São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula critica "cassino" e cobra responsabilidade dos EUA

Presidente minimizou efeitos da crise no Brasil e disse que governo está tranqüilo

Em evento na Academia Brasileira de Letras, no Rio, Lula afirmou que problema não vai afetar projetos de infra-estrutura já em curso


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou ontem com dureza os Estados Unidos pela crise financeira global e cobrou soluções do governo de George W. Bush e do Congresso americano.
Após participar na ABL (Academia Brasileira de Letras), no Rio, de solenidade alusiva aos cem anos da morte de Machado de Assis e da assinatura do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Lula saiu da agenda para falar com jornalistas sobre a crise. Para ele, "diante do mundo", os EUA "precisam ter responsabilidade", pois "ali não existe meio-termo".
"Está na hora de o Congresso americano e de o governo americano assumirem a responsabilidade que lhes cabe nessa história. Ou seja, não permitir que a disputa político-eleitoral [a eleição presidencial] que vai se dar em novembro se dê na discussão do plano econômico. Eles criaram um rombo no sistema financeiro, então agora têm que tapar esse rombo para deixar o mundo tranqüilo."
Segundo Lula, os americanos montaram um "cassino", e "não é justo que países latino-americanos, africanos e asiáticos paguem pela irresponsabilidade de setores do sistema financeiro" dos Estados Unidos.
"Os países emergentes e os países pobres, que fizeram tudo para ter uma boa política fiscal e fizeram tudo para fazer a economia ter estabilidade (...), não podem agora ser vítimas do cassino que eles montaram na economia americana", disse.
Os efeitos da crise global na economia brasileira foram minimizados pelo presidente. Segundo ele, há tranqüilidade no governo, embora reconheça a gravidade do quadro mundial.
"Aqui no Brasil, quando se trata de financiamento de banco de investimento, o banco não pode alavancar mais de dez vezes seu patrimônio líquido. Nos Estados Unidos não tem limite. Hoje fiz reunião com o ministro da Fazenda [Guido Mantega] e com o Banco Central. Nós estamos tranqüilos. Sabemos que a crise é grave, sabemos que vai diminuir o crédito no mundo, mas estamos seguros de que as nossas exportações continuam indo bem."
O presidente disse ainda que o governo não planeja alterar os projetos em andamento em razão da crise financeira.
"Temos projetos importantes do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], projetos importantes de infra-estrutura, que não vamos paralisar."
Lula procurou não dar importância excessiva às quedas nas Bolsas de Valores. "Acho que a Bolsa, historicamente, cresce e diminui, sobe e desce. (...) Vai depender muito da sabedoria do governo americano e da política americana de resolver a crise", declarou.


Texto Anterior: Entidades discordam sobre efeito da turbulência no Brasil
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.