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No pior dia da década, Bovespa recua 9% e pregão é paralisado
Mecanismo que interrompe negócios é acionado pela primeira vez desde 1999; tombo chegou a 13,8%
Com investidor em pânico,
todas as ações do Ibovespa
registram perdas, e queda
acumulada no mês chega a
17,3%; Vale cai mais de 12%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo viveu seu pior pregão em
quase uma década e encerrou
com expressiva queda de
9,36%, em uma das maiores
perdas sofridas no mercado
acionário mundial. Ontem, a
Bolsa chegou a ter as operações
interrompidas quando superou
os 10% de desvalorização, pouco antes das 15h. A depreciação
de ontem foi a maior desde janeiro de 1999. O risco-país subiu 14%, para 337 pontos.
No momento em que a baixa
superou os 10%, a Bolsa acionou o "circuit break" -medida
de segurança que interrompe
temporariamente o pregão como forma de evitar que o pânico piore a situação do mercado.
Após 30 minutos, as operações
foram retomadas, mas o índice
Ibovespa seguiu em baixa, para
marcar na mínima queda de
13,82%, aos 43.766 pontos.
Desde 1999, o "circuit break"
não era acionado.
Após perdas tão intensas,
compradores apareceram na
última hora de pregão, dando
algum alento à Bolsa, que encerrou aos 46.028 pontos
-menor nível desde abril de
2007. Mas isso não significa
que o mercado vá seguir em rota de recuperação hoje.
A Bolsa já abriu em terreno
negativo, com notícias pouco
animadoras envolvendo o setor
bancário na Europa e nos EUA.
Com a reprovação do pacote de
socorro financeiro no Congresso americano, no começo da
tarde, os mercados derreteram.
A Bovespa inicia o último
pregão de setembro com queda
acumulada de 17,34%. No ano,
registra perdas de 27,95%.
"A venda foi geral. O mercado
já abriu pessimista e a reprovação do pacote no Congresso
acabou por intensificar as perdas. O mercado foi tomado por
um sentimento de pânico, de
certa irracionalidade, que afeta
até ações de empresas com
bons fundamentos", diz Guilherme Mazzilli Pereira, analista da Daycoval Asset Management.
Além dos estrangeiros, que
têm se desfeito de ações brasileiras de forma mais forte desde junho, investidores locais
também estiveram na ponta
vendedora. Todas as 66 ações
do Ibovespa caíram.
Mas, apesar das oscilações
consideráveis da Bolsa, o volume financeiro negociado não
foi tão elevado quanto se poderia esperar. No pregão de ontem, foram movimentados R$
5,76 bilhões, sendo que a média
diária do ano gira em torno de
R$ 6 bilhões. Isso significa que
muitas ações se depreciaram
mesmo sem que negócios fossem fechados, caindo pela falta
de compradores e o desespero
do vendedor para se desfazer
do papel a qualquer custo.
"A reprovação surpreendeu o
mercado e não poupou as Bolsas que estavam abertas. A Bovespa sente nesses momentos o
peso dos investidores estrangeiros, que vendem o que podem para diminuir os riscos de
suas carteiras e fazer algum caixa onde podem", diz Newton
Rosa, economista-chefe da Sul
América Investimentos.
Para piorar a situação da Bovespa, as ações de Petrobras e
Vale, que são as de maior peso
do índice Ibovespa, sofreram
também com a depreciação das
commodities no mercado internacional. O petróleo caiu
9,84%, para US$ 96,37.
As ações da Petrobras encerraram com queda de 7,56%
(preferencias) e 8,16% (ordinárias). No pior momento do pregão, chegaram a recuar 15,24%
(PN) e 15,36% (ON). Quando
bateram em níveis tão baixos,
fundos aproveitaram para
comprar os papéis da estatal,
que, por sua elevada liquidez,
costumam estar nas principais
carteiras acionárias.
Para a Vale, as perdas ficaram
em 12,14% (PNA) e 12,2% (ON).
Quem aplicou o FGTS em
ações precisa de sangue-frio.
No ano, as ações ON da Vale
têm perdas de 42,60%, e as ON
da Petrobras, de 24,36%.
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