|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula critica "cassino" e cobra responsabilidade dos EUA
Presidente minimizou efeitos da crise no Brasil e disse que governo está tranqüilo
Em evento na Academia Brasileira de Letras, no Rio, Lula afirmou que problema não vai afetar projetos de infra-estrutura já em curso
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou ontem com dureza os Estados
Unidos pela crise financeira
global e cobrou soluções do governo de George W. Bush e do
Congresso americano.
Após participar na ABL (Academia Brasileira de Letras), no
Rio, de solenidade alusiva aos
cem anos da morte de Machado
de Assis e da assinatura do novo
Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, Lula saiu da agenda para falar com jornalistas
sobre a crise. Para ele, "diante
do mundo", os EUA "precisam
ter responsabilidade", pois "ali
não existe meio-termo".
"Está na hora de o Congresso
americano e de o governo americano assumirem a responsabilidade que lhes cabe nessa
história. Ou seja, não permitir
que a disputa político-eleitoral
[a eleição presidencial] que vai
se dar em novembro se dê na
discussão do plano econômico.
Eles criaram um rombo no sistema financeiro, então agora
têm que tapar esse rombo para
deixar o mundo tranqüilo."
Segundo Lula, os americanos
montaram um "cassino", e
"não é justo que países latino-americanos, africanos e asiáticos paguem pela irresponsabilidade de setores do sistema financeiro" dos Estados Unidos.
"Os países emergentes e os
países pobres, que fizeram tudo
para ter uma boa política fiscal
e fizeram tudo para fazer a economia ter estabilidade (...), não
podem agora ser vítimas do
cassino que eles montaram na
economia americana", disse.
Os efeitos da crise global na
economia brasileira foram minimizados pelo presidente. Segundo ele, há tranqüilidade no
governo, embora reconheça a
gravidade do quadro mundial.
"Aqui no Brasil, quando se
trata de financiamento de banco de investimento, o banco
não pode alavancar mais de dez
vezes seu patrimônio líquido.
Nos Estados Unidos não tem limite. Hoje fiz reunião com o
ministro da Fazenda [Guido
Mantega] e com o Banco Central. Nós estamos tranqüilos.
Sabemos que a crise é grave, sabemos que vai diminuir o crédito no mundo, mas estamos seguros de que as nossas exportações continuam indo bem."
O presidente disse ainda que
o governo não planeja alterar
os projetos em andamento em
razão da crise financeira.
"Temos projetos importantes do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], projetos
importantes de infra-estrutura, que não vamos paralisar."
Lula procurou não dar importância excessiva às quedas
nas Bolsas de Valores. "Acho
que a Bolsa, historicamente,
cresce e diminui, sobe e desce.
(...) Vai depender muito da sabedoria do governo americano
e da política americana de resolver a crise", declarou.
Texto Anterior: Entidades discordam sobre efeito da turbulência no Brasil Próximo Texto: Frase Índice
|