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Venezuela e Nigéria vão cortar produção diária de petróleo
Membros da Opep disseram estar descontentes com decisão, mas avaliação é que tomaram, em silêncio, mesma medida
Arábia Saudita e Kuait, aliados dos Estados Unidos, não querem ser apontados como responsáveis por esforços para elevar o preço
DO "FINANCIAL TIMES"
Venezuela e Nigéria, ambas
membros da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep), anunciaram ontem
que reduzirão sua produção em
até 200 mil barris ao dia, para
manter os preços do produto.
Diversos outros membros
importantes do cartel petroleiro aparentemente se enfureceram com a decisão unilateral de
ambos os países.
Ainda assim, dados que devem ser divulgados nas próximas semanas aparentemente
demonstram que esses outros
membros, entre os quais Arábia Saudita, Irã, Kuait e Emirados Árabes Unidos, também estão reduzindo sua produção,
mas mantiveram silêncio sobre
suas decisões.
Arábia Saudita e Kuait são
aliados dos Estados Unidos, o
maior consumidor mundial de
petróleo, e não desejam ser
apontados como responsáveis
por qualquer esforço para elevar os preços, que continuam
relativamente altos, em torno
de US$ 60 por barril.
Ainda assim, os países estão
preocupados com a velocidade
da queda dos preços, que há
poucas semanas estavam cotados a US$ 75 por barril, e desejam garantir que seu petróleo,
negociado a preços ligeiramente inferiores aos padrões internacionais para o petróleo cru,
não caia abaixo dos US$ 50.
Para esse fim -e porque as
refinarias reduziram sua demanda de petróleo em função
de pausas programadas para
manutenção-, a avaliação é
que a Arábia Saudita já tenha
reduzido sua produção em 200
mil barris diários, com outros
200 mil barris diários de cortes
nas produções agregadas de
Kuait, Irã e Emirados Árabes
Unidos.
A redução da produção da Nigéria ficará entre 120 mil e 150
mil barris ao dia, enquanto o
corte venezuelano deve ser da
ordem de 50 mil barris diários.
O corte total reduziria a produção da Opep a 27 milhões de
barris diários, em prazo de dois
meses, uma redução de 600 mil
barris ao dia. Mas os preços do
petróleo não subiram de maneira significativa em função
da notícia.
A Nigéria já está produzindo
menos barris do que sua cota na
Opep permite, devido ao crescimento no número de ataques
de militantes contra as instalações petroleiras no delta do rio
Níger. Logo depois do anúncio
de corte, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que é
"adequado" o preço de US$ 50 a
US$ 60 por barril.
Neil McMahon, analista da
Sanford Bernstein, disse que
"não acredito que [o corte da
Venezuela e Nigéria] estabilize
a situação por muito tempo,
porque a Opep pode reabrir as
torneiras a qualquer momento". Ele apontou que a capacidade excedente de produção de
petróleo havia dobrado em prazo de um ano e estava estimada
agora em três milhões de barris
diários.
McMahon afirmou que a
queda de preços fora causada
por uma desaceleração na demanda. O Departamento da
Energia dos Estados Unidos esta semana anunciou que a demanda norte-americana havia
caído em 1,3%, em julho, ante o
total do mesmo mês no ano
passado.
Mercado
Na semana seguinte após
atingir seu menor preço em
seis meses, a cotação do petróleo cresceu quase 4% de segunda a sexta. Em Nova York, o
preço do barril teve um aumento de US$ 0,15 e terminou o
pregão de ontem cotado a US$
62,91. Em Londres, o Brent fechou o dia US$ 62,48, uma elevação de US$ 0,06.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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