São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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CRISE NO AR

Companhias reivindicam fim de gastos com a logística para a importação de combustível

Setor aéreo negocia alívio de custos com governo

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da TAM, Marco Bologna, informou ontem que, independentemente de negociações específicas de cada empresa, o setor aéreo está negociando com o governo o fim do custo de logística da importação de querosene de aviação.
Segundo Bologna, o querosene representa de 25% a 30% dos custos das companhias aéreas e teve um aumento de 26,71% desde o início do ano. Se retirado o custo de logística de importação, esse aumento cai à metade.
"A questão vem sendo debatida dentro do governo, para chegar a alguma forma de alívio", disse Bologna, repetindo três vezes que as empresas não estão repassando os aumentos para as tarifas dos usuários.
Conforme a Folha apurou, o governo de fato estuda uma forma de redução do custo total do querosene de aviação, mas essa é apenas uma das várias alternativas colocadas para as aéreas e não há decisão.
Em Brasília nesta semana para contatos no governo, Bologna disse que o setor está muito menos nervoso em 2004 do que esteve, por exemplo, em 2003. Explicou que o dólar "está calmo", há indícios promissores de crescimento da economia e "o mercado está indo bem".
Citou o índice de 65% de ocupação dos vôos domésticos em junho, que deve subir para perto de 70% no balanço de julho, mês de férias escolares. O grande nó imediato, na avaliação das aéreas, é o impacto do combustível nos custos gerais.
Bologna teve audiências no Ministério da Defesa e participou de um jantar na quarta-feira do ministro da área, José Viegas, com os presidentes da TAM, da Varig e da Gol. "Foi quase um encontro social", desconversou.
O presidente da TAM não quis comentar a decisão do governo de parcelar em oito meses a dívida de quase R$ 65 milhões que a Varig acumulou com a Infraero (a estatal que administra os aeroportos) entre os meses de janeiro e abril.
Fez questão, porém, de fazer uma distinção: "A TAM e a Gol são geradoras de caixa e não têm necessidade desse tipo de negociação. Não precisam de novos pleitos nem de renegociar o saldo existente".
A TAM, segundo a Infraero e o próprio Bologna, tem uma dívida antiga de aproximadamente R$ 98 milhões com a empresa, e essa dívida foi securitizada e vem sendo paga em dia.
As três frentes de atuação das aéreas: 1) uma consulta ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a concentração de mercado resultante do sistema "code share" entre TAM e Varig para compartilhar vôos; 2) pressão para uma regulação sobre oferta de vôos e vagas que permita oficialmente tal concentração; 3) saneamento do sistema e das empresas.
Dentro disso, há um esforço junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que sejam revertidos em financiamentos os débitos que as aéreas reivindicam a título de ressarcimento de perdas por planos econômicos passados.


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