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ÁGUIA EM TRANSE
Índice do consumidor recua para o nível mais baixo desde março e afeta mercados, que esperavam alta
Desemprego derruba confiança nos EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
A confiança do consumidor
americano despencou de forma
surpreendente em julho, derrubou os mercados de ações e títulos
nos EUA e colocou em xeque a recuperação da maior economia do
mundo neste semestre.
A notícia, divulgada ontem, estava no índice de confiança do
consumidor, medido pelo Conference Board, instituto de pesquisa
baseado em Nova York.
Esperava-se que o índice, que
estava em 83,5 em junho, ficasse
acima de 85 neste mês -mas ele
caiu para 76,6. É o número mais
baixo desde março, quando começou a Guerra do Iraque.
O indicador tem grande peso
nos EUA, já que os gastos dos
consumidores equivalem a dois
terços da economia americana.
O principal responsável pela
queda na confiança é o desemprego, que, segundo analistas, não
deve diminuir tão cedo. "As expectativas vão continuar ruins até
que o mercado de trabalho fique
mais favorável", disse Lynn Franco, diretora do Conference Board.
A Bolsa de Nova York caiu logo
após a divulgação do índice e fechou em baixa de 0,67%. Os títulos federais também foram afetados, atingindo retornos recordes
em um ano -sinal de que sua
atratividade diminuiu.
A queda na confiança do consumidor é ainda mais significativa
porque ocorreu logo após o pacote de corte de impostos que, acredita o governo, vai fomentar a recuperação da economia.
"O fracasso do corte de impostos em aumentar a confiança do
consumidor foi desapontador. A
lista interminável de militares
americanos mortos no Iraque pode ter ajudado a reduzir a confiança do consumidor. Os apertos
nos orçamentos aumentaram a
ansiedade do consumidor", disseram analistas da agência Moody's
em relatório a seus clientes.
O índice de confiança do consumidor havia registrado seu maior
aumento em 12 anos após o final
da Guerra do Iraque. Mas agora
dá sinais de que pode estar seguindo o caminho que trilhou
após a Guerra do Golfo, em 1991
-quando, após subir inicialmente, atingiu recorde negativo.
Se assim for, será mau sinal para
o presidente dos EUA, George W.
Bush, que vai tentar sua reeleição
no ano que vem. Estaria se desenhando cenário parecido com o
que derrotou seu pai daquela vez:
consumidores desanimados,
mercado de trabalho desaquecido
e economia anêmica.
Mas Bush ainda poderia olhar
para o índice de sentimento do
consumidor, apurado pela Universidade de Michigan e que vem
se mostrando mais positivo que o
número do Conference Board.
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