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Em meio à crise, governo aperta regras para fundos
Objetivo da medida é diminuir exposição a riscos
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio à crise que varre o
mercado financeiro internacional, o governo decidiu apertar
as regras para destinação de superávits pelos fundos de pensão na tentativa de reduzir a exposição a riscos.
Depois de meses de debate, o
CGPC (Conselho de Gestão da
Previdência Complementar)
aprovou ontem resolução proposta pelo Ministério da Previdência criando exigências para
as entidades.
Pelos cálculos da Secretaria
de Previdência Complementar,
as novas medidas "prudenciais" deverão reduzir em pelo
menos R$ 26 bilhões os recursos que os fundos de pensão
planejavam distribuir a seus
participantes -seja por meio
de redução de contribuição ou
aumento no valor do benefício.
O governo quer evitar que os
fundos de pensão distribuam
recursos agora causando desequilíbrios futuros em suas contas. Pelas regras até então em
vigor, o superávit acumulado
pelo sistema era de R$ 64 bilhões, segundo dados de junho.
Com a nova resolução, os
fundos serão obrigados a adotar critérios mais conservadores para definir o destino de
seus superávits. Na lista de exigências está, por exemplo, a fixação de uma meta de rentabilidade mais modesta para os investimentos dos fundos. Em
vez de 6% mais índice inflação,
passa a valer 5% mais inflação.
Também passou a ser exigida
uma tábua de mortalidade mais
atual para os cálculos dos benefícios. Até então, os fundos vinham trabalhando com uma
tábua americana de 1983. A nova tábua será de 2000 -que
embute o aumento da longevidade da população e, por conseqüência, exige uma reserva
maior de recursos dos fundos
para pagamento de benefícios.
O secretário de Previdência
Complementar, Ricardo Pena,
disse ainda que a resolução impõe aos fundos a "correta" precificação de ativos e passivos.
"Há entidades que incluem
imóveis entre seus ativos, mas
com valor acima de mercado.
Ou então, não incluem entre
seus passivos ações judiciais. É
preciso precificar corretamente", afirmou Pena.
Os desenquadramentos dos
fundos em relação às regras para aplicação dos recursos também passam a fazer parte da
apuração do superávit. Os fundos têm limites para investir
recursos no mercado de títulos
públicos, renda variável e imóveis. Os valores fora desses limites passarão a ser descontados do superávit da entidade.
As regras valem a partir de 31
de dezembro para os fundos
que tiveram autorização do governo para uso do superávit e
de imediato nos demais casos.
O descumprimento das medidas pode gerar advertência,
multa (de até R$ 1 milhão), suspensão e inabilitação.
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