São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa de Nova York perde "um Brasil"

No pior pregão em mais de 20 anos, ações perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao PIB brasileiro de 2007

Índices já caíam antes do fim da votação no Congresso dos EUA, e investidores se refugiaram em títulos do governo norte-americano


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

A Bolsa Valores de Nova York perdeu o equivalente a um Brasil inteiro ontem. No pior pregão em mais de 20 anos, os preços das ações negociadas na principal praça financeira do mundo perderam US$ 1,2 trilhão em valor, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro do ano passado.
Os três principais índices da Bolsa de Nova York começaram a despencar antes mesmo do final da votação que rejeitou por 228 votos a 205, no Congresso dos EUA, o pacote de US$ 700 bilhões para socorrer o sistema financeiro do país.
Em pânico, os investidores venderam ações, principalmente de bancos, e correram para comprar títulos do governo dos EUA. A procura foi tanta que os juros federais pagos despencaram à metade do que era oferecido na sexta-feira -de 0,87% ao ano para 0,46% para os títulos de três meses.
Em minutos o índice Dow Jones sofreria a maior baixa em pontos de sua história: 777,68. A queda foi de 6,98%, a pior desde 17 de setembro de 2001, na abertura da Bolsa após os ataques terroristas a Nova York, quando o Dow Jones caiu 7,13%, ou 684,81 pontos.
O índice S&P 500, mais abrangente que o Dow Jones (que representa só empresas industriais), teve seu pior dia em 21 anos, em queda de 8,81%.
O indicador Nasdaq, de ações de empresas de tecnologia, despencou 9,14%, maior baixa desde o estouro da "bolha da internet", em abril de 2000.
Na Bolsa eletrônica, uma das ações mais castigadas foi a da Apple, fabricante do iPod. Com o mercado temendo uma forte queda no consumo daqui em diante, as ações da empresa despencaram 18% ontem.
Outras grandes companhias dependentes do mercado de consumo, como das áreas de vestuário e beleza, tiveram quedas superiores a 10%.

Bancos
Com o temor de novas quebras de bancos, ao final do dia as ações de grupos como Morgan Stanley e Goldman Sachs estavam 16% e 13%, respectivamente, mais desvalorizadas. Já as ações do Bank of America despencaram 17,6%.
As quedas ocorreram apesar do anúncio de forte aumento no montante de linhas de liquidez para o setor financeiro pelo Fed (o banco central dos EUA) e pelo Banco Central Europeu.
Os maiores afetados pela fuga dos investidores foram os bancos pequenos, cujas ações tiveram perdas superiores a 50%. Na média, os papéis dos bancos americanos fecharam o dia com queda de 15,5%.
Secaram também e ficaram mais caros os empréstimos a companhias de fora do setor financeiro, o que acentuou temor de perdas de faturamento e negócios mais à frente.
Ao final do dia, investidores e bancos esperavam que Tesouro americano apresentasse um novo plano. ""Eles precisam aparecer com alguma coisa. Caso contrário, os danos serão inimagináveis", disse Henry Herrmann, presidente da Waddell & Reed Financial, que gerencia US$ 70 bilhões em ativos.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.