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INFLAÇÃO
Índice fica abaixo das expectativas de mercado e registra recuos nos preços de atacado, varejo e construção
IGP-M vai ao menor
nível desde dezembro
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) superou as estimativas mais otimistas do mercado e recuou para 0,69% em setembro. De acordo com a última
pesquisa Focus, do Banco Central, analistas esperavam uma alta
de 0,91% nos preços.
No mês passado, o índice apurou alta de 1,22%. Com a tendência de queda do indicador, a inflação não deve voltar a superar 1%,
de acordo com o coordenador de
análises econômicas da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros. "Mesmo que volte
a subir um pouco, o índice tem
condições de ficar abaixo de 1%",
disse. Entre os fatores que podem
afetar o desempenho da inflação
no próximo mês, Quadros destacou os dissídios coletivos e possível reajuste dos combustíveis.
Este é o menor patamar desde
dezembro, quando o IGP-M registrou alta de 0,61%. O resultado
deste mês é o mesmo de fevereiro
deste ano. Segundo a FGV, aspectos pontuais permitiram o recuo
da inflação, com destaque para a
queda nos preços dos alimentos
no atacado e no varejo.
De acordo com Quadros, a desaceleração dos produtos agrícolas pode ser explicada pela fórmula boa oferta, câmbio favorável e
fatores climáticos. Isso explica
por que os preços caíram mesmo
num período de entressafra.
No atacado, os produtos agrícolas caíram 0,41%, ante uma alta de
0,48% em agosto. O tomate, que
chegou a subir 46,63% no mês
passado, registrou queda de
33,09% em setembro. Com a menor pressão dos alimentos, o IPA
(Índice de Preços no Atacado) recuou de 1,42% para 0,9% em setembro.
No varejo, o grupo alimentação
recuou 0,43%, contra alta de
1,26% em agosto. O destaque no
consumo ficou com a manga, que
teve queda de 36,32%. Dos 21
itens que compõem o grupo, apenas três registraram aceleração
em setembro: frutas, adoçantes e
carne bovina. O IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) recuou
de 0,8% no mês passado para
0,15% em setembro.
Os produtos industriais no atacado recuaram de 1,77% para
1,38%. O item ferro, aço e derivados passou de 8,19% em agosto
para 3,41% em setembro. No mês
passado, a FGV chegou a falar em
choque siderúrgico para justificar
o forte impacto da variação de
preços do setor sobre a inflação.
Segundo Quadros, o ciclo de impactos diretos do setor siderúrgico chegou ao fim.
Apesar disso, o INCC (Índice
Nacional do Custo da Construção) apresentou menor recuo na
comparação com os demais índices, de 0,9% em agosto para
0,67% em setembro. Segundo
Quadros, o item materiais e serviços, que passou de 1,38% para
1,26%, ainda reflete a alta de preços do setor siderúrgico.
Para o consumidor, os repasses
dos preços no setor siderúrgico
puderam ser percebidos em produtos da linha branca, como geladeiras, de -0,08% em agosto para
0,74% em setembro, fogões, de
0,32% para 1,52%, e ar-condicionado, de -1,42% para 2,24%.
O IGP-M registra alta de 10,25%
no acumulado do ano e de 11,9%
nos últimos 12 meses.
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