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Bolsa de Nova York perde "um Brasil"
No pior pregão em mais de 20 anos, ações perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao PIB brasileiro de 2007
Índices já caíam antes do fim da votação no Congresso dos EUA, e investidores se refugiaram em títulos do governo norte-americano
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
A Bolsa Valores de Nova York
perdeu o equivalente a um Brasil inteiro ontem. No pior pregão em mais de 20 anos, os preços das ações negociadas na
principal praça financeira do
mundo perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao
PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro do ano passado.
Os três principais índices da
Bolsa de Nova York começaram a despencar antes mesmo
do final da votação que rejeitou
por 228 votos a 205, no Congresso dos EUA, o pacote de
US$ 700 bilhões para socorrer
o sistema financeiro do país.
Em pânico, os investidores
venderam ações, principalmente de bancos, e correram
para comprar títulos do governo dos EUA. A procura foi tanta
que os juros federais pagos despencaram à metade do que era
oferecido na sexta-feira -de
0,87% ao ano para 0,46% para
os títulos de três meses.
Em minutos o índice Dow
Jones sofreria a maior baixa em
pontos de sua história: 777,68.
A queda foi de 6,98%, a pior
desde 17 de setembro de 2001,
na abertura da Bolsa após os
ataques terroristas a Nova
York, quando o Dow Jones caiu
7,13%, ou 684,81 pontos.
O índice S&P 500, mais
abrangente que o Dow Jones
(que representa só empresas
industriais), teve seu pior dia
em 21 anos, em queda de 8,81%.
O indicador Nasdaq, de ações
de empresas de tecnologia, despencou 9,14%, maior baixa desde o estouro da "bolha da internet", em abril de 2000.
Na Bolsa eletrônica, uma das
ações mais castigadas foi a da
Apple, fabricante do iPod. Com
o mercado temendo uma forte
queda no consumo daqui em
diante, as ações da empresa
despencaram 18% ontem.
Outras grandes companhias
dependentes do mercado de
consumo, como das áreas de
vestuário e beleza, tiveram
quedas superiores a 10%.
Bancos
Com o temor de novas quebras de bancos, ao final do dia
as ações de grupos como Morgan Stanley e Goldman Sachs
estavam 16% e 13%, respectivamente, mais desvalorizadas. Já
as ações do Bank of America
despencaram 17,6%.
As quedas ocorreram apesar
do anúncio de forte aumento
no montante de linhas de liquidez para o setor financeiro pelo
Fed (o banco central dos EUA)
e pelo Banco Central Europeu.
Os maiores afetados pela fuga dos investidores foram os
bancos pequenos, cujas ações
tiveram perdas superiores a
50%. Na média, os papéis dos
bancos americanos fecharam o
dia com queda de 15,5%.
Secaram também e ficaram
mais caros os empréstimos a
companhias de fora do setor financeiro, o que acentuou temor de perdas de faturamento
e negócios mais à frente.
Ao final do dia, investidores e
bancos esperavam que Tesouro
americano apresentasse um
novo plano. ""Eles precisam
aparecer com alguma coisa. Caso contrário, os danos serão inimagináveis", disse Henry Herrmann, presidente da Waddell &
Reed Financial, que gerencia
US$ 70 bilhões em ativos.
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