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Volks poderá dar férias coletivas
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen pretende dar férias coletivas a 1.923 funcionários
excedentes de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista, de 13 de
outubro a 12 de novembro. Em
audiência ontem no Ministério
Público do Trabalho, a empresa
afirmou que não tem a intenção
de demitir trabalhadores que
exercerem o direito de greve.
Os funcionários que podem entrar em férias receberam no final
de julho cartas de transferência
para o projeto Autovisão, uma
unidade de negócios que a montadora quer implementar no Brasil como parte de um plano de
reestruturação. No total, a empresa anunciou a realocação de 3.933
funcionários -sendo 1.923 do
ABC e 2.010 de Taubaté.
A transferência dos excedentes
estava prevista para começar
amanhã, mas pode ser adiada em
razão das negociações marcadas
para hoje entre representantes da
montadora e do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC.
O comunicado sobre as férias
coletivas foi encaminhado ontem
pela empresa, enquanto o presidente do sindicato, José Lopez
Feijóo, e o diretor de assuntos governamentais e jurídicos da
Volkswagen, Ricardo Carvalho,
participavam de uma audiência
no Ministério Público do Trabalho de São Paulo.
A Volkswagen confirma que enviou o comunicado, mas "não sabe se utilizará esse recurso". Pela
lei, a empresa precisa encaminhar
o pedido de férias coletivas ao sindicato dos trabalhadores com 15
dias de antecedência.
A Folha apurou, entretanto, que
essa alternativa seria acionada caso as negociações sobre o projeto
Autovisão previstas para hoje não
avançassem.
"O que nos interessa é que os
trabalhadores que saírem de férias retornem para os seus postos
de trabalho, e não para a Autovisão", disse Feijóo. O sindicalista
informou que os trabalhadores já
escolheram dez formas de protesto para serem utilizadas, caso a
empresa inicie as transferências
para o Autovisão. O sindicato é
contra a mudança, porque entende que fere o acordo de estabilidade dos funcionários, válido até
novembro de 2006.
Em assembléias na fábrica do
ABC, Feijóo que "dia 1º [amanhã]
é uma data muito importante" e
que os "trabalhadores têm de estar preparados para forte luta".
Advertência
A audiência no Ministério Público do Trabalho foi convocada
após o presidente mundial da
companhia, Bernd Pischetsrieder,
declarar na semana passada na
Alemanha que a Volks demitiria
os empregados que fizessem greve. Na ocasião, a montadora não
se pronunciou. Ontem, durante a
audiência, o diretor da companhia afirmou que "a Volks não vai
demitir ninguém no regular exercício de greve".
"Não identificamos de que maneira foi dada a declaração [do
presidente mundial da montadora], mas o direito de greve está
mantido", disse Carvalho.
A procuradora do Trabalho Oksana Boldo informou que a empresa recebeu ontem uma notificação de advertência. "É uma recomendação contra a afirmação
do presidente mundial da companhia, que atenta contra o direito
de greve e pode ser caracterizada
como uma ameaça de dispensa
coletiva. Ambos são um atentado
à legislação em vigor no país", disse a procuradora.
A medida foi tomada após a
Abrat (Associação de Advogados
Trabalhistas) solicitar a abertura
de um inquérito para apurar as
declarações da direção mundial
da companhia.
(CLAUDIA ROLLI)
Colaborou o "Agora"
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