime automotivo permite o acesso da empresa a um pacote amplo de incentivos fiscais previstos na lei 9.440
de 14 de março de 1997.
Entre os benefícios estão as reduções de 100% do II (Imposto de
Importação) de bens de capital, de
90% do II de insumos e de 50% do
II de veículos, além de isenção de
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente na aquisição de bens de capital e do Imposto de Renda sobre o lucro do
empreendimento.
"Temos de celebrar o fato de a
Ford ir para o Nordeste", afirmou
o deputado Ronaldo Cézar Coelho
(PSDB-RJ), vice-líder do governo
no Congresso. Segundo ele, a decisão de mudar a lei para permitir a
instalação da Ford na Bahia está
dentro da política industrial do governo de descentralizar o setor.
Segundo ele, a Ford teria outras
formas para ter acesso aos benefícios da lei que criou o regime automotivo. A empresa poderia, segundo Ronaldo Cézar, comprar
uma carta patente de empresas que
já tenham registro no regime.
"Isso é feio e estaríamos consagrando um cartório se não modificássemos a lei. A alteração é indiferente para a Ford, mas não é indiferente para o governo, porque estamos fazendo uma coisa direta",
disse Ronaldo Cézar.
De acordo a Ford, a fábrica baiana é o maior projeto que a empresa
tem no mundo. Os investimentos
serão de US$ 1,3 bilhão, com a previsão de gerar 5.000 empregos diretos em três anos.
Estimulada pelos incentivos concedidos à Ford, a Hyundai está retomando as negociações para implantar uma fábrica no Estado. O
governador da Bahia, César Borges
(PFL), disse que a Hyundai "precisa apenas redefinir o projeto e escolher novos sócios no Brasil".
Colaborou a Agência Folha, em Salvador e em
Recife
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