São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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PETRÓLEO
Funcionários de alto escalão são suspeitos de negligência em contratos que podem ter dado prejuízo de US$ 468 mi
Petrobras demite dois por irregularidade

DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras demitiu dois funcionários de alto escalão e retirou os cargos de chefia de outros dois, sob suspeita de ter cometido irregularidades ou agido com negligência na gestão dos contratos das plataformas marítimas P-38 e P-40. As irregularidades podem ter causado prejuízos à estatal nos contratos que têm o valor total de US$ 468 milhões.
O presidente da estatal, Henri Philippe Reichstul, disse que "não ficou claro se houve favorecimento" às empresas responsáveis pelos contratos. A sindicância feita pela estatal foi encaminhada ao TCU (Tribunal de Contas da União) e à Procuradoria da República no Rio para que esses órgãos decidam se as investigações devem prosseguir.
"Nós não somos polícia", disse Reichstul, ao explicar os limites da sindicância da empresa. Até o final da tarde de ontem, nem o Ministério Público nem o TCU confirmaram o recebimento da documentação.
As obras, contratadas com o grupo japonês Mitsubishi, foram subcontratadas à empresa de engenharia brasileira Marítima Petróleo, que, por sua vez, entregou a execução final dos serviços ao estaleiro Jorung, de Cingapura. As duas plataformas devem chegar ao Brasil em outubro, com seis meses de atraso em relação aos prazos originais.
Os funcionários demitidos foram Alceu Barroso Lima Neto, ex-superintendente do Serviço de Engenharia, e Roberto Orzechowsky, que era chefe dos empreendimentos, nome dado na Petrobras aos responsáveis pelo acompanhamento de contratos.
Na época das contratações das plataformas, o presidente da Petrobras era Joel Mendes Rennó e o diretor de engenharia, Antonio Carlos de Agostini.
As demissões ocorreram há cerca de 15 dias. De acordo com as conclusões da sindicância interna feita pela Petrobras, Orzechowsky, na condição de responsável pelo acompanhamento dos contratos, teria deixado de repassar à direção da empresa informações importantes sobre os contratos, permitindo que decisões erradas possam ter sido tomadas.
Lima Neto, principal executivo do Serviço de Engenharia, teria endossado, de forma negligente, os documentos recebidos do chefe dos empreendimentos.
Antes de ser demitidos, Lima Neto e Orzechowsky já não ocupavam mais cargos de chefia. O primeiro estava atuando na área de meio ambiente da empresa e o segundo estava como assistente da direção da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras para a comercialização de combustíveis no varejo.
Outros funcionários da Petrobras -Luiz Carlos Quintella e José Carlos Fonseca- foram afastados dos cargos de chefia que estavam ocupando, permanecendo como seus funcionários.
Na época que ocorreram os problemas, os dois ocupavam cargos no Serviço de Engenharia, que, de acordo com as conclusões da sindicância, incluíam entre suas incumbências o monitoramento das informações dos contratos, o que não teria sido feito.
A Marítima, empresa de engenharia de porte relativamente pequeno, ganhou a maior parte das licitações para contratações de plataformas pela Petrobras na gestão de Joel Rennó no comando da estatal, levantando suspeitas, até agora não comprovadas, de que houvesse irregularidades nas concorrências.
A P-38 e a P-40, as duas plataformas em questão, são, respectivamente, um navio-cisterna e uma plataforma de produção com capacidade para produzir 150 mil barris de petróleo por dia.
Procurado ontem pela Folha, Rennó disse que não tinha contato direto com os funcionários demitidos e que ficou sabendo ontem que eles teriam "tomado decisões que não estavam previstas" pela diretoria da empresa.
A Folha obteve dois números de telefones de Alfeu Lima Neto, mas os recados deixados nas secretárias eletrônicas de ambos não foram respondidos. Os outros três punidos não foram localizados pelo jornal.


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