|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVERSÃO RETÓRICA
Analistas acham difícil que juros voltem a cair neste ano
Juros futuros sobem após ata do BC
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação da ata da última
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) trouxe uma
dose extra de cautela ao mercado.
Agora poucos afirmam ver possibilidade de os juros básicos voltarem a cair neste ano.
A resposta do mercado financeiro veio por meio da elevação
das projeções dos juros futuros. A
taxa no contrato DI -que considera as taxas praticadas nas operações entre bancos- com vencimento daqui a um ano subiu de
17,09% para 17,38%. No contrato
com resgate em janeiro de 2005, o
mais negociado no pregão da
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros), a taxa foi de 16,42% para 16,54%.
A maior cautela dos investidores fez a Bolsa de Valores de São
Paulo puxar o freio de mão. A Bovespa até conseguiu subir, mas
pouco: 0,27%. O dólar recuou
0,56%, a R$ 3,037, acima do valor
em que era vendido há dez dias.
Para o banco Bradesco, a possibilidade de elevação da taxa básica da economia (Selic) é remota.
"A manutenção da taxa de juros
será suficiente para controlar as
expectativas de inflação e permitir
que a de 2005 fique relativamente
próxima do centro da meta e dentro do intervalo de tolerância", diz
em relatório o Bradesco, que espera manutenção da Selic em 16%
até o fim do ano.
Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, diz que o BC
reforçou na ata o fato de que tem
"instrumentos e pode utilizá-los
se achar necessário". Ou seja,
sempre há a possibilidade de o
Banco Central elevar os juros básicos se entender que há riscos de
pressões inflacionárias mais consistentes.
"Mas acho que as expectativas
de inflação vão recuar. Com isso,
vejo possibilidade de até haver redução na taxa básica de juros no
último bimestre, fazendo com
que a Selic encerre o ano em
15,5%", afirma Salomon.
Expectativas
A sinalização de uma alta dos
juros por parte do Banco Central
na ata divulgada ontem era necessária para conter o pessimismo
em relação ao comportamento da
inflação, de acordo com analistas
de mercado ouvidos pela Folha.
Para o economista-chefe do
BNP Paribas, Alexandre Lintz, a
piora nas expectativas para a inflação justifica a sinalização de alta na taxa de juros dada ontem pelo BC.
"As empresas não podem acreditar que o BC vai aceitar uma inflação mais alta", disse.
Para Lintz, a inflação registrada
nos últimos meses não chega a ser
preocupante, mas a piora nas expectativas pode fazer com que as
empresas reajustem seus preços
num ritmo acima do esperado
-esse movimento seria contido
com as afirmações feitas ontem
pelo BC.
"A sinalização da ata do Copom
pode ter sido uma tentativa de fazer um aperto do lado da curva de
juros futuros", diz o economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall.
Ou seja, a própria possibilidade
de que o BC pode elevar os juros
deve fazer com que as taxas praticadas no mercado se elevem, o
que já teria algum efeito sobre a
inflação.
Para a Modal Asset, "essa foi a
ata mais dura de toda a gestão do
atual BC" e, apesar de ser "muito
improvável", a hipótese de elevação de juros "não deve ser desprezada".
Em relatório distribuído ontem,
a LCA Consultores disse que cortes nos juros só são esperados a
partir do segundo trimestre do
ano que vem. Por outro lado, para
a consultoria "o BC só irá elevar a
taxa básica de juros se as expectativas inflacionárias para 2005
"desgarrarem", na direção de 6%".
As projeções de inflação para o
próximo ano têm oscilado em
torno dos 5,5%.
Dessa forma, de acordo com a
LCA, "o Banco Central deverá ir
se equilibrando no fio da navalha,
mantendo a Selic em 16% durante
um bom tempo".
Com a Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Bastidores: Planalto avalia que não há ambiente político para alta Próximo Texto: Frases Índice
|