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PETRÓLEO
Funcionários de alto escalão são suspeitos de negligência em contratos que podem ter dado prejuízo de US$ 468 mi
Petrobras demite dois por irregularidade
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras demitiu dois funcionários de alto escalão e retirou
os cargos de chefia de outros dois,
sob suspeita de ter cometido irregularidades ou agido com negligência na gestão dos contratos
das plataformas marítimas P-38 e
P-40. As irregularidades podem
ter causado prejuízos à estatal nos
contratos que têm o valor total de
US$ 468 milhões.
O presidente da estatal, Henri
Philippe Reichstul, disse que "não
ficou claro se houve favorecimento" às empresas responsáveis pelos contratos. A sindicância feita
pela estatal foi encaminhada ao
TCU (Tribunal de Contas da
União) e à Procuradoria da República no Rio para que esses órgãos
decidam se as investigações devem prosseguir.
"Nós não somos polícia", disse
Reichstul, ao explicar os limites da
sindicância da empresa. Até o final da tarde de ontem, nem o Ministério Público nem o TCU confirmaram o recebimento da documentação.
As obras, contratadas com o
grupo japonês Mitsubishi, foram
subcontratadas à empresa de engenharia brasileira Marítima Petróleo, que, por sua vez, entregou
a execução final dos serviços ao
estaleiro Jorung, de Cingapura.
As duas plataformas devem chegar ao Brasil em outubro, com
seis meses de atraso em relação
aos prazos originais.
Os funcionários demitidos foram Alceu Barroso Lima Neto, ex-superintendente do Serviço de
Engenharia, e Roberto Orzechowsky, que era chefe dos empreendimentos, nome dado na
Petrobras aos responsáveis pelo
acompanhamento de contratos.
Na época das contratações das
plataformas, o presidente da Petrobras era Joel Mendes Rennó e o
diretor de engenharia, Antonio
Carlos de Agostini.
As demissões ocorreram há cerca de 15 dias. De acordo com as
conclusões da sindicância interna
feita pela Petrobras, Orzechowsky, na condição de responsável pelo acompanhamento dos
contratos, teria deixado de repassar à direção da empresa informações importantes sobre os contratos, permitindo que decisões erradas possam ter sido tomadas.
Lima Neto, principal executivo
do Serviço de Engenharia, teria
endossado, de forma negligente,
os documentos recebidos do chefe dos empreendimentos.
Antes de ser demitidos, Lima
Neto e Orzechowsky já não ocupavam mais cargos de chefia. O
primeiro estava atuando na área
de meio ambiente da empresa e o
segundo estava como assistente
da direção da BR Distribuidora,
subsidiária da Petrobras para a
comercialização de combustíveis
no varejo.
Outros funcionários da Petrobras -Luiz Carlos Quintella e José Carlos Fonseca- foram afastados dos cargos de chefia que estavam ocupando, permanecendo
como seus funcionários.
Na época que ocorreram os problemas, os dois ocupavam cargos
no Serviço de Engenharia, que, de
acordo com as conclusões da sindicância, incluíam entre suas incumbências o monitoramento
das informações dos contratos, o
que não teria sido feito.
A Marítima, empresa de engenharia de porte relativamente pequeno, ganhou a maior parte das
licitações para contratações de
plataformas pela Petrobras na
gestão de Joel Rennó no comando
da estatal, levantando suspeitas,
até agora não comprovadas, de
que houvesse irregularidades nas
concorrências.
A P-38 e a P-40, as duas plataformas em questão, são, respectivamente, um navio-cisterna e
uma plataforma de produção
com capacidade para produzir
150 mil barris de petróleo por dia.
Procurado ontem pela Folha,
Rennó disse que não tinha contato direto com os funcionários demitidos e que ficou sabendo ontem que eles teriam "tomado decisões que não estavam previstas"
pela diretoria da empresa.
A Folha obteve dois números
de telefones de Alfeu Lima Neto,
mas os recados deixados nas secretárias eletrônicas de ambos
não foram respondidos. Os outros três punidos não foram localizados pelo jornal.
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