São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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INFLAÇÃO

Índice fica abaixo das expectativas de mercado e registra recuos nos preços de atacado, varejo e construção

IGP-M vai ao menor nível desde dezembro

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) superou as estimativas mais otimistas do mercado e recuou para 0,69% em setembro. De acordo com a última pesquisa Focus, do Banco Central, analistas esperavam uma alta de 0,91% nos preços.
No mês passado, o índice apurou alta de 1,22%. Com a tendência de queda do indicador, a inflação não deve voltar a superar 1%, de acordo com o coordenador de análises econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. "Mesmo que volte a subir um pouco, o índice tem condições de ficar abaixo de 1%", disse. Entre os fatores que podem afetar o desempenho da inflação no próximo mês, Quadros destacou os dissídios coletivos e possível reajuste dos combustíveis.
Este é o menor patamar desde dezembro, quando o IGP-M registrou alta de 0,61%. O resultado deste mês é o mesmo de fevereiro deste ano. Segundo a FGV, aspectos pontuais permitiram o recuo da inflação, com destaque para a queda nos preços dos alimentos no atacado e no varejo.
De acordo com Quadros, a desaceleração dos produtos agrícolas pode ser explicada pela fórmula boa oferta, câmbio favorável e fatores climáticos. Isso explica por que os preços caíram mesmo num período de entressafra.
No atacado, os produtos agrícolas caíram 0,41%, ante uma alta de 0,48% em agosto. O tomate, que chegou a subir 46,63% no mês passado, registrou queda de 33,09% em setembro. Com a menor pressão dos alimentos, o IPA (Índice de Preços no Atacado) recuou de 1,42% para 0,9% em setembro.
No varejo, o grupo alimentação recuou 0,43%, contra alta de 1,26% em agosto. O destaque no consumo ficou com a manga, que teve queda de 36,32%. Dos 21 itens que compõem o grupo, apenas três registraram aceleração em setembro: frutas, adoçantes e carne bovina. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) recuou de 0,8% no mês passado para 0,15% em setembro.
Os produtos industriais no atacado recuaram de 1,77% para 1,38%. O item ferro, aço e derivados passou de 8,19% em agosto para 3,41% em setembro. No mês passado, a FGV chegou a falar em choque siderúrgico para justificar o forte impacto da variação de preços do setor sobre a inflação. Segundo Quadros, o ciclo de impactos diretos do setor siderúrgico chegou ao fim.
Apesar disso, o INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) apresentou menor recuo na comparação com os demais índices, de 0,9% em agosto para 0,67% em setembro. Segundo Quadros, o item materiais e serviços, que passou de 1,38% para 1,26%, ainda reflete a alta de preços do setor siderúrgico.
Para o consumidor, os repasses dos preços no setor siderúrgico puderam ser percebidos em produtos da linha branca, como geladeiras, de -0,08% em agosto para 0,74% em setembro, fogões, de 0,32% para 1,52%, e ar-condicionado, de -1,42% para 2,24%.
O IGP-M registra alta de 10,25% no acumulado do ano e de 11,9% nos últimos 12 meses.


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