São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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ATA DA DISCÓRDIA

Política de preços é responsabilidade da estatal, afirmam Henrique Meirelles, José Alencar e Berzoini

Governo tenta minimizar crise BC/Petrobras

DA FOLHA ONLINE
DA REDAÇÃO

O governo tentou ontem minimizar os efeitos das farpas públicas trocadas entre a Petrobras e o Banco Central sobre a política de reajuste de preço dos combustíveis praticada pela estatal.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, o vice-presidente da República, José Alencar, e o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, afirmaram, em momentos diferentes, que não há discordância de condução da política econômica dentro do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a Folha apurou, discordou da discussão pública entre a estatal e o Banco Central.
Ontem, durante seminário em São Paulo, Meirelles tentou minimizar os efeitos da divergência.
Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada anteontem, o BC aponta que a demora no reajuste do preço dos combustíveis no mercado interno causa maior expectativa futura de inflação. Diz que a recomposição pode ser "protelada, mas não evitada". Isso foi apontado como um dos fatores para a alta dos juros -de 16,25% para 16,75% ao ano- promovida na semana passada pela instituição.
A Petrobras revidou, por meio de nota divulgada ainda anteontem. A empresa defendeu sua política de reajustes e disse que não emite opinião sobre juros.
Ontem, o presidente do BC usou tom conciliador para falar sobre o assunto. "Concordamos integralmente que é da Petrobras a total responsabilidade pela definição dos preços", afirmou.
Ele disse, porém, que é tarefa do BC acompanhar os preços da economia e que, no momento atual, a principal preocupação é o encarecimento do barril do petróleo.
Segundo Meirelles, a própria divergência pública era positiva por dar a chance de que ficasse definida exatamente a atribuição de cada uma das duas instituições.
Por último, o presidente do BC considerou normal que a instituição faça projeções sobre o impacto dos preços do petróleo na economia e afirmou que a instituição continuará a fazê-lo, sem que isso implique necessariamente discordância com a Petrobras. "Essas projeções não representam política de interferência na definição desses preços."
Já o vice-presidente, José Alencar, disse que o governo precisa de mais diálogo. "São todos do mesmo governo. Com o diálogo, evitam-se acontecimentos desse tipo, que podem ser interpretados de forma diferente do que deveriam", disse Alencar, que participou de almoço na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ontem.
"Temos que acreditar na excelência administrativa da Petrobras, que sabe o que está fazendo", afirmou.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, negou que o atrito represente um desgaste da política econômica do governo.
"Quando uma empresa como a Petrobras, que tem a responsabilidade de explicitar para o país a sua política de preços, diz que a ata do Copom contém algo com que não concorda, está falando daquilo que é a sua responsabilidade, e não questionando a política econômica", afirmou.


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