São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Venezuela e Nigéria vão cortar produção diária de petróleo

Membros da Opep disseram estar descontentes com decisão, mas avaliação é que tomaram, em silêncio, mesma medida

Arábia Saudita e Kuait, aliados dos Estados Unidos, não querem ser apontados como responsáveis por esforços para elevar o preço


DO "FINANCIAL TIMES"

Venezuela e Nigéria, ambas membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), anunciaram ontem que reduzirão sua produção em até 200 mil barris ao dia, para manter os preços do produto.
Diversos outros membros importantes do cartel petroleiro aparentemente se enfureceram com a decisão unilateral de ambos os países.
Ainda assim, dados que devem ser divulgados nas próximas semanas aparentemente demonstram que esses outros membros, entre os quais Arábia Saudita, Irã, Kuait e Emirados Árabes Unidos, também estão reduzindo sua produção, mas mantiveram silêncio sobre suas decisões.
Arábia Saudita e Kuait são aliados dos Estados Unidos, o maior consumidor mundial de petróleo, e não desejam ser apontados como responsáveis por qualquer esforço para elevar os preços, que continuam relativamente altos, em torno de US$ 60 por barril.
Ainda assim, os países estão preocupados com a velocidade da queda dos preços, que há poucas semanas estavam cotados a US$ 75 por barril, e desejam garantir que seu petróleo, negociado a preços ligeiramente inferiores aos padrões internacionais para o petróleo cru, não caia abaixo dos US$ 50.
Para esse fim -e porque as refinarias reduziram sua demanda de petróleo em função de pausas programadas para manutenção-, a avaliação é que a Arábia Saudita já tenha reduzido sua produção em 200 mil barris diários, com outros 200 mil barris diários de cortes nas produções agregadas de Kuait, Irã e Emirados Árabes Unidos.
A redução da produção da Nigéria ficará entre 120 mil e 150 mil barris ao dia, enquanto o corte venezuelano deve ser da ordem de 50 mil barris diários.
O corte total reduziria a produção da Opep a 27 milhões de barris diários, em prazo de dois meses, uma redução de 600 mil barris ao dia. Mas os preços do petróleo não subiram de maneira significativa em função da notícia.
A Nigéria já está produzindo menos barris do que sua cota na Opep permite, devido ao crescimento no número de ataques de militantes contra as instalações petroleiras no delta do rio Níger. Logo depois do anúncio de corte, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que é "adequado" o preço de US$ 50 a US$ 60 por barril.
Neil McMahon, analista da Sanford Bernstein, disse que "não acredito que [o corte da Venezuela e Nigéria] estabilize a situação por muito tempo, porque a Opep pode reabrir as torneiras a qualquer momento". Ele apontou que a capacidade excedente de produção de petróleo havia dobrado em prazo de um ano e estava estimada agora em três milhões de barris diários.
McMahon afirmou que a queda de preços fora causada por uma desaceleração na demanda. O Departamento da Energia dos Estados Unidos esta semana anunciou que a demanda norte-americana havia caído em 1,3%, em julho, ante o total do mesmo mês no ano passado.

Mercado
Na semana seguinte após atingir seu menor preço em seis meses, a cotação do petróleo cresceu quase 4% de segunda a sexta. Em Nova York, o preço do barril teve um aumento de US$ 0,15 e terminou o pregão de ontem cotado a US$ 62,91. Em Londres, o Brent fechou o dia US$ 62,48, uma elevação de US$ 0,06.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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