São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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TRABALHO
Em pleno palanque, secretário de Governo autoriza o de Emprego a procurar o Senai para acertar requalificação
Prefeitura de SP ainda corre atrás de cursos

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Desempregada selecionada pela Prefeitura de SP beija a mão de Celso Pitta, ontem, no sambódromo, onde foram assinados os contratos


FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

Metade dos 6.500 desempregados que foram chamados pela Prefeitura de São Paulo para participar das frentes de trabalho ainda não tem curso garantido.
Quando anunciou o programa, em maio, a prefeitura se comprometeu a dar aos aprovados, por seis meses, emprego para receber R$ 136 por mês e cursos para qualificação profissional.
Ontem, durante a assinatura dos contratos, que reuniu os selecionados no Sambódromo do Anhembi, a questão dos cursos teve solução de última hora.
Fernando Salgado, secretário do Emprego, tentou, no próprio palanque -onde estava o prefeito Celso Pitta para cumprimentar os aprovados-, acertar cursos para todos os selecionados.
Carlos Augusto Meinberg, secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, autorizou Salgado, naquela hora, a procurar o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para poder viabilizar cursos para os demais.
Foi o que ele fez. Assim que a comitiva de Pitta deixou o Sambódromo, por volta das 12h, Salgado ligou para o Senai. "O secretário falou comigo e eu disse que podemos dar os cursos. Mas não há nada formalizado", diz Mario Eugênio Simões Onofre, gerente de marketing do Senai.
A proposta da prefeitura, segundo ele, é para que o Senai dê cursos para 10 mil pessoas. "Estamos preparados para isso, mas temos ainda de negociar com a prefeitura."
Onofre diz que o custo de um curso técnico por aluno varia de R$ 3 a R$ 4 por hora. Por um curso de 120 horas, como sugere a prefeitura, o custo pode variar de R$ 360 a R$ 480 por trabalhador.
"Acho que não vai custar tudo isso não", diz Salgado. Segundo ele, hoje a prefeitura vai discutir propostas de cursos das empresas, secretarias municipais e também do Senai. Os recursos disponíveis para a primeira fase das frentes de trabalho somam R$ 15 milhões.
"Alguns cursos estão prontos e outros estão sendo negociados. Todos poderão fazer os cursos. Não podemos falhar", diz Meinberg. Até o próximo dia 12, segundo Salgado, todos os cursos estarão acertados. Alguns participarão de cursos já no dia 12. Outros começarão a trabalhar direto na limpeza de ruas e outros serviços.

Cesta básica
Debaixo de um sol forte, os selecionados estavam mais preocupados ontem em pegar a cesta básica -distribuição feita após a assinatura do contrato.
Mas alguns estavam interessados em obter mais informações sobre cursos. Clóvis Sunhiga, 36, quer fazer curso de pedreiro. "Já tenho 26 diplomas do Senai. Agora quero ter mais esse para estar mais preparado para enfrentar os bicos."
Sunhiga está desempregado há dez meses. "Nunca fiquei tanto tempo sem registro em carteira." Por causa do desemprego, teve de tirar os três filhos da escola e está sendo despejado de um apartamento da Cohab, da prefeitura.
A dívida com a prefeitura, diz ele, é de um ano. Ele já tentou fazer acordo para refinanciar os débitos, mas, para a renegociação, a prefeitura exige carteira assinada, seis meses de emprego e salário de R$ 900, no mínimo.
"Agora as coisas vão melhorar um pouco. Minha mulher foi selecionada para participar da frente de trabalho do governo estadual." Mas, ainda assim, os dois juntos não vão levar para casa nem a metade do que Sunhiga chegou a ganhar -cerca de R$ 800 por mês."
Após enfrentar horas debaixo do sol, José Raimundo de Oliveira, 40, saiu feliz com a cesta básica e o vale-transporte entregue pela prefeitura. "Minha família está esperando. Vai ter festa em casa."


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