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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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ÁGUIA EM TRANSE

Índice do consumidor recua para o nível mais baixo desde março e afeta mercados, que esperavam alta

Desemprego derruba confiança nos EUA

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

A confiança do consumidor americano despencou de forma surpreendente em julho, derrubou os mercados de ações e títulos nos EUA e colocou em xeque a recuperação da maior economia do mundo neste semestre.
A notícia, divulgada ontem, estava no índice de confiança do consumidor, medido pelo Conference Board, instituto de pesquisa baseado em Nova York.
Esperava-se que o índice, que estava em 83,5 em junho, ficasse acima de 85 neste mês -mas ele caiu para 76,6. É o número mais baixo desde março, quando começou a Guerra do Iraque.
O indicador tem grande peso nos EUA, já que os gastos dos consumidores equivalem a dois terços da economia americana.
O principal responsável pela queda na confiança é o desemprego, que, segundo analistas, não deve diminuir tão cedo. "As expectativas vão continuar ruins até que o mercado de trabalho fique mais favorável", disse Lynn Franco, diretora do Conference Board.
A Bolsa de Nova York caiu logo após a divulgação do índice e fechou em baixa de 0,67%. Os títulos federais também foram afetados, atingindo retornos recordes em um ano -sinal de que sua atratividade diminuiu.
A queda na confiança do consumidor é ainda mais significativa porque ocorreu logo após o pacote de corte de impostos que, acredita o governo, vai fomentar a recuperação da economia.
"O fracasso do corte de impostos em aumentar a confiança do consumidor foi desapontador. A lista interminável de militares americanos mortos no Iraque pode ter ajudado a reduzir a confiança do consumidor. Os apertos nos orçamentos aumentaram a ansiedade do consumidor", disseram analistas da agência Moody's em relatório a seus clientes.
O índice de confiança do consumidor havia registrado seu maior aumento em 12 anos após o final da Guerra do Iraque. Mas agora dá sinais de que pode estar seguindo o caminho que trilhou após a Guerra do Golfo, em 1991 -quando, após subir inicialmente, atingiu recorde negativo.
Se assim for, será mau sinal para o presidente dos EUA, George W. Bush, que vai tentar sua reeleição no ano que vem. Estaria se desenhando cenário parecido com o que derrotou seu pai daquela vez: consumidores desanimados, mercado de trabalho desaquecido e economia anêmica.
Mas Bush ainda poderia olhar para o índice de sentimento do consumidor, apurado pela Universidade de Michigan e que vem se mostrando mais positivo que o número do Conference Board.


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