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Governo gasta só 17% do previsto
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora em ritmo ligeiramente
mais acelerado, o pequeno volume de investimentos da União
contribuiu para a economia extra
anunciada ontem pelo Tesouro. A
dez semanas do final do ano, o governo federal havia pago menos
de 17% dos investimentos autorizados por lei em 2004. O número
é do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos).
No mesmo período, do início
do ano até 22 de outubro, as despesas com publicidade institucional -liberadas do aperto fiscal-
alcançaram quase 70% do total
autorizado, somando pagamentos de R$ 85,6 milhões. Esses dinheiro serviu à promoção da imagem do governo pela administração direta. Ficaram fora da conta
as campanhas de utilidade pública e a publicidade das estatais.
Em comparação a setembro, os
investimentos registraram aceleração, ainda de acordo com o Siafi. Os pagamentos saltaram de R$
1,6 bilhão para R$ 2,2 bilhões em
um mês. Os compromissos de
gastos, os chamados empenhos,
cujo pagamento o governo eventualmente poderá adiar pelo menos parcialmente para o ano que
vem, atingiram R$ 7 bilhões.
Isso significa que, nos dois meses finais do ano, o governo deve
acelerar o ritmo de gastos para
empenhar cerca de R$ 10,6 bilhões de investimentos. A meta foi
anunciada recentemente pelo ministro Guido Mantega (Planejamento) e fica aquém das despesas
com investimentos autorizadas
para 2004, de R$ 13,3 bilhões.
Os investimentos são tradicionalmente o principal alvo de cortes de gastos públicos. Mas o ritmo de gastos segue bastante desigual no Orçamento da União.
O Primeiro Emprego, por
exemplo, tido como prioridade
pelo governo federal, gastou apenas R$ 2,3 milhões dos R$ 188,2
milhões autorizados por lei. Ou
1,24% das despesas previstas para
empregar jovens pobres de 16 a 24
anos sobretudo via subsídio a empresas. E boa parte do gasto foi
consumida até agora em burocracia do programa, indica o Siafi.
Dos R$ 92,8 milhões de investimentos em saneamento urbano
do Ministério das Cidades, nenhum centavo havia sido pago até
22 de outubro.
O programa de manutenção das
rodovias federais, do Ministério
dos Transportes, chega ao final de
outubro com cerca 20% dos R$
960 milhões pagos. O motivo, segundo o governo, foi a prioridade
dada às contas pendentes de 2003.
Em sua página na internet, o
Ministério do Planejamento indica que, até a última segunda-feira,
o governo gastou (não necessariamente pagou) 63,34% do conjunto das despesas com investimentos e custeio da máquina pública
já depois dos cortes destinados ao
pagamentos de juros.
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