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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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Ministros rejeitam opinião do Fundo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministros Ricardo Berzoini (Previdência) e José Dirceu (Casa Civil) criticaram ontem o FMI (Fundo Monetário Internacional) por dar opiniões sobre a política econômica adotada pelo governo brasileiro.
"Eu, pessoalmente, não ligo nem um pouco para a opinião do FMI", declarou Berzoini, que já se recusou, por duas vezes, a receber técnicos do FMI durante as reuniões para a segunda e terceira revisão do acordo assinado com o Brasil no ano passado.
Anteontem, o IEO (Escritório Independente de Avaliação, na sigla em inglês) divulgou relatório em que reconhece ter errado em suas avaliações durante a crise cambial brasileira (1998-1999), com críticas à gestão da equipe econômica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela falta de transparência na divulgação de dados sobre a economia brasileira.
O IEO foi criado pelo FMI justamente por causa das críticas que sofria em decorrência de sua atuação na crise dos países asiáticos, em 1997, e na América Latina.
"É público e notório que isso [erro na avaliação do FMI] aconteceu. Não vejo por que o FMI tenha que fazer análises, mas, já que fez, cada um que tire suas conclusões", disse Dirceu.
De acordo com Dirceu, o importante para o Brasil é "olhar para a frente" e realizar as reformas tributária e da Previdência, aprovar a lei de falências e "reduzir os juros de maneira consistente" para estimular o crescimento econômico no país.

Boca fechada
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) não quis comentar o relatório do FMI. Palocci disse que ainda não leu o documento e, por isso, não poderia fazer comentários.
Palocci também afirmou que não tinha visto as declarações do ministro Berzoini sobre o FMI e não fez nenhuma observação sobre o assunto.
Questionado se o relatório do Fundo não seria uma forma de pressão, Palocci disse que não vê dessa forma, pois o documento faz referências ao governo anterior.
"Eu leio o documento e falo com vocês (jornalistas) depois", reafirmou o ministro.
Berzoini disse ainda que o FMI deveria avaliar mais os "erros que cometeu na América Latina".
Desde o fim de semana, uma nova missão do FMI está em Brasília para a quarta revisão do acordo com o Brasil. O chefe da missão, Jorge Marquez-Ruarte, não quis comentar as declarações de Berzoini.


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