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CRISE NO AR
Companhias reivindicam fim de gastos com a logística para a importação de combustível
Setor aéreo negocia alívio de custos com governo
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da TAM, Marco
Bologna, informou ontem que,
independentemente de negociações específicas de cada empresa,
o setor aéreo está negociando
com o governo o fim do custo de
logística da importação de querosene de aviação.
Segundo Bologna, o querosene
representa de 25% a 30% dos custos das companhias aéreas e teve
um aumento de 26,71% desde o
início do ano. Se retirado o custo
de logística de importação, esse
aumento cai à metade.
"A questão vem sendo debatida
dentro do governo, para chegar a
alguma forma de alívio", disse Bologna, repetindo três vezes que as
empresas não estão repassando
os aumentos para as tarifas dos
usuários.
Conforme a Folha apurou, o
governo de fato estuda uma forma de redução do custo total do
querosene de aviação, mas essa é
apenas uma das várias alternativas colocadas para as aéreas e não
há decisão.
Em Brasília nesta semana para
contatos no governo, Bologna
disse que o setor está muito menos nervoso em 2004 do que esteve, por exemplo, em 2003. Explicou que o dólar "está calmo", há
indícios promissores de crescimento da economia e "o mercado
está indo bem".
Citou o índice de 65% de ocupação dos vôos domésticos em junho, que deve subir para perto de
70% no balanço de julho, mês de
férias escolares. O grande nó imediato, na avaliação das aéreas, é o
impacto do combustível nos custos gerais.
Bologna teve audiências no Ministério da Defesa e participou de
um jantar na quarta-feira do ministro da área, José Viegas, com os
presidentes da TAM, da Varig e
da Gol. "Foi quase um encontro
social", desconversou.
O presidente da TAM não quis
comentar a decisão do governo de
parcelar em oito meses a dívida de
quase R$ 65 milhões que a Varig
acumulou com a Infraero (a estatal que administra os aeroportos)
entre os meses de janeiro e abril.
Fez questão, porém, de fazer
uma distinção: "A TAM e a Gol
são geradoras de caixa e não têm
necessidade desse tipo de negociação. Não precisam de novos
pleitos nem de renegociar o saldo
existente".
A TAM, segundo a Infraero e o
próprio Bologna, tem uma dívida
antiga de aproximadamente R$
98 milhões com a empresa, e essa
dívida foi securitizada e vem sendo paga em dia.
As três frentes de atuação das
aéreas: 1) uma consulta ao Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a concentração de mercado resultante do
sistema "code share" entre TAM e
Varig para compartilhar vôos; 2)
pressão para uma regulação sobre
oferta de vôos e vagas que permita
oficialmente tal concentração; 3)
saneamento do sistema e das empresas.
Dentro disso, há um esforço
junto ao STJ (Superior Tribunal
de Justiça) para que sejam revertidos em financiamentos os débitos
que as aéreas reivindicam a título
de ressarcimento de perdas por
planos econômicos passados.
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